7 de mar. de 2013

Campanhas de trânsito agressivas são mais eficientes




A recente campanha para a segurança do trânsito no carnaval, apresentada pelo Ministério das Cidades, representa um novo momento para o combate à violência no trânsito brasileiro, com imagens mais diretas, realistas e agressivas. Mas será que campanhas mais violentas pode ajudar a reduzir o alarmante número de óbitos nas estradas do país?
Os números mostram que sim. No feriado de carnaval, foi registrada uma redução de 18% nas mortes em estradas federais, 24% levando-se em consideração o crescimento da frota brasileira. Claro, o mérito não é apenas da campanha, mas sim de uma ação conjunta com políticas mais eficientes de fiscalização e uma legislação mais rígida. Ainda assim, parece que este tipo de linguagem tem um efeito maior do que as usadas anteriormente, que apresentavam um tom mais leve.
O vídeo de carnaval mostra amigos de carro se envolvendo em uma colisão em um cruzamento, quando um carro de um motorista embriagado ultrapassa um sinal vermelho. Os jovens são mostrados feridos depois do acidente, que é filmado de forma bastante realista.
“Era necessário que as campanhas, principalmente nos comerciais de TV, mostrassem a realidade de um acidente de trânsito com todas as suas consequências”, explicou Agnelo Pacheco, publicitário que realizou a campanha para o Ministério das Cidades, em entrevista para o portal Administradores.com.  “Foi o que fizemos no filme de Carnaval, quando um grupo de jovens que não tinham bebido têm seu carro atingido por um jovem embriagado”.
Pacheco revelou ainda que o acidente registrado foi encenado com carros reais e um piloto equipado para aguentar o impacto. “Para que a cena fosse real, foi contratado um piloto especializado, com proteção forte em todos os pontos do veículo”, explicou. “Ele chocou seu carro contra o outro veículo, que só tinha manequins no lugar de gente, a uma velocidade de 140 km por hora. Com trucagens ou efeitos especiais, este choque não teria a força que a realidade trouxe para o comercial”.
O sociólogo Eduardo Biavati alerta que, em campanhas do tipo, é importante primeiro traçar qual público alvo você quer atingir. “O erro principal é elaborar campanhas com mil públicos diferentes em mente”, explica Biavati. “Temos um público prioritário em relação ao risco no trânsito: os jovens. No mundo inteiro, a faixa de maiores óbitos no trânsito é de cinco a 30 anos. São crianças, adolescentes e jovens adultos, que tem maior independência e maior circulação. Uma campanha para todos não dá certo. O grau de exposição ao risco é diferente”.
“Sabendo disso, temos que nos perguntar qual é a linguagem mais eficiente, senão, podemos cair em mensagens generalistas que não dão certo. Não dá pra fazer campanhas o tempo todo, os recursos são limitados”, continua. “Considerando isso, não há dúvidas de que o melhor caminho é uma linguagem que revele qual é o grau real de violência no trânsito”.

Na análise de Biavati, o Brasil agora começa a mudar o estilo das campanhas que podem ter maior eficácia no público jovem. “A última campanha grande que acompanhei foi essa do carnaval de 2013, e eu gostei. Ela se aproxima mais do realismo, com uma mensagem mais focada”, avalia.
Campanhas mais gráficas não são exclusividade do Brasil, e já são tradição em países como a Inglaterra e Austrália. A campanha que ilustra a matéria, por exemplo, veiculada pela Polícia de Trânsito de Bangalore, Índia, é extremamente violenta em sua mensagem, que alerta para os perigos de usar o telefone ao volante. No Brasil, a ideia ainda começa a pegar. “Só agora começamos a descongelar a percepção de que não é efetivo você apelar para a bondade das pessoas”, diz Biavati. “As campanhas anteriores tentavam tratar o assunto de forma mais leve, bem-humorada, e o resultado é que não deram certo. Não é para espirrar sangue nos comerciais, mas não podemos tratar a coisa como engraçada, até porque ela não é”.
Confira aqui a campanha do carnaval de 2013:
Confira um exemplo de campanha australiana:

Fonte: http://transitoseguro.net/index.php/?p=12081 - Acesso em 07/03/2013

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