22 de abr. de 2013

Como são produzidas as lesões no trânsito?



Dr. Dirceu Rodrigues Alves Júnior

O trânsito vem mostrando a cada dia maior número de vítimas, e pior, com lesões cada vez mais graves. Conter esse descalabro parece, as autoridades, insolúvel.

 Porque ocorrem lesões de pequeno, médio e grande porte? É isso que precisamos entender e praticar com objetivo de reduzir o alto número de acidentes no trânsito.

Energia cinética é a energia que anima um corpo em movimento.

A energia cinética do trauma ou biomecânica do trauma estuda a transferência de energia de fonte externa para o corpo da vítima.

Lesões por movimento são responsáveis pela maioria das mortes e sequelados em nosso país.

Fatores múltiplos levam ao acidente, principalmente velocidade, álcool, drogas, fadiga, sono e desatenções provocadas pela tecnologia introduzida no veículo. Quanto maior a velocidade, maior a energia e em cosequência lesões mais graves.

O agente lesivo é o que tem energia e que pode ser mecânico ou cinético, térmico, químico, elétrico e radiação.

O ambiente do acidente faz suspeitar de lesões que serão encontradas.

O aumento do peso dos órgãos pode produzir: ruptura, arrancamento, deslocamento e outros.
Numa desaceleração brusca ou colisão, o fígado que tem um peso médio de 1,700kg, a 100 km/h terá o peso de 47 kg. O coração que tem 0,300 KG passa a 8 kg. O rim com 0,300 kg passa a 8 kg. O cérebro com seus 1,500 kg passam para 42 kg. O baço sai de 0,150kg para 4 kg. Podemos afirmar que a 100 km/h o corpo pesa 28 vezes mais.

Interessante é que no que chamamos de trauma fechado ocorre deformidade da parte externa que volta ao normal deixando lesão interna. É dessa forma que não vemos lesão externa e, no entanto temos, por exemplo, uma ruptura do baço ou uma lesão no fígado. Aparentemente nada aconteceu, no entanto, existe um quadro gravíssimo dentro do abdome.

No trauma penetrante forma-se uma cavidade permanente.

Numa colisão a energia cinética projeta a pessoa para cima e para frente na velocidade em que estava o veículo. Irão aparecer lesões decorrentes da energia cinética absorvida pelo corpo.

Num acidente de trânsito existem três tipos de colisão:

1ª colisão - A energia cinética é absorvida pelo veículo

2ª colisão - deformidade de estruturas internas evidenciando onde a vítima colidiu

3ª colisão - lesões na vítima

Na colisão (impacto e parada do veículo), costumamos dizer que a duração desse choque é um lapso de tempo. Estima-seque corresponda a um décimo de segundo.

As colisões da máquina podem ser frontal, lateral, traseira e capotamento, sendo este impossível de se prever lesões.

Com a moto temos colisão e queda.

Nos atropelamentos as lesões são mais graves porque a vítima absorve toda a energia. Caracterizam-se três tipos de colisão:

1ª colisão - com o corpo

2ª colisão - com o veículo

3ª colisão - corpo com solo

Os atropelamentos em adultos, quase sempre produzem fratura de membros inferiores com lesões secundárias produzidas pela 2ª e 3ª colisões. Em crianças, compromete bacia e tronco e ocorre impacto secundário com a cabeça.

Na desaceleração vertical (queda) depende da altura, região do corpo que recebe o impacto e a superfície atingida.

Devemos suspeitar de trauma grave quando houver óbito de ocupante, temos que imaginar que outros ocupantes receberam a mesma energia cinética. Também quando houver ejeção, queda maior que duas vezes a altura da vítima e colisão com velocidade a cima de 32 km/h.
O estudo do departamento de tráfego britânico mostra que com:

32 km/h
- 5% vão a óbito
- 65% sofrem lesões
- 30% ilesos

48 km/h
- 45% vão a óbito
- 50% sofrem lesões                                              
- 5% sobrevivem

64 km/h
- 85% vão a óbito
- 15% sofrem lesões

A velocidade é mais importante que a massa. Dobrando a massa do carro teremos o dobro da energia. Enquanto que dobrando a velocidade teremos o quádruplo dessa energia.

Uma colisão a 60 km/h é como se sofresse uma queda do11º andar de um prédio. A 80 km/h seria do 20º andar. A 120 km/h do 45º andar.

Dessa forma, podemos dizer que a energia mecânica de colisão de um automóvel com uma árvore, parte será absorvida pela árvore, pelo carro e por seus ocupantes. Parte dessa energia será dissipada sobre a forma de calor. Ocorre transferência de energia.

A aceleração e desaceleração são causadas pela transferência de energia para mover um corpo em repouso ou pará-lo quando em movimento. 

A colisão frontal tem o que se chama de efeito tesoura porque cabeça e tronco são projetados violentamente para frente produzido lesões de face, cabeça, pescoço, lesões internas no abdome e coluna lombar.

A vítima nessa condição tem 25 vezes mais possibilidade de ir a óbito.

Quando o banco está muito reclinado (a cima de 110º) há grande possibilidade de evoluir com fraturas de membros inferiores, bacia, tórax, abdome, pescoço e cabeça.

Concluímos que quanto mais velocidade maior é a dificuldade de frenagem, maior a possibilidade de colisão de alta energia e maior a possibilidade de óbito e lesões graves. Tudo isso justifica as ações dos gerentes de tráfego atuarem de maneira imperiosa no controle da velocidade quer na área urbana quer nas rodovias.  A necessidade de fiscalização e de multas não pode ter o cunho de aumentar a arrecadação do município, mas sim de preservar vidas.

                                               Dr. Dirceu Rodrigues Alves Júnior
     Diretor de comunicação e do Departamento de Medicina de Tráfego Ocupacional da ABRAMET
                                      Associação Brasileira de Medicina de Tráfego
                                                        www.abramet.org.br
                                                dirceu.rodrigues5@terra.com.br

18 de abr. de 2013

Game ensina educação no trânsito para jovens


Para participar de uma corrida que acontece na cidade fictícia de Santa Fé, um adolescente que acaba de completar 18 anos precisa tirar sua primeira carta de habilitação e mostrar que conhece todas as regras de trânsito, sem cometer infrações. Esse é o enredo principal do game educativo Vrum, criado pela startup Think Box, nos padrões de jogos queridos dos adolescentes como o GTA – sigla de Grand Theft Auto, série de games que simula locais fictícios modelados em cidades norte-americanas. O Vrum, que é direcionado a estudantes do 6o ao 9ano, tem o intuito de ensinar aos jovens, desde cedo, a serem mais responsáveis no trânsito. A proposta é levá-los a conhecer melhor a sinalização, as questões que envolvem a segurança dos motoristas e dos pedestres, os órgãos e entidade do trânsito. E ainda, os prepara melhor para as etapas de obtenção da carteira de habilitação, simulando exames como o psicotécnico e até exercícios de baliza.
“Decidimos trabalhar na educação do trânsito pela inexistência de iniciativas preocupadas com isso. A ideia é que o jogo também ajude os professores a trabalhar o tema de modo transversal no currículo, já que o Código de Trânsito Brasileiro, de 1998, afirma que educação no trânsito deve ser aplicada em todo o ensino básico”, afirma Pedro Alves, diretor de desenvolvimento da Think Box. “No Brasil, infelizmente, o governo gasta bilhões remediando o que acontece depois dos acidentes e com campanhas publicitárias sobre o assunto, e esquecem de criar programas mais efetivos nas escolas”, completa.
crédito romantsubin / Fotolia.com
 
 “Nosso sonho maior é formar jovens que se tornem motoristas e pedestres mais educados, responsáveis e conscientes de seus direitos e deveres”
O game começa com a chegada do jogador à autoescola, acompanhado pela mãe. Na cidade fictícia, em um ambiente 3D, ele caminha, anda de bicicleta, pega ônibus e dirige e, ao longo de todo o processo, é desafiado a respeitar as regras de trânsito. “Queremos também descontruir a figura do carro como único meio de transporte. Por isso, no game o jogador precisa usar o transporte público, como ônibus e trem, para entender que esses meios podem gerar menor impacto ambiental, diminuição de trânsito, entre outros aspectos”, afirma.
Na autoescola, o personagem se submete, por exemplo, a procedimentos para tirar a carteira de habilitação, como as simulações dos exames de vista, psicotécnico e teórico, realizados no Denatran. Realiza ainda os treinamentos básicos, como dirigir em circuitos e pela cidade, realizar a prova do Detran, fazer o emplacamento do carro e entender a importância do transporte público. “A cada dois minutos, um acidente de trânsito acontece em alguma via do país, ou seja, uma média de 30 acidentes por hora. Nosso sonho maior é formar jovens que se tornem motoristas e pedestres mais educados, responsáveis e conscientes de seus direitos e deveres”, diz.
crédito divulgação
 
Todas as ações do personagem são convertidas em duas formas de pontuação. A primeira se refere à pontuação relacionada à carteira de motorista do jogador e a segunda à pontuação do ranking geral, que representa os bônus pelas ações e missões que o jogador realiza na cidade de Santa Fé.
O game é gratuito, porém, por enquanto, está disponível apenas para escolas públicas da Paraíba que fazem parceria com o Detran. A startup também vem contatando o órgão junto a secretárias de educação, para a comercialização do projeto em grande escala para instituições de todo o país.
“Dos dez países do mundo com mais problemas no trânsito, nove estão na América Latina. O Brasil está em quinta colocação. No futuro, também planejamos criar um jogo voltado para o público latino-americano”
A proposta é não só oferecer o game, mas o Programa Brincando e Aprendendo Sobre o Trânsito, metodologia para implementação da educação para o trânsito nas escolas. O programa inclui a capacitação dos professores, suporte técnico e a ajuda para analisar gráficos e relatórios que são gerados a partir da atuação dos alunos nos games. “Será possível ter um diagnóstico do aluno ao decorrer do jogo, mostrando sua evolução. Por exemplo, saber se ele conseguiu diminuir o limite de velocidade, quantas vezes respeitou a faixa de pedestres e sinalização”, diz. Também são realizadas ações motivacionais, selecionando e premiando os melhores jogadores por escola ou cidade por meio do ranking.
Os criadores do jogo sonham também em expandir a iniciativa para outros países. O nome da cidade fictícia Santa Fé foi escolhido estrategicamente. De fácil pronúncia pelos vizinhos latinos, Santa Fé também a capital do estado norte-americano do Novo México. “Dos dez países do mundo com mais problemas no trânsito, nove estão na América Latina. O Brasil está em quinta colocação. No futuro, também planejamos criar um jogo voltado para o público latino-americano”, afirma Alves.
Fonte: 

Lei Seca reduz mortes, mas não inibe acidente que mais mata nas rodovias


Colisão frontal é a principal causa de mortes nas estradas no país, diz PRF. Governo discute pacote para endurecer lei neste mês, diz secretário ao G1


Rosanne D'Agostino

Do G1, em São Paulo


colisão acidentes lei seca  carnaval (Foto: Editoria de Arte/G1)
A nova Lei Seca ajudou a reduzir o número de mortes nas estradas federais no feriado de Páscoa, mas a Polícia Rodoviária Federal (PRF) ainda está em alerta para a principal causa de óbitos nas rodovias brasileiras: a colisão frontal. Com o objetivo de reduzir esse tipo de acidente, o governo planeja aprovar um pacote de medidas ainda este mês no Congresso, endurecendo multas e reforçando a fiscalização, a exemplo do que ocorreu em dezembro para coibir a mistura entre álcool em direção.

Segundo a PRF, a Lei Seca por si só não é capaz de reduzir a colisão frontal, porque esse tipo de acidente é resultado de outros fatores, como a disposição das estradas brasileiras e a imprudência dos motoristas, mesmo sem consumo de álcool. Além disso, a fiscalização é dificultada, já que a colisão pode ocorrer em qualquer ponto ao longo das rodovias, principalmente na zona rural, onde a maioria conta com apenas uma pista para ida e outra para volta.
"É um acidente muito fatal. Se vem um carro a 100 km/h e outro, no sentido oposto, também a 100 km/h, é a mesma coisa que pegar um carro e bater num muro de concreto a 200 km/h", afirma o inspetor da PRF Stênio Pires. "Por isso que nós queremos endurecer a legislação. É praticamente um homicídio, correndo o risco de matar uma pessoa de uma forma muito alta", completa.
Em 2011, foram 2.652 mortes nesse tipo de acidente, quase 2.200 em zona rural. Segundo a PRF, apesar de representar 3,5% dos acidentes, essa modalidade provoca 40% dos óbitos. Os números de 2012 ainda estão sendo auditados e não foram divulgados, mas a instituição utiliza dados dos últimos feriados para avaliar que a Lei Seca não conseguiu inibir essas mortes nas estradas federais.
No feriado de Páscoa, o número de acidentes nas estradas foi 9% menor do que no ano anterior, mas a maioria das mortes ocorreu em razão de colisão frontal. Em Minas Gerais, 76% das mortes tiveram esse motivo.
A colisão frontal continua representando cerca de 44% das mortes nas estradas federais, apesar de, no Carnaval deste ano, ter havido o menor número de mortes em rodovias em dez anos, segundo o governo, em razão da Lei Seca. Foram 100 colisões frontais provocando a morte de 70 pessoas, e mais 25 mortes em razão de ultrapassagens indevidas.
Conforme Pires, as viaturas da PRF têm se deslocado ao longo das rodovias para observar o trânsito e inibir as ultrapassagens. "Só que hoje a autuação da ultrapassagem forçada tem um valor da multa é muito pequeno, e como é o que mais mata, a gente está trabalhando junto com diversos ministérios para modificar essa infração específica", afirma.
  • A ideia é aumentar o rigor, aproveitando esse processo da Lei Seca, e atacar também outros pontos extremamente problemáticos que a gente tem no trânsito"Proposta quer multiplicar por 7 a multa atual, de R$ 191, e penalizar com 7 pontos na carteira quem forçar ultrapassagem perigosa, em local proibido ou acostamento.
Marivaldo Pereira, secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça
Multa multiplicada por 7
Para coibir a ultrapassagem proibida, Congresso e Executivo têm discutido um pacote de medidas relacionadas à melhoria na segurança do trânsito, e a expectativa é que seja aprovado ainda este mês, aumentando multas para esse tipo de infração, afirmou aoG1 o secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Marivaldo Pereira.

"A ideia é aumentar o rigor, aproveitando esse processo da Lei Seca, e atacar também outros pontos extremamente problemáticos que a gente tem no trânsito. A ultrapassagem não é o maior número de acidentes, mas o índice de fatalidade é extremamente alto", afirma.
Pelo texto em discussão, a proposta é multiplicar por 7 a multa atual, de R$ 191, mais 7 pontos na carteira de motorista para quem forçar a ultrapassagem perigosa, em local proibido ou pelo acostamento. O governo também quer investir em campanhas educativas, está prevista a realização de operações integradas de fiscalização, federal, estaduais e municipais.
"A Lei Seca não optou pela questão penal, mas teve um efeito muito mais importante: pautou o assunto e atingiu um ponto bastante sensível, que é o bolso. O rigor da multa sensibilizou muito mais do que projetos da questão penal", afirma o secretário.
"Há uma decisão em fazer essa modificação", afirmou o presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Trânsito Seguro, deputado federal Hugo Leal (PSC-RJ). "Hoje a multa é muito baixa. Haverá também alguns casos de suspensão imediata da CNH, por exemplo, para quem ultrapassar na contramão", diz.
Segundo Leal, o texto deve ser apresentado na próxima semana, e a expectativa é que seja aprovado até o fim do mês. "Estamos escolhendo alguns projetos de lei e adequando com esse desejo de fazer o aumento das punições."
A Lei Seca elevou a multa para quem dirige sob efeito de álcool ou outra substância entorpecente, de R$ 957,70 para R$ 1.915,40. O valor que pode dobrar em caso de reincidência.
O objetivo é tirar de circulação os poucos maus condutores que trazem um risco muito grande ao cidadão que circulam de forma adequada"
 Stênio Pires, inspetor da PRF
"Nas cidades, a Lei Seca já mostrou resultado, mas nas estradas, a mistura de álcool com direção é a quinta causa de mortes", complementa Leal. "Agora vamos diminuir as mortes também nas estradas."
Também devem ser apresentadas propostas para aumentar o rigor para disputa de racha, visando a simplificação do processo administrativo para perda da carteira de motorista e para simplificar e reduzir os prazos para o leilão de veículos abandonados nos órgãos de trânsito, com a desvinculação das multas e tributos do novo proprietário.
Segundo o secretário do Ministério da Justiça, o tema é sensível, "mas a maioria dos parlamentares concordaram em agilizar os projetos existentes". "Estamos nos reunindo semanalmente."

Para o inspetor da PRF, a intenção não é multar os motoristas, mas evitar acidentes. "A grande maioria de cidadãos brasileiros respeitam o Código de Trânsito Brasileiro. O objetivo nunca é penalizar todos os cidadãos. O objetivo é tirar de circulação os poucos maus condutores que trazem um risco muito grande ao cidadão que circulam de forma adequada", conclui..


12 de abr. de 2013

Pesquisa aponta que brasileiros estão bebendo com mais frequência


Agência FAPESP - Metade da população brasileira é abstêmia. Na outra metade consumidora de álcool, no entanto, aumentou 20% o número de pessoas que bebe de forma frequente (uma vez por semana ou mais) nos últimos seis anos. Se considerada apenas a população feminina, mais suscetível aos efeitos nocivos do álcool, o aumento foi de 34,5%.
Os dados são do 2º Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad), organizado pelo médico Ronaldo Laranjeira, coordenador da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
A pesquisa contou com apoio da FAPESP por meio do Instituto Nacional de Políticas sobre Álcool e Outras Drogas (Inpad). Um dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs) instalados em São Paulo, o Inpad é coordenado por Laranjeira.
As entrevistas foram realizadas em 2012 pelo Ipsos Public Affairs e os dados foram divulgados nesta quarta-feira (10/04). Foram ouvidas 4.607 pessoas maiores de 14 anos, em 149 municípios de todas as regiões brasileiras. Os participantes responderam a um questionário com mais de 800 perguntas que tinha como objetivo avaliar o padrão de uso de álcool, tabaco e drogas ilícitas, além de fatores associados ao uso problemático dessas substâncias, como depressão e violência.
A primeira edição da pesquisa, realizada em 2006 com 3.007 entrevistados e apoio da FAPESP, surpreendeu especialistas em saúde de todo o Brasil - e o próprio Laranjeira - ao revelar um índice alto de abstinência no país: 48%. Durante mais de 30 anos, acreditei que a taxa brasileira era semelhante à europeia, em torno de 12%, contou o pesquisador.
A boa notícia é que no levantamento mais recente o número de abstêmios se manteve praticamente estável - com leve alta para 52%. Porém, entre os bebedores, aqueles que adotam um padrão de consumo de álcool considerado nocivo e batizado de binge - quatro unidades de álcool para mulheres e cinco para homens em uma única ocasião - aumentou de 45% para 59%. Mais uma vez a mudança é maior quando se considera apenas a população feminina, passando de 36% para 49%.
O aumento do consumo entre as mulheres, especialmente nesse padrão binge, terá consequências importantes do ponto de vista da saúde pública no médio prazo. Vai aumentar as taxas de câncer da mulher brasileira, estima Laranjeira.
Segundo o médico, as evidências apontam que o consumo de duas ou mais doses de álcool por dia pela mulher aumenta em 20% o risco de câncer de mama. Estima-se que 30% dos casos de câncer na população em geral tenham o álcool como um agente causador.
Para Laranjeira, no entanto, um dos dados mais preocupantes é que 20% dos adultos bebedores consomem 56% de todo o álcool vendido no país. A maioria desse grupo é composta por homens jovens, com menos de 30 anos.
O padrão brasileiro é o de beber fora de casa, nas ruas, nos bares, e de forma excessiva. Os jovens bebem para ficar bêbados e isso aumenta muito o risco de prejuízos à saúde e de envolvimento com violência, drogas e outros comportamentos de risco. A ideia que a indústria do álcool tenta passar, de que no Brasil todo mundo bebe um pouco, não é verdadeira, afirmou Laranjeira.
O 2º Lenad mostrou também que, entre os bebedores, 16% consomem quantidades nocivas de álcool nas ocasiões em que bebem e dois em cada dez apresentaram critérios para abuso ou dependência - o que corresponde à realidade de 11,7 milhões de brasileiros.
Ainda entre os bebedores, 32% afirmaram já não terem sido capazes de parar depois de começar a beber; 10% disseram que alguém já se machucou em consequência do seu consumo de álcool; 8% admitiram que a bebida já teve efeito prejudicial no trabalho e 9% admitiram prejuízo na família ou no relacionamento.
Quase um terço dos homens jovens bebedores abusivos se envolveu em briga com agressão física no último ano. O levantamento também mostrou um índice mais elevado de depressão entre os que abusam de álcool: 41%. A média de depressão na população em geral é de 25%. É preciso desassociar a imagem do álcool à alegria. Quem bebe e bebe muito tem mais chance de ficar depressivo do que de ficar feliz, destacou Laranjeira.
Regulamentação do mercado
Na avaliação de Laranjeira, o crescimento econômico do Brasil nos últimos 10 anos e o consequente aumento da renda per capita é uma das razões do aumento no consumo de álcool - o que torna o país um mercado promissor para a indústria de bebidas.
O brasileiro em geral está com maior poder aquisitivo. Quem não gastava dinheiro com álcool continua não gastando. Mas os que bebem estão gastando mais com bebida, especialmente as mulheres, disse o professor da Unifesp.
Outro fator por trás dessa mudança no padrão de consumo, segundo Laranjeira, é a falta de regulamentação do mercado ou fiscalização efetiva. Como não há regras feitas pelo governo ou pela sociedade, quem comanda o show é a indústria do álcool, afirmou.
Além de aumento no preço da bebida alcoólica, Laranjeira defende a diminuição dos pontos de venda - que, segundo dados da Ambev, somam 1 milhão em todo o país.
Há um ponto de venda de bebida alcoólica para cada 200 habitantes no Brasil. E a maioria vende para qualquer pessoa, inclusive para menores de idade. São Paulo é o único estado com uma lei rígida para inibir a venda de bebida para adolescentes, mas ainda precisa avançar na fiscalização, avaliou.
Laranjeira também defende a proibição da propaganda de bebida alcoólica nos meios de comunicação, que considera direcionada principalmente à população jovem.
Outra medida importante é regular o horário dos pontos de venda. Quando Diadema proibiu o funcionamento dos bares após as 23 horas, a mortalidade por homicídio caiu mais de 90% no município. Isso é um exemplo de uma medida política que faz a diferença. Já campanhas educativas em escolas, por exemplo, adiantam muito pouco, opinou.
Lei seca
Uma boa notícia revelada pelo 2º Lenad é que a nova legislação relacionada aos limites de álcool no sangue tolerados para a condução de veículos - popularmente chamada de Lei seca - vem surtindo efeitos. De forma geral, houve queda de 21% na proporção de indivíduos que relatam ter dirigido após o consumo de álcool no último ano.
A população está respondendo à legislação, mas o índice de pessoas que bebe e depois dirige ainda é alto, em torno de 21%. Nos países desenvolvidos é de 1% ou 2%. Só a manutenção dessa política e o aumento da fiscalização conseguirão fazer os números caírem ainda mais, disse Laranjeira.

11 de abr. de 2013

A dimensão social dos acidentes com motociclistas

Autor: Fábio de Cristo, psicólogo (CRP-17/1296), mestre em psicologia e especialista em gestão de pessoas. Atualmente é doutorando em psicologia na Universidade de Brasília e pesquisador do Laboratório de Psicologia Ambiental, onde desenvolve estudos sobre o comportamento no trânsito. Administra o Portal de Psicologia do Trânsito (www.portalpsitran.com.br) e coordena a Rede Latino-Americana de Psicologia do Trânsito. Autor do livro "Psicologia e trânsito: Reflexões para pais, educadores e (futuros) condutores".

 *  *  *

A maneira como as pessoas se locomovem vem se modificando nos últimos anos nas cidades brasileiras, notadamente com o aumento da venda de motocicletas. Para se ter uma ideia, antigamente, no interior, andava-se predominantemente de cavalo, carroça e bicicleta. Hoje, as motos são usadas inclusive para levar o gado do pasto para o curral. Esta mudança para um transporte mais potente e veloz, não raro, é feita sem maiores preocupações pelas autoridades de trânsito e pelos (novos) condutores. É comum, em muitas cidades, conduzir a motocicleta sem se preocupar com a proteção e a segurança.

Muitos jovens têm sido vítimas no trânsito, sendo estimado um aumento de 32,3% no número de óbitos por acidentes de transporte terrestre na última década – 2000 a 2010, segundo um estudo com dados do Ministério da Saúde. A taxa de mortalidade de ocupantes de motocicleta no Brasil, que tem aumentado a cada ano, é uma das responsáveis por este aumento das mortes no geral. Como consequência, causam um prejuízo elevado ao país, devido aos custos envolvidos com internações, cirurgias, medicamentos e afastamentos remunerados do trabalho, para citar alguns. Muito além disso, quando o acidentado sobrevive, ocorrem profundas mudanças na sua rotina e na da família. Mas como evitar tais ocorrências? A matéria abaixo pode ajudar a pensarmos numa possibilidade.

“Jovem motociclista fica paraplégico após acidente no interior da Paraíba.

Na noite de sábado, Francisco de 19 anos ficou paraplégico após colidir com outra motocicleta num cruzamento da cidade. As duas motos transportavam passageiros acima do permitido, cada uma com três pessoas. Segundo os policiais rodoviários, todas as vítimas estavam sem capacete. Francisco, que pilotava uma das motos, foi encaminhado ao hospital. Sua família está transtornada com a situação do rapaz, que perdeu a sensibilidade e o controle das pernas. Os demais envolvidos no acidente sofreram ferimentos leves.” 

(Jornal Popular do Interior, janeiro de 2009) [1]

Esse acidente tem coisas bem peculiares que instigam nossa curiosidade, afinal: Por que todos os seis envolvidos estavam sem capacete? Será que transportar mais de duas pessoas na moto é comum nesta cidade? Acidentes assim são uma exceção neste lugar? 

Estas perguntas têm a ver com um elemento importante para a promoção da saúde e segurança no trânsito: a análise da dimensão social dos acidentes com motociclistas. A dimensão social, neste caso, significa compreender que parcela dos comportamentos indesejados, inseguros ou de risco pode ser influenciada e mantida pelo grupo, como os outros motociclistas, ou pela comunidade, quer dizer, os moradores de uma cidade. 


Isto é possível? Sim. Na cidade de Francisco, na realidade, sair sem capacete é tão comum quanto andar com a família inteira em cima da garupa. Por lá, quem usa capacete é reprovado socialmente, afinal: “aqui não precisa, é tudo pertinho”, “faz muito calor e o capacete abafa pra danado” ou “porque todo mundo anda assim mesmo”, dizem motociclistas e moradores locais. 

Parece, então, que as “causas” dos comportamentos dos motociclistas nem sempre estão “dentro” deles, como se costuma pensar (por exemplo, “fulaninho é assim mesmo”, “é ruindade dele” ou “sua índole é má”). Dito de outra maneira, muito do que se passa “dentro de nós” é influenciado por coisas que acontecem “fora de nós”, quer dizer, são construídas a partir da dimensão social. Vejamos isso com mais detalhes...


O comportamento do motociclista é fortemente influenciado por sua intenção, isto é, sua motivação para realizá-lo (é algo que está "dentro" da pessoa). A intenção, portanto, é o elemento capaz de explicar melhor o comportamento, a ação. Nesta lógica, concluímos que Francisco não usou o capacete (comportamento) porque ele estava pouco motivado para usá-lo (intenção). 

Mas esta intenção, por sua vez, é influenciada por outros três elementos relativos à dimensão social, ou como o indivíduo a interpreta, conforme argumenta uma importante teoria da psicologia, a teoria do comportamento planejado. Os três elementos são: (1) a atitude em relação ao comportamento, (2) a pressão social e (3) o controle percebido sobre o comportamento. Segunda a teoria, podemos planejar nossas ações, se quisermos; mas nossa motivação dependerá em grande parte desses três elementos que citei. Vejamos cada um deles a seguir, tentando aplicar ao caso de Francisco.

atitude nada mais é do que a avaliação positiva ou negativa que fazemos em relação a alguém ou a alguma coisa. No caso de Francisco, pode ser a avaliação negativa que ele fez em relação ao uso do capacete (pensamentos do tipo “usar capacete é ruim” ou “fica abafado”). Aqui vale uma ressalva: repare que, na psicologia, atitude é diferente de comportamento, ainda que, no senso comum, sejam considerados semelhantes, como quando se diz: “Francisco tomou uma atitude e comprou uma moto!”. Enquanto a atitude é uma inclinação, disposição ou avaliação para se comportar ou não de determinada forma em relação a algo, o comportamento é aquilo que se observa, a ação que a pessoa realiza de fato. Entendido?

pressão social é o que pensamos que os outros acham que nos devemos comportar. Esses “outros” são pessoas que valorizamos; podem ser outros motociclistas ou moradores da cidade. Geralmente, queremos agir em conformidade com o que eles pensam de nós. Na história de Francisco, é possível supor que ele não se sentiu pressionado a usar capacete, afinal, todos estavam sem a proteção e não o cobraram. 

Finalmente, a percepção de controle sobre o comportamento, também influencia a intenção. É o quanto percebemos ter controle sobre o nosso comportamento ou o quão difícil ou fácil é realizá-lo. Por exemplo, se os obstáculos para usar o capacete eram percebidos por Francisco como muito grandes (dificuldades para guardá-lo ou carregá-lo), ele não se esforçaria – ou se esforçaria pouco – para usá-lo. 

Mas, como esses elementos – intenção, atitude, pressão social e percepção de controle – podem nos ajudar na prevenção de acidentes com motociclistas? Pode ser útil de diversas formas, como informar e educar as pessoas. Imagine que a secretaria de saúde (ou uma empresa privada ou qualquer instituição) da cidade de Francisco está preocupada com os acidentes de moto e quer diminuir esta incidência.

O objetivo da secretaria é, portanto, incentivar o comportamento de “usar capacete”. Aplicando a teoria neste caso, primeiramente, é importante identificar o grau de intenção de usá-lo (isto é, será que a motivação de usar capacete é elevada entre os motociclistas da cidade?). Posteriormente, identificar as razões para isso, que são os três principais elementos que influenciam a intenção. Assim, a análise poderia indicar que a intenção é baixa porque a atitude de usar o capacete é negativa, isto é, usar o capacete é avaliado como ruim; além disso, pode revelar que a pressão social para usar o capacete não existe, ou seja, os motociclistas não percebem que as pessoas que lhe são importantes pensam que eles devem usá-lo; e que os motociclistas percebem ter pouco controle sobre o uso do capacete, uma vez que, segundo eles, usá-lo requer “grande esforço”.

A secretaria de saúde, então, poderia investir em informação junto aos motociclistas (meios de comunicação em massa ou outra campanha) na tentativa de reverter a situação identificada, tentando aumentar o grau de intenção dos motociclistas para usar o capacete. Para isso, poderia estimular a atitude positiva e a pressão social para usá-lo, além de tentar fazer os motociclistas perceberem que eles têm – e podem – exercer o controle, e que é prático usar o capacete.

Além das campanhas, outras estratégias devem ser pensadas e implementadas em conjunto, visando a influenciar a intenção e os seus determinantes. O aumento da fiscalização, por exemplo, pode produzir impacto nas pessoas e, consequentemente, aumentar a pressão social. A promoção de cursos de atualização pode influenciar positivamente na atitude de usar capacete. Disponibilizar estacionamentos públicos com guarda-volumes pode ajudar na percepção de controle sobre o comportamento, uma vez que guardar o capacete adequadamente ajuda a minimizar estas barreiras.

Em suma, se, por um lado, a dimensão social mantem muitos comportamentos de risco dos motociclistas; por outro, também pode ser usada em favor da segurança para influenciar comportamentos individuais, considerando a teoria do comportamento planejado como exemplo. Desconsiderar a dimensão social fará com que a intervenção preventiva tenha grande probabilidade de fracasso, o que tornará cada vez mais comum matérias jornalísticas semelhantes à do início do texto, em que os Franciscos do nosso país perdem a vida ou sofrem severamente as consequências dos acidentes de trânsito com sua motocicleta.

[1] Nota: A matéria é fictícia, mas o conteúdo é baseado em um caso real.

Para saber mais:

Manstead, A. S. R. (1996). Attitudes and behaviour. In G. R. Semin & K. Fiedler (Eds.), Applied social psychology (pp. 3-29). London: SAGE.

Morais Neto, O. L., Montenegro, M. M. S., Monteiro, R. A., Siqueira Júnior, J. B., Silva, M. M. A., Lima, C. M., Miranda, L. O. M., Malta, D. C., & Silva Junior, J. B. (2012). Mortalidade por acidentes de transporte terrestre no Brasil na última década: Tendência e aglomerados de risco.Ciência & Saúde Coletiva, 17(9), 2223-2236. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csc/v17n9/a02v17n9.pdf

Vasconcellos, E. A. (2008). O custo social da motocicleta no Brasil. Revista dos Transportes Públicos, 119/120, 127-142. Disponível em:http://apatru.org.br/arquivos/%7B119C97E2-4817-4324-B4C8-978DC4F1A446%7D_revista-da-antp-119-20-artigo-eduardo-vasconcellos.pdf

Fonte: 

Vítimas de trânsito contam sobre a recuperação dos traumas e sequelas


Mudanças na vida dos acidentados podem ser permanentes. Dados do Dpvat apontam que 66% das pessoas ficam inválidas.


A série de reportagem “Guerra no Trânsito”, exibida pela TV TEM, mostrou que as vítimas precisam de tratamentos físicos e psicológicos. De acordo com os especialistas, a recuperação dos acidentados geralmente é demorada e dolorida.
Em muitos casos a vítima consegue se recuperar, porém, em alguns casos os traumas são permanentes e muitas pessoas precisam se adaptar a uma nova realidade de limitações. Ter uma perna amputada, ficar paraplégico, tetraplégico, por exemplo, são sequelas que mudam a vida de quem sofreu o acidente e todos ao seu redor.
Dados do Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (Dpvat), apontam que 66% das pessoas que se acidentam ficam inválidas para sempre. A psicóloga de Itapetininga (SP), Júlia Válio, explica que em casos extremos como estes, o acidentado precisa entender a nova condição. “A vítima precisa aceitar a ajuda de uma equipe, e que entender que precisa ser cuidada. Precisa aceitar os fisioterapeutas, os psicólogos e os médicos que possam dar um suporte para que viva com mais qualidade de vida, para que viva com mais prazer. Aceitar que há uma necessidade de querer viver, e não se entregar”, afirma.
Psicológa Júlia Válio explica sobre como a vida das vítimas de acidente muda (Foto: Caio Silveira/G1)
Psicológa Júlia Válio explica sobre como a vida das
vítimas de acidente muda (Foto: Caio Silveira/G1)
A psicóloga conta também que a rotina da vítima e dos familiares que moram com ela muda após o acidente. Segundo a especialista, é preciso paciência dos dois lados para seguir da melhor maneira possível. “Antes era uma vida totalmente normal, mas que ninguém dava conta. Já após o acidente a pessoa vê que, de repente, precisa de tudo, de ajuda, de um auxilio pra se locomover num curto espaço, então muda muito essa rotina, tanto de quem sofreu o acidente quanto dos familiares”, reflete.
E quando se pensa em ajuda dos familiares, uma pessoa essencial nessa hora são as mães. Maria de Lurdes Fonseca dos Santos, mãe de Thatiane que sofreu um acidente em dezembro, conta sobre como ajudou a recuperação da filha: “Até agora ainda tem que ajudar ela a levantar, mas antes era preciso até mudar o lado em que ela estava deitada. Ficou parecendo um nenê”, brinca.
A filha de dona Maria, a comerciante Thatiane Fonseca Bicudo, sobreviveu sem sequelas por um milagre, disseram os médicos. A jovem de 22 anos passou 12 dias no hospital depois de capotar o carro em uma rodovia. Dois meses depois, a única marca visível que ficou foi uma cicatriz na coluna lombar de uma cirurgia para implantação de 5 pinos. Ela conta que esperar o tempo passar para retornar à sua paixão, pedalar. “Eu estou fazendo de tudo, às vezes eu sinto um pouco de dor, mas aí eu descanso, deito. E pra pedalar, que era minha preocupação ele me deu seis meses. Então daqui a 5 meses eu já estou voltando”, afirma.
Thatiane Fonseca Bicudo precisou do auxílio da mãe para se recuperar do acidente (Foto: Reprodução/TV TEM)Thatiane Fonseca Bicudo precisou do auxílio da mãe para se recuperar do acidente (Foto: Reprodução/TV TEM)
Outra vitima dos acidentes, a auxiliar de enfermagem Valéria Rosa Cisterna, vai ter que esperar um pouco mais na recuperação para voltar a sua rotina normal. Cisterna foi atropelada em outubro de 2012, quando estava saindo de uma padaria no centro de Itapetininga. Segundo ela, depois da batia já não sentia mais a perna: “Eu sentia que a perna não mexia, mas eu fiquei bem consciente, eu não perdi a consciência de forma alguma”, diz.
Valéria Rosa Cisterna precisa das sessões de fisioterapia para voltar as atividades normais (Foto: Reprodução/TV TEM)
Valéria Rosa Cisterna faz sessões de fisioterapia
(Foto: Reprodução/TV TEM)
Em janeiro ela pôde sair da cama e se equilibrar nas muletas para ir até a fisioterapia. Agora o tratamento com uma equipe de profissionais segue até junho. De acordo com o fisioterapeuta Wedney Prado, que cuida de pacientes do trânsito, atualmente a medicina oferece diversas oportunidades para uma qualidade de vida melhor. “Dentro de um processo de reabilitação física a gente pode englobar desde a parte de fisioterapia convencional à hidroterapia, à ecoterapia, enfim, existe um leque de ferramentas hoje que a pessoa tenha uma qualidade de vida melhor”, conta.
Porém todo esse tratamento e recuperação necessários possuem um custo muito alto. Segundo dados do Ministério da Saúde, o perfil dos acidentados mostra que o Brasil vai ter uma geração de jovens aposentados por invalidez, já que a maioria é economicamente ativa, entre 18 e 44 anos. Os dados apontam que as fatalidades no trânsito também são em maior número entre os jovens: mais de 45% do total.
De acordo com o ortopedista Jaime Rodrigues os acidentes de trânsito causam uma parada de atividade que prejudica toda a estrutura financeira familiar. “Fora o trauma e o drama familiar, o acidente causa um problema de sustento. Existe a parada da atividade por um período quando chega a necessidade de cirurgia por 90 ou até 180 dias sem trabalhar. Além disso, há o custo muito alto com tratamento, cirurgias, e com a recuperação da pessoa”, explica.
motocicleta (Foto: Reprodução/TV TEM)


Acidentes de trânsito podem mudar a vida e a história de uma família (Foto: Reprodução/TV TEM)Fonte: http://g1.globo.com/sao-paulo/itapetininga-regiao/noticia/2013/04/vitimas-de-transito-contam-sobre-recuperacao-dos-traumas-e-sequelas.html - Acesso em 11/04/2013