18 de fev. de 2017

7 Dicas para Ser um Excelente Educador de Trânsito

Educação para o trânsito: Desafios e responsabilidades

Por Nelson Piôto*

Volto a refletir sobre a obrigatoriedade de implementação da educação para o trânsito nas escolas regulares.


A Portaria 147/2009 do DENATRAN, que apresenta as Diretrizes Nacionais para a Educação para o Trânsito no Ensino Fundamental, confirma que a Lei 9.503/1997 – Código de Trânsito Brasileiro (CTB) – determina a implementação da educação para o trânsito em todos os níveis de ensino (educação infantil, ensinos: fundamental, médio e superior).

O Código de Trânsito Brasileiro (CTB), que passou a vigorar a partir de 22 de janeiro de 1998, (…) traz um capítulo exclusivo à educação, determinando, entre outros aspectos, a implementação da educação para o trânsito em todos os níveis de ensino. (Portaria DENATRAN 147/2009, pag.1) (grifo nosso).


Desde 22 de janeiro de 1998, portanto há 19 anos, há uma lei, em obediência à qual, as escolas de qualquer nível deveriam estar trabalhando a educação para o trânsito. Por que isso não está acontecendo? Ou, colocando de outra forma: Existem leis que não precisam ser cumpridas?

Insisto neste assunto porque todos os pesquisadores que estudam “o trânsito” em busca de soluções para a violência que nele impera afirmam: Esse problema só terá solução quando, através da educação, for possível mudar a atual cultura de que o carro tem prioridade sobre a vida e que respeitar leis não é obrigação. Assim, apesar do CTB, das resoluções do Conselho Nacional do Trânsito, da “lei seca” e outras, condutores dirigem após beber – e matam – outros avançam sinais, ou não respeitam as faixas de pedestres, ou trafegam na contramão, ou em velocidade acima da permitida – e matam.

Mas como mudar essa cultura através da educação escolar se as escolas responsáveis por isso não cumprem a lei? E não se vê qualquer autoridade a obrigar que a lei seja cumprida.

Olha que o DENATRAN, e não o MEC foi o que se preocupou em estabelecer diretrizes curriculares, para que as escolas tenham base para trabalhar nesse assunto.

Ao expedir a portaria com as diretrizes curriculares para a educação para o trânsito, o DENATRAN não teve como preocupação maior a de determinar o cumprimento da lei, mas sim exortar as escolas da importância dessa implementação:

“Porém, mais do que o cumprimento da lei, acreditamos que por meio da educação será possível reduzir o número de mortos e feridos em acidentes de trânsito e construir uma cultura de paz no espaço público. Isso porque a educação para o trânsito requer ações comprometidas com informações, mas, sobretudo, com valores ligados à ética e à cidadania. Por isso, este documento pretende oferecer aos professores do ensino fundamental a oportunidade de desenvolver atividades que tragam à luz a importância da adoção de posturas e de atitudes voltadas ao bem comum; que favoreçam a análise e a reflexão de comportamentos seguros no trânsito; que promovam o respeito e a valorização da vida”. (Portaria DENATRAN 147/2009, pag.1)

O DENATRAN, órgão executivo do CONTRAN cumpriu sua parte no que estabelece o artigo 76 do Código de Trânsito Brasileiro:

Art. 76. A educação para o trânsito será promovida na pré-escola e nas escolas de 1º, 2º e 3º graus, por meio de planejamento e ações coordenadas entre os órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito e de Educação, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, nas respectivas áreas de atuação.

 Parágrafo único. Para a finalidade prevista neste artigo, o Ministério da Educação e do Desporto, mediante proposta do CONTRAN e do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras, diretamente ou mediante convênio, promoverá:

I – a adoção, em todos os níveis de ensino, de um currículo interdisciplinar com conteúdo programático sobre segurança de trânsito;



Não sei de nenhuma ação do Ministério da Educação neste sentido. Gostaria, sinceramente que alguém que porventura leia este artigo me demonstre que estou errado. Demonstre que o Ministério da Educação cumpriu sua obrigação estabelecida no parágrafo único do artigo 76. Que as autoridades educacionais da União, dos Estados e dos Municípios estão sim, fazendo sua parte. 

Acho pouco provável que alguém consiga fazer isso, caso contrário eu estaria vivendo em outro país.

Cabe, pois a pergunta:

Qual a perspectiva de mudança cultural para o trânsito selvagem que se vê nas ruas e estradas do nosso país? Qual a esperança de que condutores, ciclistas, pedestres, pessoas com deficiências venham a conviver harmonicamente no trânsito?

Se as autoridades educacionais não cumprem a lei, se as escolas que deveriam trabalhar os valores ligados à ética e à cidadania para uma cultura de paz e respeito no trânsito também não cumprem a lei, o que esperar de quem já se predispõe a não cumpri-la?

Poderia surgir o argumento de que “é preciso um tempo para que os envolvidos nas determinações do CTB se organizem para cumpri-las”. Acontece que o CTB já tem 19 anos. Se fosse uma pessoa já teria o direito de obter sua CNH, sem que tivesse cumprido, em termos de educação, o que ele próprio determina.

O Observatório Nacional de Segurança Viária elaborou um importante documento para transformar os Centros de Formação de Condutores em Instituições de Ensino. O documento, entregue aos órgãos públicos envolvidos com o assunto, pode se tornar lei. E coloca como necessária a resposta ao questionamento: “Qual o condutor que se pretende formar?”. É lógico e necessário que se busque transformar as autoescolas em instituições de ensino para que os portadores da Carteira Nacional de Habilitação estejam mais bem preparados para assumir um volante e se deslocar sem provocar riscos para sua vida e a dos outros.

Mas, mudança cultural, ética, cidadania, respeito às leis do trânsito – como de resto as demais leis e normas que regem uma sociedade equilibrada e educada – somente se consegue nos anos de educação, que começam no berço, passam pelos bancos escolares e se perpetuam na aplicação prática do dia a dia.

Ou seja, infelizmente alguém tem que obrigar aos educadores, burocratas nos órgãos públicos educacionais ou presentes nas salas de aula, a cumprir uma lei que determina que ensinem seus alunos que cumprir lei é o mínimo para uma sociedade mais justa.
Ai, poderemos imaginar um trânsito sem violência.

*Nelson Piôto é Diretor Acadêmico da Posgraduar/Nova Capacitar.

Reflexão sobre o termo “acidente”

Por Grupo de Pesquisa em Trânsito e Transportes Sustentável*
Há pouco tempo, fomos todos impactados pela trágica morte de uma jovem equipe que estava voando em busca de seus sonhos. A queda do avião que transportava o time da Chapecoense, jornalistas e convidados foi um acidente? Por que ocorreu? Não temos como trazê-los de volta, mas podemos homenageá-los refletindo sobre o emprego do termo “acidente”. Antes que este evento, como tantos outros, caia no vale do esquecimento, cabe perguntar, mais uma vez, foi realmente um acidente?
No ocorrido com o time da Chapecoense, como na maioria dos denominados acidentes, em especial aqueles referentes ao trânsito e transportes, há como identificar as causas que os provocaram. Na queda do avião da LaMia, indícios apontam que a falta de combustível, as falhas no planejamento do voo ou até mesmo na comunicação com a torre de controle podem estar na origem do ocorrido. Por qual razão então, falar em “acidente”, ao invés de “queda de avião”? Foi realmente um acontecimento “casual, fortuito, imprevisto”, ou algo perfeitamente previsível e, mais importante, evitável?
Quando algum evento dessa natureza acontece, investiga-se os fatores que podem ter sido a causa ou verificam-se as responsabilidades pelo fato ocorrido. Esse esforço de compreensão do episódio (nesse caso, a queda do avião) deve-se ao fato de acreditar-se que não foi obra do acaso. Logo, não foi acidente!
Traçando um paralelo com o que vemos diariamente no trânsito das cidades brasileiras, será que os acontecimentos cotidianos que chamamos de “acidentes de trânsito” não deveriam ser chamados do que de fato são: colisão (decorrente de impaciência, por exemplo), batida (decorrente de imprudência, por exemplo), atropelamento (em desrespeito às regras do trânsito, por exemplo), ferimentos (provocados por falta de cortesia, por exemplo), engarrafamentos (em consequência de falha na manutenção do veículo que resultou numa avaria, por exemplo)? Denominar e descrever os acontecimentos de maneira acurada, ao invés de usar um termo neutro, não implica em um prejulgamento. Ao contrário, mantem a porta aberta para uma investigação aprofundada e necessária, capaz de reduzir a probabilidade de repetições futuras.
Não estamos afirmando que acasos não possam acontecer, mas será que falar em “acidente” virou uma espécie de calmante para as vítimas e suas famílias (“foi um acontecimento infeliz”) e uma espécie de esquiva para os responsáveis (“não queríamos que isto acontecesse”)? Ou, ainda, uma espécie de bandaid para a sensação de desemparo que vivenciamos quando nos deparamos com mais um desastre, mais um sinistro, mais um absurdo que todos sabemos que poderia e deveria ter sido prevenido e, consequentemente, evitado?
Uma investigação aprofundada sobre as causas dos ditos “acidentes” apontaria para leis de trânsito não promulgadas ou amenizadas por conveniência pessoal e populista. Sabemos (porque há pesquisas que assim demonstram) que uma redução da velocidade máxima invariavelmente salva vidas; que faróis ligados durante o dia reduzem a chance de colisão; que as mais de 43.000 mortes ocorridas no trânsito brasileiro em 2015 não somente constituem uma epidemia, mas, com a devida atenção e o devido investimento por parte do poder público, talvez pudessem ter sido evitadas. A lista é interminável – então, o que está faltando: dinheiro, vontade?
Ainda sobre as causas dos “acidentes” de trânsito, uma investigação aprofundada apontaria o descaso na construção e na manutenção das vias. Sabemos (porque há pesquisas que assim demonstram) qual a largura adequada para que as vias sejam mais seguras; qual o raio e a inclinação de uma curva segura; quais as características de uma calçada de qualidade; quais as características de boas sinalizações viárias; quais as características das ciclovias seguras. A lista é interminável – então, o que está faltando: dinheiro, vontade?
Uma investigação aprofundada apontaria, ainda, o descaso na construção e na manutenção dos veículos, sejam estes bicicletas, motocicletas, carros, ônibus, caminhões. Sabemos (porque há pesquisas que assim demonstram) quais os requisitos para que um veículo seja seguro para o condutor; quais os requisitos para que um veículo seja seguro para os passageiros, especialmente para as crianças; quais os critérios necessários para que  ônibus, caminhões, carros de passeio poluam menos; quais os intervalos mínimos para realizar revisões nos veículos. Mais uma lista interminável – então, o que está faltando: cobrança, dinheiro, vontade?
Por fim, uma investigação aprofundada também mostraria que, independente do (des)preparo das pessoas que, de uma forma ou outra, têm envolvimento em uma dada colisão, ações de educação e de orientação sobre como comportar-se no trânsito podem não ser tão eficientes. Cabe inicialmente ao poder público fazer a sua parte e dar exemplo: promulgar leis apropriadas, implementá-las e fiscalizar o seu cumprimento, oferecer vias e veículos construídos com qualidade e com a sua manutenção assegurada e constantemente exigida.
O sentimento de desamparo diante da omissão do poder público no que diz respeito às condições de trânsito sem dúvida é um (se não o principal) fator de desrespeito às regras de boa convivência nas vias e às leis do trânsito. Da mesma maneira que leis e regras advêm do Estado, as condições para poder segui-las dependem do poder público.
Da mesma maneira que a queda do avião não foi um acidente, as mais de 43.000 mortes no trânsito registradas, oficialmente, no Brasil em 2015 não foram consequência de “acontecimento casual, fortuito, imprevisto”.
Assim, por meio dessa breve reflexão, deixamos aqui nossa singela homenagem às 71 vítimas da queda do avião da Chapecoense, às suas famílias, aos torcedores do time, aos milhões de fãs de futebol ao redor do mundo que, como nós, se comoveram com essa enorme tragédia. Da mesma forma, homenageamos todos os mais de 43 mil mortos no trânsito brasileiro (somente em 2015!), além daqueles que sofreram sequelas em decorrência de “acidentes” sofridos no trânsito.
Por fim, em respeito a todos nós, cidadãos, participantes do trânsito brasileiro, pedimos seriedade, investimento, enfim, respeito. Precisamos deixar de usar o termo “acidente” e assumir de vez que evitar que essas tragédias aconteçam depende em grande parte do maior comprometimento com a vida humana.
É inadmissível que tantos sonhos – como os dos atletas, comissão técnica e jornalistas a bordo deste avião – e os dos milhares que morrem diariamente em nosso trânsito sejam destruídos em situações que poderiam ser evitadas.
Para não precisarmos derramar mais lágrimas pelos sonhos que foram enterrados, vamos assumir: não foi acidente!


*Membros do Grupo de Pesquisa em Trânsito e Transportes Sustentável, registrado no Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq): 

Hartmut Günther, Prof. Emérito – UnB
Alessandra Bianchi, Profa. Dra. – UFPR
Ingrid Neto, Profa. Dra. – UDF
Layane Silva, Psicóloga do Trânsito, mestranda em psicologia UFPR
Marcelo Honda Yamamoto, Psiquiatra, mestrando em psicologia UFPR
Sandra Martins, Psicóloga do Trânsito, mestranda em psicologia UFPR
Talissa Correia, Psicóloga do Trânsito, mestranda em psicologia UFPR

Fonte:
http://www.perkons.com/pt/noticia/1731/reflexao-sobre-o-termo-acidente?utm_source=akna&utm_medium=email&utm_campaign=321-080217-news-fev17A - Acesso em 18/02/2017.

A verdadeira educação do trânsito


A grave situação de mortandade no trânsito somente pode ser resolvida com a educação. É uma verdade, porém, é preciso analisar sob alguns ângulos diferentes essa máxima. Educa-se aquele que mediante permissão própria de consciência aceita como elementos verdadeiros os conceitos sobre procedimentos específicos e cumprimento de regramentos estabelecidos para circular, seja conduzindo um veículo, seja transitando a pé. Não há como fugir dessa lógica e, aliás, é preciso assimilar que o conceito de forma lógica assenta na ideia de que a validade de um argumento é determinada pela sua forma lógica, não pelo seu conteúdo.

Da mesma forma, é fundamental compreender de pleno o conteúdo desse pensamento, segundo o qual determinadas ações no trânsito, diretamente relacionadas ao grau de risco, devem resultar em situações negativas.

A partir dessa concepção, o uso de equipamentos de segurança, como o cinto, tem a propensão de oferecer resultados menos nocivos do que o não uso, em caso de acidente.

Os altos níveis de tensão que a vida moderna incute no pensamento do cidadão também oferecem sua parcela de contribuição aos altos índices de mortes nas vias, sobretudo quando se aproxima o período de festas e veraneio.

É como se todos desejassem, simultaneamente, contrariar um princípio basilar da física, segundo Newton na impenetrabilidade: dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo. O resultado dessas tentativas pode ser traduzido em vidas perdidas quando o tema é trânsito, diante da constatação de que é a decisão de acelerar, manobrar ou ultrapassar que permite o aumento da probabilidade de acidente. Risco de morte, portanto, acentuado.

Educação no trânsito, conforme já dito, é uma tentativa, mas o grande determinante será quando, absolutamente, a compreensão das pessoas – motoristas e pedestres – alcançar um grau de profundidade suficiente para estabelecer que o procedimento adotado seja o de menor risco possível. Perceba-se que não há qualquer menção à perícia, experiência ou mesmo conhecimento de volante. É essencialmente o processo decisório, aliado à compreensão e entendimento, decisivo para diminuir a incidência de situações de risco. Claro que há todo o contexto do entorno: condições da via, do veículo, clima, fatores adversos, entre outros, incidentes nos acontecimentos.

Mas, junto a eles é essencial que a prudência seja o esteio consequente.

Note-se que em Livramento, por exemplo, o espaço físico urbano de circulação está, a cada dia, mais reduzido ao passo que aumenta o número de veículos diariamente. Sequer está no foco a transgressão das regras estabelecidas pelo CTB, como parar sobre a faixa de segurança, avançar o sinal vermelho, entre outras infrações não punidas pela não constatação ou flagrante.

Assim, quando se fala em educação para o trânsito, reconhecendo-se os esforços importantes no sentido de buscar essa conscientização, é de fundamental importância que esteja ciente cada partícipe do cotidiano de trânsito, cumprindo com os regramentos estabelecidos – e buscando conhecê-los e aplicá-los – e utilizando a seu favor a racionalidade e o entendimento.

Não se trata de buscar uma perfeição utópica, mas forjar a tentativa de gerar a compreensão de que é papel da cidadania encaminhar as soluções para construir um caminho que dê fim à barbárie já publicamente conhecida.

É possível concluir que toda e qualquer mudança que possa surgir para contribuir para reduzir a incidência de acidentes de trânsito, de cidadãos mortos e feridos – inclusive os mais recorrentes, com motocicletas – precisa partir, evidentemente da pessoa. É do individual para o coletivo. Portanto, parte de cada um para colaborar com seu entorno, seus semelhantes.

Por: A Plateia - Editorial

Fonte:

Professor(a), "sua escolha faz a diferença no trânsito".


Como se Comportar no Trânsito?

8 de fev. de 2017

Curso de Métodos e Técnicas Educativas para a Segurança do Trânsito, com Irene Rios, em Gramado


INSCRIÇÕES ENCERRADAS!

Local do Curso: Hotel Alpestre
Rua Leopoldo Rosenfeldt, 67 - Gramado - RS

Data: 30 e 31 de março de 2017.
Horário: das 8:00 às 12:00 e das 13:30 às 17:30.
Carga horária: 20 horas aula
Objetivos
Proporcionar a aquisição de conhecimentos sobre conteúdos, métodos e técnicas educativas de trânsito, para o desenvolvimento de aulas, palestras, campanhas educativas e demais atividades em prol da segurança viária.
Público Alvo:  Gestores de trânsito, coordenadores de educação para o trânsito, professores, supervisores, orientadores e demais interessados nos temas.
Conteúdos

1.  Reflexões sobre Procedimentos Metodológicos

  • Causas da violência viária
  • Imperícia, cultura, valores e sensibilidade
  • Aprendizagem, interesse e motivação
2.  Boas Práticas Educativas
  • Apresentação, análise e debate
3.  Educação para a Segurança das Crianças no Trânsito
  • Características das crianças no trânsito
  • Educando os pais
  • O trânsito como tema transversal na escola
4. A Contação de História como Recurso Educativo para a Segurança do Trânsito
  • Pesquisando e adaptando histórias
  • Exercícios de interpretação oral
  • Contando histórias para crianças e para adultos
  • Atividades contextualizadas com histórias educativas.
5. A Música na Educação para o Trânsito
  • A influência da música no comportamento das pessoas.
  • Elaboração de paródias.
  • Atividades contextualizadas com músicas.
Metodologia e Recursos Educativos: Dinâmicas individuais e de grupo, exposição de motivos, exemplificação, slides, imagens, músicas, vídeos e exercícios práticos.
Docente
Irene Rios - Mestra em Educação, com a pesquisa: "Campanhas Educativas para o Trânsito: A percepção sensível de jovens e adultos" (2013); Especialista em Ambiente, Gestão e Segurança de Trânsito e em Metodologia de Ensino; Professora universitária de Educação para o Trânsito, Campanhas Educativas de Trânsito e Educação de Trânsito para Crianças e Adolescentes; Autora dos livros "Coleção Transitando com Segurança" (2016); "Guia didático de Educação para o Trânsito" (2012); "Manual para Motorista: com agenda" (2009); "Quem? Eu? Eu Não! E outras crônicas de trânsito" (2007); "Transitando com Segurança" (2005).
Facebook: Educação para a Segurança do Trânsito

Referências
Investimento:
  • Uma inscrição (Hospedagem em Ap. Sgl): 990,00
  • Duas inscrições (Hospedagem em Ap. Dbl): 770,00 cada – Total: 1.540,00
  • Três inscrições (Hospedagem em Ap. Tpl): 690,00 cada – Total: 2.070,00
No valor das inscrições está incluso:
  • Hospedagem (duas diárias) com café da manhã - Check-in: 29/03 a partir das 14 horas - Check-out: 31/03 às 12 horas. (Após esse horário, haverá um local para deixar as bagagens até o término do curso)
  • Coffee break (período matutino e vespertino)
  • Apostila e livros de Irene Rios, no formato digital.
  • Certificado de participação.
Instituto Ousar se dá o direito de adiar ou cancelar o referido curso caso não haja a quantidade mínima de 20 participantes, com o prazo de 14 dias antes do início do curso. Neste caso, o valor das inscrições pagas será reembolsado.
Instituto Ousar 
transito@institutoousar.com.br - institutoousar@gmail.com
Fone: (48) 98496-1702 (48) 3246-8038 – www.institutoousar.com.br

7 de fev. de 2017

O educador na empresa de ônibus

Por João Rodolfo

Parte I
De repente, você, rodoviário, se torna educador em uma empresa de ônibus e se vê diante do seguinte público para dar aula:
  • um senhor de 55 anos, com vasta experiência em transportes, que trabalhou no mercado informal e em viagens internacionais; dirigindo carreta ou ônibus de turismo; que obteve conhecimentos de mecânica e que, agora, resiste à ideia de que precisa ouvir  tudo novamente sobre o mesmo tema.
  • um senhor de 48 anos, que já fez carreira na empresa, atuando em todas as áreas operacionais, como a função de fiscal, despachante, inspetor, motorista etc.. Ele diz conhecer as leis de trânsito e, como discorda das “novas” teorias de direção econômica, espera que você tenha uma explicação sobre a necessidade de mudar de comportamento no volante.
  • um rapaz de 22 anos, que conseguiu sua primeira oportunidade como motorista e, como parte da geração conectada, espera que você tenha o máximo de conhecimento tecnológico possível.
É claro que o cenário não é tão caótico assim. Encontramos muitos rodoviários cheios de vontade de aprender, gratos pela oportunidade de serem escolhidos para estarem em uma sala de aula, por poderem ouvir algo novo, ou mesmo, ter quem os ouça.
Porém, fato é que precisamos estar preparados para lidar com todo tipo de público, que conta com muitos que ainda não concluíram o Ensino Médio até aqueles com altos níveis de graduação. Fazem parte também aquelas pessoas muito motivadas a aprender e outras com nenhum ânimo para tal.
Todo educador desse público precisa lembrar que ensinar para o rodoviário é ensinar adultos!
Talvez alguém possa questionar: “E isso não é óbvio?” Sim! Porém, o tipo de abordagem a ser adotada será um tanto diferente da Pedagogia, que consiste, em sua origem, nas técnicas de ensino para a criança.
Tanto aquele senhor com vasta experiência em transporte como aquele que já atuou em várias áreas da empresa, e até mesmo aquele jovem moderno, não podem ser tratados em sala de aula da mesma maneira que uma criança seria tratada.
Andragogia entra em cena
Ao contrário dos pequenosnós, adultos, possuímos uma bagagem uma história. Muitos conhecimentos e experiências que, talvez, o próprio educador ainda não tenha.
O adulto tem metas de vida, tem visão de mundo (seja positiva ou negativa) e precisa alcançar razão, valor, significado, para aquilo que se propõe a fazer.
Por isso, todo educador precisa conhecer as técnicas da Andragogia. Isso mesmo!
Andragogia é o conceito que prioriza o ensino com adultos. Até onde se sabe, ela surgiu na década de 1970, com o lançamento do livro ‘A prática moderna de Educação de Adultos: Pedagogia versus Andragogia’. O autor Malcolm Knowles introduziu esse método de aprendizagem, em que defendia cinco princípios.
Bom, na próxima semana iremos detalhar tudo isso aí acima. Fique ligado no nosso site!

Parte II

Na segunda parte do artigo, vamos analisar os cinco princípios da Andragogia, utilizando-nos dos personagens que citamos no começo do texto anterior “Sou Educador na empresa de ônibus – Parte I”:
Autonomia
Uma pessoa com longos anos de prática, que nunca frequentou uma sala de aula, mas “aprendeu fazendo”, ou seguindo os mais antigos, pode ter dificuldades de aceitar “novas” normas para se conduzir um veículo pesado.
Lembra-se do senhor que discorda das “novas” teorias de direção econômica?
O papel do educador, no caso, é estimular o profissional na escolha do caminho que a empresa entende que é o ideal.Não tem nada a ver com impor uma “regra”.
É convencê-lo a tomar a iniciativa de seguir um novo caminho, não só para o próprio benefício, mas, também, para o trânsito e dos clientes.
O aluno precisa sair da sala com a ideia: “Eu escolho seguir essa opção que me mostraram!”
Experiência
Desprezar o histórico de vida de seus alunos é dar um “tiro no pé”. O educador aprende ao ensinar, por isso, saberá utilizar o conhecimento do profissional para agregar ao conteúdo da aula.
O educador pode aproveitar a trajetória dos três exemplos de alunos que citamos no primeiro texto.
Basta aplicar técnicas como dinâmicas, debates e jogos, que possam favorecer esta troca de conhecimentos.
Os mais conectados podem ser motivados a buscar na internet algo que contribua na próxima aula (como que um “dever de casa”) ou mesmo na sala de aula, por meio do celular.
Que tal, antes de falar de um novo componente do motor, pedir que os alunos presentes descrevam as partes básicas em que ele se divide?
Educação de adultos não é um monólogo. Transforme suas aulas num clima de troca e valorize aqueles que contribuíram, parabenizando-os por suas colaborações.
Quem sabe, esse seja um fator fundamental para atrair os três alunos que citamos no início.
O aluno precisa sair da sala com o pensamento: “Pude contribuir com a aula!”
Prontidão para a Aprendizagem
O adulto tem maior interesse em aprender aquilo que está relacionado com situações reais de sua vida. O educador também deve mostrar a importância daquele conhecimento para o cotidiano do motorista.
Será que realmente é importante um professor falar da condução de guindastes para motoristas de ônibus ou relatar uma experiência familiar que não está relacionada ao trânsito?
No setor de transporte, há uma resistência em aprender novos conceitos dentro das salas de aula. Por isso, o aluno que discorda das “novas” teorias de direção econômica, por exemplo, aprendeu que dirigindo em ponto morto está economizando, porém ele precisa de explicações técnicas e reais do quanto isso é, pelo contrário, prejudicial.
O aluno precisa sair da sala refletindo: “Esse curso terá grande serventia para mim!”
Aplicação da Aprendizagem
Ao ser apresentado a um novo tipo de veículo, o condutor precisa ter em mente que ele vai dirigir imediatamente ou em breve aquele carro.
Outro exemplo é que o motorista não deve apenas conhecer o nome técnico dos instrumentos de um painel novo. Ele precisa entender em qual momento vai utilizá-los.
Ou seja, não adianta cobrar que os motoristas decorem todos os códigos de trânsito se eles não vão precisar recitá-los no dia a dia de trabalho.
É válido o educador, ao invés de só falar, mostrar na prática como dirigir o tal veículo novo, ir até o local mais propício a acidentes e apresentar a forma correta de conduzir ali.
Seria interessante, também, ao falar sobre determinados defeitos no ônibus, gerados por má operação, mostrar fotos, vídeos e, até mesmo, trazer as peças que foram danificadas pela conduta inadequada.
Sim! Quem sabe um veículo que sofreu um grande dano pode se tornar uma “peça de museu” dentro da garagem para servir de lição para todos os condutores.
O aluno precisa sair da sala se comprometendo: “Entendi e vou fazer isso!”
Motivação para Aprender
Nos exemplos que citamos no primeiro texto, mostramos um senhor que resiste à ideia de que precisa ouvir novamente sobre o mesmo tema.
Por exemplo, talvez ele tenha feito curso de Legislação de Trânsito várias vezes: no processo para retirar a primeira habilitação, durante o curso obrigatório da Resolução 168, e, a cada cinco anos, ao renovar o curso.
Será que ele entende que estamos sofrendo grandes transformações no que se refere ao trânsito? Tudo está mudando! Não são só as leis.
A parte mecânica dos veículos, o painel, o grau de exigência dos clientes, o sistema de trânsito (com a vinda do BRS, BRT, etc.), a forma de gestão das empresas (com o surgimento dos consórcios, por exemplo) e muito mais.
Está na hora, talvez, do educador reformular o material de treinamento, porque, quem sabe, esteja usando o mesmo conteúdo de 20 anos atrás.
Se isso não bastar, crie questionários com questões complexas e mostre, na prática, o quanto eles precisam aprender. As perguntas podem ser sobre leis, sinalizações, lâmpadas do painel, limites de velocidades em determinadas vias, etc.
A motivação do adulto para o aprendizado está ligada ao desejo de aperfeiçoar sua autoestima, de se desenvolver ou de melhorar sua qualidade de vida. Muito mais do que apenas obter prêmios ou compensações, ou mesmo evitar punições.
O aluno precisa sair da sala convicto: “Preciso buscar mais conhecimento ainda!”

Fontes: