Promova em sua Cidade! Objetivo: Esclarecer aos participantes as consequências e as causas da violência no trânsito, alertando-os sobre a responsabilidade de cada um na prevenção dessa violência.
Carga horária: 2 horas aula Público: infantil, juvenil ou adulto.
Metodologia: Exposição dialogada, contação de histórias, imagens, vídeos e músicas.
Irene Rios
Mestra em Educação; Especialista em Meio Ambiente, Gestão e Segurança de Trânsito e em Metodologia de Ensino; Graduada em Letras; Professora Universitária; Presidente da Câmara Catarinense do Livro; Autora de artigos e livros sobre Educação para o Trânsito.
Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0363235000015600
Nunca se ouviu falar tanto em formação de condutores no Brasil como
atualmente. Chegou-se ao consenso de que o processo de formação de
condutores tem um papel fundamental na luta por um trânsito mais seguro.
Depois que a ONU proclamou a Década de 2011-2020 como sendo a “Década
de Ação para a Segurança no trânsito”, os órgãos e entidades que
trabalham com prevenção, sentiram-se convocados a fomentar projetos que
auxiliem na redução de acidentes viários, o que inclui uma atualização
no processo de Primeira Habilitação, com mudanças nas normas e regras
para os cursos e otimização no desempenho dos Centros de Formação de
Condutores (CFCs) envolvidos.
Pelos motivos citados, atualmente abrir um Centro de Formação de
Condutores exige, além de dom para o negócio e visão empreendedora, um
investimento em recursos didáticos e, acima de tudo, comprometimento com
a qualidade do ensino. “O CFC que investe em qualidade de ensino está
cumprindo de forma integral os propósitos mais nobres do Código de
Trânsito Brasileiro (CTB) no que diz respeito ao conhecimento mínimo
necessário que seu aluno deve ter para participar do trânsito como um
condutor comprometido com a cidadania e com a segurança”, afirma Celso
Alves Mariano, especialista em trânsito e diretor do Portal.
Exigências para abrir um CFC
Todos os Centros de Formação de Condutores possuem exigências mínimas
para o credenciamento e funcionamento. Para abrir um CFC, você deve
ficar atento às seguintes regras:
– Requerimento da unidade da instituição dirigido ao órgão ou entidade executivo de trânsito do Estado ou do Distrito Federal;
– Infraestrutura física e recursos instrucionais necessários para a realização do(s) curso(s) proposto(s);
– Estrutura administrativa informatizada para interligação com o
sistema de informações do órgão ou entidade executivo de trânsito do
Estado ou do Distrito Federal;
– Relação do corpo docente com a titulação exigida no art.18 da Resolução 358/10;
– Apresentação do plano de curso em conformidade com a estrutura curricular contida no Anexo da Resolução 358/10;
– Vistoria para comprovação do cumprimento das exigências pelo órgão
ou entidade executivo de trânsito do Estado ou do Distrito Federal;
– Publicação do ato de credenciamento e registro da unidade no
sistema informatizado do órgão ou entidade executivo de trânsito do
Estado ou do Distrito Federal;
– Participação dos representantes do corpo funcional, em treinamentos
efetivados pelo órgão ou entidade executivo de trânsito do Estado ou do
Distrito Federal, para desenvolver unidade de procedimentos pedagógicos
e para operar os sistemas informatizados, com a devida liberação de
acessos mediante termo de uso e responsabilidades.
Estrutura física
Para conseguir o credenciamento junto ao Departamento Estadual de
Trânsito (Detran) é necessário que o CFC tenha também uma estrutura
física mínima. Dentre as exigências estão: sala de aula teórica com
tamanho de 1,20 m² (um metro e vinte centímetros quadrados) por
candidato, e 6 m² (seis metros quadrados) para o instrutor, com medida
total mínima de 24m2 (vinte e quatro metros quadrados) correspondendo à
capacidade de 15 (quinze) candidatos, mobiliada com carteiras
individuais, em número compatível com o tamanho da sala, adequadas para
destro e canhoto, além de cadeira e mesa para instrutor.
Também deverá possuir uma sala de aula para os simuladores, com uma
webcam instalada de forma a proporcionar uma visão panorâmica da sala de
aula.
Para as aulas práticas é necessária uma área específica de
treinamento para prática de direção em veículo de 2 (duas) ou 3 (três)
rodas em conformidade com as exigências da norma legal vigente, podendo
ser fora da área do CFC, bem como de uso compartilhado, desde que no
mesmo município.
Além disso, entre outros pontos, é verificado se o candidato tem
veículos equipados e instrutores e diretores credenciados no órgão
estadual.
O funcionamento do Centro de Formação de Condutores deverá ser
acompanhado de forma permanente pelo Órgão de Trânsito que o certificou.
Material didático
Tão importante quanto conhecer as leis de trânsito e ter habilidade
para dirigir, ser um bom condutor significa ser um condutor responsável,
e é aí que entra a importância do material didático na formação do
futuro condutor. “Um bom material didático deve ser resultante de uma
proposta metodológica e servir de instrumento para o processo de
aprendizagem. Deve ser atrativo, de fácil compreensão, instigante,
correto e abrangente. E, de preferência, fazer parte de um sistema de
mídias que envolvam o aluno despertando nele o desejo de participar de
forma efetiva e integrada no trânsito, agindo como se espera que se aja
um verdadeiro cidadão. Eis o poder de um bom material didático nas salas
de aula de um bom CFC.”, analisa Mariano.
Dificuldades
Nelson Muraqui Junior, que é diretor de um CFC em São Paulo, diz que a
realidade nesse mercado é complicada e que para acontecer uma mudança
no processo, seria necessário mudar também a cultura daqueles que
procuram os CFCs. “Na prática o cliente quer só saber de preços baratos,
pagar pouco é o que importa porque para eles autoescola é tudo igual”,
reclama.
Para Celso Mariano, as pessoas não podem subestimar a importância
desta atividade. “Apenas 1/4 da população brasileira dirige, mas são
justamente os condutores, os responsáveis pelos acidentes mais graves.
Dar-lhes uma formação adequada, em um país como o nosso, significa muito
mais do que prepará-los para as provas dos DETRANs. É necessário
transformá-los em cidadãos. Mais do que as escolas e, muitas vezes, mais
do que as famílias, é no Curso de Primeira Habilitação que se tem a
melhor oportunidade de fazer isso. O tema trânsito é naturalmente
transversal a tudo que diz respeito à vida em sociedade e, por isso
mesmo, guarda relação direta com a cidadania. O CFC tem nas mãos uma
oportunidade única de direcionar o comportamento destes cidadãos para
uma conduta cidadã, no trânsito e na vida. O CFC que tem esta visão, que
não subestima a importância da qualidade de suas instalações, veículos,
instrutores, metodologia de ensino e material didático, não tem
problemas com índices de aprovação ou clientes insatisfeitos”, conclui o
especialista.
Curso realizado, por Irene Rios, nos dias 10 e 11 de março de 2016, em Balneário Camboriú/SC.
Depoimentos
Gostei muito da troca de experiências, da oportunidade de renovar nossa energia e ânimo para dar continuidade ao trabalho já desenvolvido em nosso município, do método da cursista Irene em aplicar o curso. Foi maravilhoso! Parabéns! (Serli
C.V. Olivetti - União da Vitória/PR)
Bastante
descontraído. A absorção dos variados depoimentos dos grupos
participantes é muito gratificante. Importante, aprendi muito e levo
para aplicar no Programa de Governo na Operação lei Seca, no Rio de
Janeiro. (Francisco
Edson Benites Granado - Lula - Rio de Janeiro/RJ)
A
metodologia utilizada, com dinâmicas e participações, compartilhando o
trabalho de cada um, fez com que a memorização acontecesse de forma mais
prática e o conteúdo do curso fosse gravado com mais facilidade. As
dicas dadas para palestras e forma de trabalhar com cada grupo, também
foram muito ricas. O curso foi ótimo, acrescentando muito para quem
trabalha na área e para quem pretende ingressar nela. (Carolina Durli - Bituruna/PR)
Gostei muito do curso, da didática e dos temas abordados. Acho que podia ter sido 3 dias, pois o assunto tem mais conteúdos a serem abordados. (Kenya - Brasília/DF)
Excelente, formidável! Com clareza nas informações e assuntos dados. (Kasteen
Carlos A. Silva - Natal/RN)
Foi muito produtiva a troca de experiências, aprender coisas novas e poder passar estes dois dias com os colegas educadores foi excelente. obrigada! Os materiais entregues foram muito positivos. (Karine - Balneário Camboriú/SC)
Fiquei muito satisfeita, superou minhas expectativas. Parabéns professora pela oportunidade de aprender ainda mais e saber que estamos no caminho certo, que com o passar do tempo, teremos seres humanos mais conscientes. (Eliane Mello - Camboriú/SC)
Muito válido para o meu currículo. (Luzia Fernandes - Natal/RN)
Foi muito gratificante, atendeu todas as minhas expectativas. (Amanda Carneiro - Itajaí/SC)
Gostei muito, adorei as músicas, as histórias e entrosamento com o grupo. Agradeço a oportunidade de estar aqui esses dois dias. (Vilmarise - Porto União/SC)
Pesquisa da USP, que uniu comunicação
e neurociência, mostrou que campanhas de cunho negativo são mais
marcantes, mas geram a mesma intenção de comportamento que as positivas;
resultado indica novo caminho para publicidade.
Um estudo realizado na Escola de
Comunicações e Artes da USP mostrou que campanhas de segurança no
trânsito com abordagem positiva, apesar de raras, são tão eficazes no
incentivo ao cuidado no trânsito quanto as que apresentam abordagem
negativa, caracterizadas por imagens de acidentes e pessoas machucadas.
De acordo com o autor da pesquisa, Diogo Rógora Kawano, isso mostra que a
busca por chocar o público não se justifica, e incentiva a elaboração
de campanhas que apresentem os ganhos ao não se beber e dirigir, por
exemplo. Além de também se mostrarem eficazes, elas representam uma nova
possibilidade na busca pela redução de acidentes. Para chegar a tais
conclusões, o pesquisador uniu métodos da neurociência e da comunicação.
Kawano realizou dois experimentos. O
primeiro foi um questionário on-line, aplicado a 108 jovens com idade
entre 18 e 25 anos (grupo mais vulnerável a acidentes). Os voluntários
foram divididos em dois grupos iguais, e cada grupo foi confrontado com
um tipo de abordagem (positiva ou negativa). Depois, tiveram de
responder perguntas sobre a maneira como perceberam o anúncio (se foi
impactante, emocional, dramático) e qual a intenção de comportamento
gerada por ele. Ao analisar os resultados, o pesquisador percebeu que de
fato as campanhas negativas são mais impactantes, mas sua eficácia –
ou seja, a capacidade de gerar a intenção de comportamento seguro do
público – não é superior àquelas de abordagem positiva. De 54 pessoas
que viram campanhas positivas, 30 declararam que muito provavelmente
evitariam beber antes de dirigir após o contato com o anúncio. No caso
das campanhas negativas, o número foi de 33.
Na segunda etapa da pesquisa, Kawano
utilizou a neurociência para avaliar o impacto neurofisiológico dessas
campanhas. E os resultados corroboraram o que foi encontrado no primeiro
experimento. Dessa vez, contou com 24 voluntários. Eles também foram
divididos em dois grupos iguais e confrontados com campanhas de
abordagem positiva ou negativa. A diferença é que, enquanto observavam
os anúncios, eles tiveram suas ondas cerebrais monitoradas por um
eletroencefalograma (EEG). O pesquisador avaliou especificamente duas
ondas: alfa e teta, ambas relacionadas a emoções positivas e negativas.
Os voluntários também tiveram de
responder um questionário sobre o que acharam da campanha e se ela gerou
a intenção de tomar mais cuidado no trânsito. Mais uma vez, os
resultados mostraram que as campanhas negativas são bem mais
impactantes, gerando emoções negativas (o que pôde ser detectado pelo
EEG), mas não mais eficazes. De 12 pessoas que observaram campanhas
negativas, cinco declararam que “muito provavelmente” evitariam beber e
dirigir, mesmo número encontrado no caso das campanhas positivas. “Isso
mostra que as agências seguem uma tendência de adotar abordagens
negativas, mas sem questionar se elas são mesmo mais eficazes”, diz o
pesquisador.
Os resultados da pesquisa, porém,
mostram que esse cenário poderia ser diferente, e indica uma nova
possibilidade para a publicidade. “Hoje, só a Holanda tem o costume de
adotar o uso do humor, por exemplo”, comenta Kawano, ao questionar os
motivos que levam agências ao redor do mundo a buscar sempre causar
choque e aversão no público.
Neurociência e comunicação
A pesquisa ainda teve outros eixos, como
o confronto entre aquilo que foi declarado pelos voluntários com o que
pôde ser observado na atividade cortical de cada um deles. Apesar de
haver diversas maneiras de analisar esses dados, Kawano chegou a alguns
resultados: em 97,7% dos casos não houve correlação esperada entre
aquilo que foi respondido e a resposta neurofisiológica. Em 11,4%, as
pessoas responderam ter sentido exatamente o oposto daquilo que pôde ser
detectado pelo EEG. Por exemplo, disseram que uma campanha não foi
impactante, quando a atividade cortical mostrou o contrário.
Segundo o pesquisador, esses resultados
mostram que o EEG realmente traz novas informações que não poderiam ser
fornecidas pelos questionários, já que as pessoas têm dificuldade em
explicitar suas emoções. Por isso, Kawano defende que pesquisas que
busquem avaliar emoções usem métodos neurocientíficos. Mas, para ele,
também não se pode encarar a neurociência como "a solução de todos os
problemas", pois ela também apresenta limitadores e não se aplica a
todas as pesquisas de mercado. "Por exemplo, no uso do eyetracking, que
rastreia os pontos que mais atraem o olhar das pessoas. Nem sempre
aquilo que você olha significa que você esteja prestando atenção. Um
exemplo claro é quando você olha as horas no celular e, logo em seguida,
percebe que não prestou atenção”, explica.
Por isso, ele acredita que seja
necessário aprofundar os estudos e investir na interdisciplinaridade,
unindo neurociência e comunicação. Assim, as pesquisas podem ser mais
completas e seus resultados ainda melhores. Ele também acredita ser
importante que esse tipo de estudo tenha o acompanhamento de um
profissional de comunicação, não sendo restrito aos pesquisadores da
ciência. “No Brasil e no mundo, hoje, a maior parte dessas pesquisas que
usam comunicação e neurociência, ainda é feita a partir das ciências
biológicas ou exatas. São pessoas que tem conhecimento aprofundado sobre
funcionamento do cérebro, mas falta o aporte teórico da comunicação”,
diz o pesquisador.
Centro de Comunicação e Ciências Cognitivas
Estudos como esse, que aliam comunicação
e neurociência, poderão ser aprofundados no Centro de Comunicação e
Ciências Cognitivas, laboratório que está se organizando no Departamento
de Relações Públicas, Propaganda e Turismo (CRP) da Escola de
Comunicações e Artes (ECA/USP), sob a coordenação do professor Leandro
Batista, orientador de Kawano nessa pesquisa. O laboratório será o
primeiro da USP a aliar essas duas áreas e contará com equipamentos
próprios, como o eletroencefalograma e o eyetracking (rastreador de
olhar). Além disso, terá parceria de outras unidades da USP, como o
Instituto de Ciências Biomédicas (ICB), o Instituto de Psicologia (IP), e
a colaboração de professores da área de antropologia.