29 de jan. de 2015

Comportamentos de risco podem tornar o trânsito a 5ª causa de morte

Mariana Czerwonka
Portal do Trânsito


Comportamento no trânsito
Investimentos em educação, infraestrutura e legislação são apontados como essenciais para evitar a situação

Alguns comportamentos podem levar o trânsito a se tornar a 5ª causa de morte no mundo até 2030. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 1,24 milhão de pessoas morrem por ano em decorrência de acidentes de trânsito. As vítimas mais vulneráveis são crianças, pedestre, ciclistas e idosos. No Brasil, em 2013 foram 54.767 mortes, segundo levantamento da Seguradora Líder - DPVAT. Entre os principais fatores de risco estão excesso de velocidade, bebida e direção, falta do uso de capacete, do cinto de segurança e de sistema de retenção infantil, além de comportamentos de risco, como ultrapassagens proibidas, disputar rachas nas vias, entre outros.


Para o diretor da Perkons, Luiz Gustavo Campos, investir em educação no trânsito, infraestrutura e legislação eficaz é fundamental para a redução do número de acidentes e para evitar que o trânsito seja a 5ª causa de morte. “Não é apenas uma questão de comportamento, é preciso vontade política para investir em infraestrutura e para ter uma legislação eficaz e fazê-la ser cumprida. É preciso ensinar crianças a se comportarem de maneira segura, seja qual for o papel que exerçam no futuro: motorista, pedestre ou passageiro. O jovem precisa ter uma formação completa e direcionada para entender as consequências de ações imprudentes e para os adultos é necessário reforçar a adoção de boas práticas”, afirma.


Com a colaboração de todos, governo e cidadãos, o diretor da Perkons acredita que é possível mudar a realidade e diminuir a violência viária. “É um longo caminho, mas se as ações forem planejadas e cumpridas, é possível. Intervenções efetivas para a redução de fatalidades no trânsito incluem a incorporação de medidas de segurança nas rodovias, melhorias e planejamento para a ampliação do transporte público, investimentos nos quesitos de segurança dos veículos, garantia de velocidades adequadas (para cada tipo de via, veículo e condição climática), uma legislação abrangente e efetiva e eficiência no cuidado das vítimas pós-acidente”, sugere. Os aparelhos de monitoramento do tráfego, gestão de dados, restrição ao uso do automóvel e de fiscalização também auxiliam na segurança de condutores, passageiros e pedestres, complementa Campos.

Pessoas que vivem se arriscando levam o comportamento também para o volante


A psicóloga especialista em comportamento de trânsito e diretora do departamento de crimes de trânsito e perícias da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (ABRAMET), Julieta Arsênio, afirma que as pessoas se comportam no trânsito tal como vivem. Portanto, pessoas cautelosas levam este comportamento para o trânsito e os que têm o perfil de correr riscos dirigem também de maneira perigosa. “Alguns dirigem se arriscando com a sorte, até o dia que chega sua vez”, frisa.


O comportamento ideal no trânsito, de acordo com a psicóloga, é o daquelas pessoas conscientes, que sabem o que estão fazendo e que percebem quando cometem deslizes. “Todos nós temos algumas imperfeições e temos de reconhecê-las e imediatamente voltar às ações consideradas normais, que viabilizem o trajeto de forma adequada”, completa.


A especialista destaca ainda que, se aquilo que está em vigor não aponta bons resultados, é melhor abandonar esses procedimentos e criar novas alternativas que sejam mais eficientes. “O artigo 254 do CTB, trata de proibições ao pedestre, passíveis de multa. Porém, na prática não se aplica essa determinação. Desde 1997, quando se instituiu o Código, os artigos sobre pedestres mantém-se os mesmos. Entretanto, por que manter regras ao pedestre se não se faz cumprir a legislação?”, questiona.


Julieta conclui que, a educação para a o trânsito ainda é o caminho mais eficiente e barato para se reduzir os acidentes. “Para que isso ocorra é preciso que o trabalho não se limite a campanhas pontuais, como acontece com a Semana Nacional do Trânsito. A educação para o trânsito deveria ser uma disciplina escolar, como já acontece em outros países. Só assim se cria uma cultura, desde a infância, de que essas regras devem ser respeitadas, tanto pelo motorista quanto pelo pedestre”, finaliza.


Com informações da Assessoria de Imprensa

Fonte:

28 de jan. de 2015

10 coisas que todo motorista de carro deveria saber sobre caminhões antes de pegar a estrada


1 – Eles são mais lentos 

Pode reclamar, ficar bravo, espernear, mas não tem o que fazer, a velocidade máxima permitida por lei para um caminhão é 90km/h, logo, não importa se a pista permite que o carro vá a 120, quando um caminhão for ultrapassar outro veículo, ele deverá ir, no máximo, a 90km/h. Por isso, tenha paciência, não dê farol alto, não buzine, não xingue. Muito melhor um caminhão que respeita esse limite que um em alta velocidade colocando todos em risco. 

2 – Eles têm menos agilidade 

Claro, afinal, são muito maiores. Por isso, se um caminhão começar uma manobra a sua frente, não aumente a velocidade para impedir que ele continue, não jogue o carro pra cima, apenas tenha paciência, já já ele volta pra pista dele, até porque, se ele for pego fora da faixa da direita sem um motivo, ele leva multa, então assim que ele terminar a manobra ou a ultrapassagem, ele deve voltar pra sua faixa, e você pode seguir sua viagem. 

3 – Eles são mais altos 

E, por esse motivo, as vezes, a faixa da direita pode ser um problema, principalmente quando as árvores da lateral da pista não são podadas corretamente. Aí, para não chocar o caminhão com algum galho, o motorista pode recorrer à faixa do meio. Por isso, quando um caminhão invadir a faixa do meio aparentemente sem motivos, dê uma olhada em volta antes de julgá-lo. 

4 – Eles sentem mais os buracos da pista 

E esse é outro motivo que faz com que eles, as vezes, fujam da faixa da direita, que costuma ser mais irregular. Se o motorista está arriscando tomar multa e andando na faixa do meio, ele deve ter um bom motivo pra isso, que também pode ser faixa da direita muito estreita, pedaços de outros veículos no acostamento e tantas outras coisas. 

5 – Eles enxergam mais longe 

Você pediu passagem (dando seta para a esquerda e não farol alto) e o motorista respondeu com seta pra esquerda também? Entenda o sinal. Ele não quer ultrapassar outro veículo antes de você. O mais provável é que ele, por ver mais longe, esteja vendo outros veículos vindo na direção contrária e está te sinalizando que se você fizer a ultrapassagem agora, pode se envolver em um acidente. Quando ele der seta para a direita, aí estará indicando que o caminho está livre. 

6 – Eles, provavelmente, estão dirigindo há horas 

E podem estar cansados, sob pressão. Podem ter sido desrespeitados pelo encarregado, porteiro, carregador, policial, e por isso podem estar estressados. A atividade de motorista de caminhão é uma das que mais causa adoecimento no Brasil, por isso, tenha paciência, não provoque, não xingue, respeite essa atividade. 

7 – Eles estão levando a mercadoria que você vai usar 

Se você acha que caminhões atrapalham o trânsito, então imagine você tendo que ir na horta buscar suas verduras e legumes, na roça buscar seu arroz, no pasto buscar sua carne e até pro Pará buscar seu açaí, será que dá? Não, não dá. Então, se você ajuda a provocar um acidente com um caminhão, é a sua mercadoria que não vai chegar ou que chegará mais cara. 

8 – Eles são ainda mais lentos na subida 

Você está vindo tranquilamente atrás de um caminhão a 90km/h, aí começou uma subida e a velocidade do caminhão caiu pra 60km/h. O que você faz? Sair pela esquerda no momento mais seguro é a melhor opção. Não é porque o motorista quis. Ele bem que preferiria continuar a 90, mas a maior parte de nossos caminhões são antigos e podem perder até 50% da sua velocidade numa subida. Por isso, não fique bravo, se vir que lá na frente tem uma subida, já saia de trás do caminhão antes ou diminua sua velocidade, evitando batidas traseiras ou colisões laterais ao tentar ir pra esquerda quando já estiver em baixa velocidade. 

9 – Eles têm mais pontos cegos 

Pense nos pontos cegos do seu carro, que tem mais ou menos uns 4 metros de comprimento. Agora imagine um caminhão com 15m. Os pontos cegos são muito maiores. Existe uma regra que ajuda muito os motoristas de carro: se você consegue ver o condutor de um caminhão, ele também consegue te ver. Ou seja, se você colar na traseira de um caminhão, não verá o condutor, aí ele também não te vê e um acidente pode acontecer (sem falar que é obrigatório por lei manter distância segura do veículo da frente). O mesmo vale para quando você estiver na lateral do caminhão ou quando ultrapassá-lo, não volte para a faixa colado nele, dê espaço para ter certeza que o caminhoneiro te viu entrando na frente dele. 

10 – Eles precisam de (muito) mais espaço para frear 

Você está trafegando a 80km/h e decide que é um bom momento para ultrapassar um caminhão. Dá uma olhada rápida e vê que tem um espaço entre os dois caminhões a sua frente. Acelera, passa o caminhão, entra na frente dele e freia para não colidir com o da frente. Freia na certeza que o caminhoneiro vai frear também. Mas o que muita gente não sabe é que enquanto um carro comum, a 80km/h, precisa de mais ou menos 40 metros para frear, um caminhão com 40 toneladas de carga precisa de 98 metros para parar, já um com 60 toneladas vai precisar de 108 metros. E tudo isso ainda pode variar de acordo com as condições da via, o tipo de carga carregada, a tecnologia do caminhão e tantas outras variáveis que fica muito difícil para o motorista de carro avaliar tudo isso em milésimos de segundo, quando decide ultrapassar. Por isso, só ultrapasse quando tiver certeza que é seguro. 

Bônus: Eles são, em sua maioria, gente boa 

Todo mundo tem uma história pra contar de um caminhoneiro que fez uma besteira na estrada, mas todo mundo também tem uma história de médico ruim, eletricista ruim, garçom ruim e por aí vai, ou seja, em todas as profissões tem gente boa e gente ruim. Sempre que você vir um caminhão fazendo loucura na pista, olhe em volta e veja quantos outros estão andando corretamente. Quem anda corretamente não chama atenção, por isso ficamos com a impressão que motorista de caminhão “é tudo louco”, mas não são. Use a experiência e perícia que eles têm. Comunique-se com eles no trânsito de forma amigável e verá como eles podem contribuir para uma relação mais segura e tranquila no trânsito.

Por Paula Toco


Fonte: http://www.penaestrada.com.br/noticias/mostrar/250 - Acesso em 28/012015

Curso Pedalar com Segurança


Informações e Inscrições em: http://www.cetsp.com.br/…/condut…/pedalar-com-seguranca.aspx

Detran/RS cria banco de projetos em educação para o trânsito

Mural de Projetos também serve de fonte de inspiração para outros desenvolverem seus próprios trabalhos

Detran/RS cria banco de projetos em educação para o trânsito
Crédito da foto: Frederico Sehn
Estado - Para trazer ao conhecimento do público projetos de educação para o trânsito desenvolvidos no Estado, o Detran/RS criou um mural no seu Portal da Educação. Acessível em www.educacao.detran.rs.gov.br, o Mural de Projetos também serve de fonte de inspiração para outros desenvolverem seus próprios trabalhos.

“Existe uma impressão generalizada de que pouco se faz em educação para o trânsito. Mas há uma infinidade de projetos sendo realizados em diversos municípios que não chegam ao conhecimento do público. Além de dar publicidade a essas ações, queremos disseminar conhecimentos, subsidiar educadores e compartilhar experiências pedagógicas”, explica o chefe da Divisão de Educação do Detran/RS, Maximiliam Gomes.

Além de consultar os projetos disponíveis, instituições, escolas e até pessoas físicas que tenham um trabalho permanente de educação para o trânsito (com ações contínuas e várias atividades) podem cadastrar seus trabalhos.

Basta criar um login e senha, e preencher o formulário do site com as informações do projeto: local, instituição, categoria, público-alvo, objetivos e um resumo. Há espaço para anexar o texto na íntegra e publicar vídeos e fotos.


Programa de rádio e projeto em escolas são destaques
Entre os projetos cadastrados no mural estão o “Programa Trânsito Inteligente”, da Rádio Diário da Manha de Passo Fundo e o projeto “Trânsito nas Escolas”, realizado pelo CFC Bueno, em parceria com a Guarda Municipal de Vacaria.

O programa de rádio leva informação e curiosidades sobre trânsito à comunidade de Passo Fundo e região, se pautando pelos pilares da segurança no trânsito: educação, engenharia e esforço legal.

Já o projeto “Trânsito nas Escolas” é realizado durante todo o ano letivo em todas as escolas do município. Envolve de alunos da pré-escola até adultos do EJA, além de equipe diretiva, professores e demais membros da comunidade escolar.

No escopo do projeto já foram realizados seminário, show cultural, passeios ciclísticos, blitze educativas, gincanas, simulados de acidente, etc.



Fonte: Portal do Piratini

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19 de jan. de 2015

Um Olhar sobre as Campanhas Educativas para o Trânsito

Irene Rios

Não deixe um acidente obrigar você a reaprender. Seja você a mudança no trânsito.
Campanha Semana Nacional de Trânsito 2013.

A frase da Campanha Semana Nacional de Trânsito 2013 (disponível em http://www.youtube.com/watch?v=OXk65UArlag) faz parte de uma campanha educativa para o trânsito, promovida pelo Ministério das Cidades, em parceria com o Denatran. Essa campanha exibe cenas de pessoas que, após a violência viária, precisaram reaprender a fazer coisas comuns como andar, comer e falar.
Campanhas educativas fazem parte do marketing social e, conforme Cobra (2010), elas buscam incidir no comportamento do público para o seu bem e da sociedade em geral. O autor esclarece que há dois níveis de aplicação no marketing social: o operacional que “se refere à aplicação de programas específicos” e o estratégico que “compreende a formulação de políticas e estratégias globais”. (COBRA, 2010, p. 101).
As campanhas educativas para o trânsito geralmente correpondem ao nível operacional e costumam ser difundidas por vários meios de comunicação (televisão, rádio, internet, material impresso, dentre outros).
Conforme Pinto (2002), os temas das campanhas de educação para o trânsito classificam-se em:
  • Gerais: peças publicitárias que tratam da questão do álcool e da direção, por exemplo.
  • Sazonais: campanhas que acontecem ciclicamente, como, por exemplo, as preocupações com os períodos festivos de fim de ano.
  • Específicos: temas que usualmente antecedem mudanças na legislação e/ou políticas de fiscalização. Um exemplo de tema específico são as campanhas realizadas sobre a “Lei Seca”. (Lei federal, nº 11.705, em vigor desde 20 de junho de 2008, proíbe o consumo de qualquer quantidade de bebidas alcoólicas por condutores de veículos.)

O autor esclarece ainda:

Qualquer situação de comunicação humana compreende a produção da mensagem por alguém e a recepção dessa mensagem por outra pessoa. O comunicador pretende influenciar comportamentos e as reações de uma determinada pessoa (ou grupo de pessoas) e, todavia, sua imagem tanto pode ser recebida pela pessoa a quem se destina como por pessoas a quem não se destinava, ou por ambas. (PINTO, 2002, p. 6).

            Em uma campanha, é importante que a mensagem seja percebida pelas pessoas que a receberão. É fundamental que a ideia seja comprada, usada e compartilhada entre os receptores.
           

 § 1º Considera-se trânsito a utilização das vias por pessoas, veículos e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fins de circulação, parada, estacionamento e operação de carga ou descarga.
Código de Trânsito Brasileiro

Para entender o conceito de trânsito, publicado no Código de Trânsito Brasileiro – CTB (BRASIL, 1997), é importante conhecer o significado de via. No anexo 1 do CTB, consta que via refere-se à “[...] superfície por onde transitam veículos, pessoas e animais, compreendendo a pista, a calçada, o acostamento, ilha e canteiro central” (BRASIL, 1997). Para haver trânsito, conforme a concepção que consta no CTB, é necessário que as vias sejam utilizadas por pessoas, veículos e animais, em movimento, ou parados. Fazem parte do trânsito, então, os motoristas, os pedestres, os ciclistas, os animais, os veículos (em movimento ou estacionados).
Com base nisso, é possível afirmar que o trânsito é um ambiente público, onde todos, independentemente de classe social, de idade, ou de classe cultural, têm os mesmos direitos e deveres. Os usuários das vias possuem o direito de usá-las, porém têm também o dever de respeitar os demais usuários desse espaço.
A falta de cumprimento desse dever, a falta de cuidado com a segurança e a irresponsabilidade, como deixar de dar distância entre um veículo e outro, realizar ultrapassagem em local proibido, deixar de parar na faixa de pedestre para este atravessar, conduzir o veículo no acostamento, dirigir sob efeito de álcool, dentre outros, podem resultar em uma violência viária e na perda de vidas humanas que compartilham o espaço do trânsito. São atitudes incoerentes que provavelmente, por meio da educação para o trânsito, podem ser transformadas em condutas coerentes.
A educação para o trânsito está prevista no CTB (BRASIL, 1997). Nele foi dispensado o Capítulo VI (com seis artigos), exclusivos, ao tema. Nesse capítulo destacam-se a criação da coordenação educacional, as campanhas educativas, a educação para o trânsito nas escolas, as campanhas sobre primeiros socorros, as mensagens e programas educativos. Neste texto, vamos ater-nos às campanhas educativas para o trânsito, eventos que possuem o objetivo de conscientizar o público-alvo sobre condutas coerentes ao transitar.
Sobre a realização de campanhas educativas para o trânsito, o CTB determina que:

Art. 75. O CONTRAN[1] estabelecerá, anualmente, os temas e os cronogramas das campanhas de âmbito nacional que deverão ser promovidas por todos os órgãos ou entidades do Sistema Nacional de Trânsito, em especial nos períodos referentes às férias escolares, feriados prolongados e à Semana Nacional de Trânsito.
§ 1º Os órgãos ou entidades do Sistema Nacional de Trânsito deverão promover outras campanhas no âmbito de sua circunscrição e de acordo com as peculiaridades locais.
§ 2º As campanhas de que trata este artigo são de caráter permanente, e os serviços de rádio e difusão sonora de sons e imagens explorados pelo poder público são obrigados a difundi-las gratuitamente, com a frequência recomendada pelos órgãos competentes do Sistema Nacional de Trânsito. (BRASIL, 1997).

Desde 1990, o Denatran tem escolhido temas para a realização de campanhas educativas para o trânsito, como: álcool e direção, pedestre, velocidade, entre outros, para serem trabalhados, na Semana Nacional de Trânsito, comemorada anualmente no período de 18 a 25 de setembro.
Além de campanhas realizadas na Semana Nacional de Trânsito, o Denatran tem promovido campanhas para serem difundidas em outras datas, como Carnaval, Semana Santa, Natal e outras.
Objetivando orientar a realização das campanhas educativas para o trânsito, em 2009, o CONTRAN publicou a Resolução 314, que estabelece procedimentos para o seu desenvolvimento.

Art. 1º Aprovar as orientações para a realização de campanhas educativas de trânsito estabelecidas no Anexo desta Resolução.
Parágrafo Único. Para efeitos desta Resolução, entende-se por campanha educativa toda a ação que tem por objetivo informar, mobilizar, prevenir ou alertar a população ou segmento da população para adotar comportamentos que lhe tragam segurança e qualidade de vida no trânsito. (BRASIL, 2009).

A Resolução 314 do Contran, em seu anexo, estabelece os procedimentos para a realização de campanhas educativas de trânsito. No texto, ressaltam-se que as campanhas educativas “[...] devem orientar cada cidadão e toda a comunidade, quanto a princípios, valores, conhecimentos, habilidades e atitudes favoráveis e adequadas à locomoção no espaço social, para uma convivência no trânsito de modo responsável e seguro”. (BRASIL, 2009, p. 3).
No anexo da resolução, consta que, antes da elaboração da campanha, seja realizada uma pesquisa que:

[...] trará à luz indicadores qualitativos e/ou quantitativos sobre a percepção da população em relação ao trânsito: qual a sua opinião, quais as suas maiores preocupações, quais as suas dificuldades relacionadas ao trânsito; deve detectar seu envolvimento em acidentes de trânsito: como, quando, onde, o motivo. A pesquisa deve considerar também as estatísticas de trânsito relacionadas a passageiros, pedestres, condutores, examinando faixa etária, sexo, entre outras questões importantes para determinar temas, objetivos, público-alvo. (BRASIL, 1997, p. 3).

Por meio dessa pesquisa, será possível definir o foco da campanha educativa. Será sobre álcool e direção, o uso da motocicleta, a segurança do pedestre, o uso do celular ao volante, ou sobre outros temas? A pesquisa proporcionará, ainda, dados para a escolha dos objetivos e do público alvo da campanha.
Outras orientações apontadas na resolução 314 do Contran referem-se aos cuidados na elaboração das campanhas de educação para o trânsito (BRASIL, 2009, p. 4). É recomendado que as campanhas educativas devem possuir linguagens de fácil compreensão pela população em geral e que precisam estar fundamentadas em preceitos técnico-legais, em relação ao trânsito. Está estabelecido, também, que o foco deve ser no ser humano, baseado na ética no trânsito, no direito de ir e vir e na preservação da vida.  Está destacado, ainda, que sejam enfatizadas ações que ressaltem aspectos positivos, proporcionando ao público a identificação com situações de seu cotidiano no trânsito, levando-os à análise e à reflexão de suas atitudes.
Outro cuidado citado na resolução 314 é com relação às abordagens negativas ou que apresentem violência, a fim de evitar a anodinia [Ausência de dor; espécie de anestesia da capacidade de impressionar com algo violento e, por conseguinte, banalizá-lo. (BRASIL, 2009, p. 5)], a qual pode ser relacionada à “anestesia”, defendida por Duarte Jr. (2001, p. 142) - “[...] a negação do sensível, a impossibilidade ou a incapacidade de sentir”. Na realização de uma campanha educativa, é recomendado, pela mesma resolução, que seja realizado um pré-teste antes de sua divulgação (Antes de expor o material produzido para a campanha ao grande público, é necessário submetê-las a um público alvo menor, a fim de verificar se, realmente, atendem às expectativas.) e um pós-teste após a difusão da campanha. Após a veiculação da campanha ao grande público, deve ser realizada avaliação para que seja possível examinar se os objetivos foram alcançados ou não. No caso das campanhas educativas de trânsito, os indicadores a serem usados no pós-teste devem ter foco preferencialmente nos aspectos comportamentais diretos, não tanto nos resultados globais – e.g. em termos de redução de índices de acidentes ou de vítimas – que podem ter influência de outros fatores. (BRASIL, 2009).
Assim, uma campanha educativa é parte de um projeto, por isso é importante que seja planejada, aplicada e avaliada como tal.
Observamos, assim, que a resolução 314 do Contran indica o passo-a-passo para a realização de campanhas educativas para o trânsito. Vale lembrar, no entanto, que uma campanha educativa eficiente deve atingir o público alvo. Conforme Pinto (2002, p. 2), a eficácia das campanhas educativas está na capacidade que elas têm de sensibilizar o público para o qual se destinam. Há, cada vez mais, o desenvolvimento de campanhas educativas para o trânsito no formato audiovisual. Sendo assim, a seguir, faremos algumas reflexões sobre o audiovisual e sua capacidade de sensibilizar o público.


Em algum momento da nossa vida, a linguagem audiovisual nos toca, nos sensibiliza nos educa.
Laura Maria Coutinho

Percebemos com bastante clareza o destaque dado por Coutinho (2006) à capacidade que o audiovisual tem de sensibilizar e de educar as pessoas. Por meio de imagens e de sons, o audiovisual estimula-nos a utilizar dois importantes órgãos de sentido: a visão e a audição. Desta forma, favorece a apresentação de conteúdos e a comunicação entre as pessoas.
Wohlgemuth (2005, p. 12) orienta-nos: “Como a percepção do ser humano sobre o mundo exterior é proveniente, em grande parte, da visão e da audição, as mensagens audiovisuais possuem uma enorme capacidade de transmissão de conteúdos”. O autor esclarece, ainda, que a visão e a audição são os sentidos fundamentais da comunicação, que a harmonia é grande entre eles, e que o meio ambiente transmite constantemente informações percebidas simultaneamente pelos olhos e pelos ouvidos (WOHLGEMUTH, 2005).
Complementando os argumentos de Wohlgemuth, sobre a importância do audiovisual, Coutinho (2006) explica que a linguagem audiovisual é sedutora, que, em sons e em silêncios, em tons claros e escuros, em cores cambiantes, ela cria um universo de magia e encantamento, até mesmo quando quer ser objetiva. A autora destaca também que:

Vivemos em um tempo no qual, praticamente, todas as pessoas são “alfabetizadas” audiovisualmente. Vivemos imersos em um mundo de imagens, sobretudo os habitantes das cidades. A linguagem audiovisual nos é familiar, corriqueira, comum. (COUTINHO, 2006, p. 20).

O audiovisual vem tornando-se cada vez mais um instrumento fundamental para a educação. Conforme destacado por Coutinho (2006), crescemos rodeados pelas imagens e sons, que unidos formam os audiovisuais. Seja na televisão, na internet ou no cinema, os audiovisuais estão ao nosso redor e, por meio de seus conteúdos, eles podem agir sobre nossas emoções, proporcionando a sensibilidade. Coutinho (2006) realça, ainda, que eles atuam fortemente naquilo que, no homem, é sensível, falando mais aos sentidos do que à razão.
Desta forma, os audiovisuais, por meio de suas imagens e sons, podem transmitir conteúdos que sensibilizam as pessoas, incentivando as condutas seguras no trânsito e promovendo, assim, a diminuição da violência viária. Segundo Coutinho (2006), a linguagem audiovisual é a que mais diretamente emerge da realidade e, portanto, dela se origina.

O filme é feito de tudo o que se oferece à visão e, igualmente, do que não será visto. Alguns elementos serão apenas sugeridos e irão compor os vazios, os intervalos que, no cinema, são tão significativos quanto o que as imagens e sons explicitam. É nesse intervalo que os sentidos conversam: o sentido do filme que o diretor quis expressar e o sentido acrescido de quem o vê. Assim, posso dizer também que o filme é sempre uma obra aberta. Não se presta a uma única interpretação. Pode ser visto e revisto de várias maneiras, tudo fica a depender do contexto, da capacidade, do interesse, das expectativas de quem vê. (COUTINHO, 2006, p. 85-86).

Por ser uma obra aberta, no sentido exposto por Coutinho, o filme pode provocar diferentes percepções no espectador. Uma campanha educativa que usa como meio o audiovisual, por exemplo, possibilita uma série de interpretações e de percepções no público alvo como: comoção e reflexão, categorias que estão sendo investigadas neste estudo. Os vídeos podem provocar, ainda, indignação ou indiferença no espectador.
Jesus (2010) traz esclarecimentos sobre a etimologia de vídeo e nos questiona sobre quem vê:

Na etimologia “vídeo” é a primeira pessoa do indicativo do verbo latino videre, que significa “eu vejo”. Mas afinal, quem vê? O sujeito por trás da câmera. Que mira o objeto e seleciona o recorte, ou quem vê a imagem na tela? Mas e a câmera de vídeo vigilância? Quem olha para esse olhar? Qual é o recorte? Quem mira? (JESUS, 2010, p. 241).

            Quem vê a imagem na tela pode interpretar o vídeo diferentemente de quem está por trás da câmera. Depende do olhar estético, definido por Duarte Jr. (2001, p. 102), como um olhar que “[...] não interroga, mas deixa fluir, deixa ocorrer o encontro entre uma sensibilidade e as formas que lhe configuram emoções, recordações e promessas de felicidade”.
            A experiência estética, segundo Braga (2010), vai além das emoções cotidianas. Ele argumenta que:

Temos desejo e tristeza, entusiasmo e medo, sensações de plenitude relacionadas a questões pragmáticas ou cognitivas do cotidiano. A experiência estética, porém, seria aquela que trabalhasse os efeitos para além de tais vinculações emocionais imediatas. (BRAGA, 2010, p. 81-82).

            Podemos deduzir, então, que a experiência estética proporcionada pelo audiovisual está sujeita ao momento que o espectador está vivendo, ou seja, um vídeo pode ser interpretado de formas diferentes pela mesma pessoa, conforme seu estado emocional no instante em que está assistindo-o. Neste sentido, e com base em Pinto (2002 p. VI), cabe salientar que é importante alguns cuidados quanto ao uso do audiovisual em campanhas educativas para o trânsito. O autor alerta-nos que, por adotar um formato similar ao do comercial publicitário, as campanhas educativas de trânsito são inseridas nos intervalos da programação geral juntamente com outros anúncios comerciais. Desta maneira, as mensagens que formam o conteúdo das campanhas educativas encontram-se diluídas em meio a mensagens comerciais, noticiários, programas de entretenimento. Assim sendo, para possibilitar a sensibilidade do público alvo das campanhas educativas para o trânsito, a fim de uma melhor absorção dos conteúdos, é importante considerar o meio e o momento que estão sendo exibidas.
Sugiro ainda, que além da veiculação nos meios de comunicação, estas campanhas venham acompanhadas de projeto educativo para ser aplicado em palestras e em outras atividades nas escolas e nas universidades, de maneira transversal. As campanhas podem estar inseridas dentro de um contexto educativo, onde os receptores sejam provocados a refletir e a interagir sobre as mensagens deixadas por elas.

REFERÊNCIAS

BRAGA, José Luiz. Experiência estética & mediatização. In: MENDONÇA, Camargo; GUIMARÃES, Cesar (Orgs.). Entre o sensível e o comunicacional. Belo Horizonte: Autêntica, 2010.

BRASIL. Código de Trânsito Brasileiro. 1997. Disponível em: . Acesso em: 15 jan. 2013.

______. Departamento Nacional de Trânsito / Ministério das Cidades. Parada: Pacto Nacional pela Redução de Acidentes / Campanha Semana Nacional de Trânsito 2013b. Disponível em: <http://www.paradapelavida.com.br/campanhas/semananacionaltransito2013>. Acesso em: 10 Out. 2013.

______.  Departamento Nacional de Trânsito / Ministério das Cidades. Resolução 314. 2009. Disponível em: <http://www.denatran.gov.br/download/Resolucoes/RESOLUCAO_CONTRAN_314_09.pdf>. Acesso em: 31 mar. 2013.

COBRA, Marcos. O novo marketing. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

COUTINHO, Laura Maria. Audiovisuais: arte, técnica e linguagem. Brasília: Universidade de Brasília, 2006.

DUARTE JR., João Francisco. O sentido dos sentidos. Curitiba: Criar, 2001.

JESUS, Eduardo de. Eu vejo, eu mostro e nós vemos. In: MENDONÇA, Camargo; GUIMARÃES, Cesar (Orgs.). Entre o sensível e o comunicacional. Belo Horizonte: Autêntica, 2010.

PINTO, Paulo Fernando de Ascenção. Avaliação da compatibilidade entre a mídia televisiva e as campanhas educativas para o trânsito. Dissertação de Mestrado. Universidade de Brasília, 2002.

WOHLGEMUTH, Júlio. Vídeo Educativo: Uma pedagogia audiovisual. Brasília, DF: Senac, 2005.

Irene Rios
Mestra em Educação, com a pesquisa: CAMPANHAS EDUCATIVAS PARA O TRÂNSITO: a percepção sensível de jovens e adultos; Especialista em Ambiente, Gestão e Segurança de Trânsito e em Metodologia de Ensino; Graduada em Letras Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa; Consultora e co-autora do projeto “Gincana Cultural de Trânsito”, vencedor do XII Prêmio Denatran de Educação no Trânsito - 2012 - na categoria "Educação no Trânsito - Projetos e Programas"; Presidente da Câmara Catarinense do Livro; Professora universitária de disciplinas na área de Educação para o Trânsito; Autora de artigos e livros sobre Educação para o Trânsito.



[1] Conselho Nacional de Trânsito.

14 de jan. de 2015

“JE SUIS” A VIDA, NO TRÂNSITO BRASILEIRO

Dr. Dirceu Rodrigues Alves

As mortes e sequelados no nosso trânsito ainda não sensibilizaram os 200 milhões de brasileiros.
Não vemos caminhadas, manifestações para interromper 152 mortes por dia num país acolhedor de todos os povos, mas não sabe como protegê-los.

Não nos sensibilizamos pelas guerras nas comunidades, com a morte de bandidos, policiais e inocentes.

“JE SUIS LA VIE DANS LA CIRCULATION”

Os predadores estão soltos e invadem as cidades saídos de casas, comunidades, trabalho, lazer e matam, alejam sem piedade, sem remorso, apenas pagam uma fiança e saem pela porta da frente das delegacias em direção a casa. As vítimas às vezes são direcionadas para os hospitais, mas a grande maioria é velada e sepultada com sofrimento da família. Malditos assassinos que dentro da coletividade são capazes de se transformarem com uso de bebidas alcoólicas, drogas, com excesso de velocidade, celulares, digitando, enlouquecidos pelos agentes estranhos à direção veicular. Atropelam, matam gerando o terror no trânsito.

Quantos mais morrerão, somente com o sofrimento da família, sem sensibilizar o povo que pleiteia através de movimentos, mudanças governamentais, para conquista de terras, de tetos, de redução de tarifas.

Cai uma aeronave, morrem 189 pessoas, é notícia internacional. Na realidade ocorreu um acidente de trânsito que tem repercussão mundial. A sensibilidade é universal. Surgem movimentos sociais, o Ministério da Aeronáutica faz a perícia, estudam todas as situações para emitir um laudo que tem cunho de atuar na prevenção dos acidentes aeronáuticos. A segurança no transporte aéreo é tão positiva que os acidentes são raros.

Movimentos sociais sensibilizam autoridades. Criam-se memoriais em homenagem as vítimas do desastre aéreo. Caminhando pelas rodovias encontramos verdadeiros cemitérios, múltiplos e precários memoriais a margem das estradas caracterizados por cruzes colocadas por familiares.

É TRISTE, MUITO TRISTE, AS MORTES OCORRENDO AOS NOSSOS OLHOS E PERMANECEMOS CEGOS E MUDOS PARA O GRAVE FATO.

Nada sensibiliza a todos como no caso do acidente aéreo. Não ocorre revolta a ponto de se pressionar as autoridades, lideranças políticas, buscando solução imediata para conter esses absurdos.
Perde o país grande parcela dos jovens a cada ano, reduzindo de maneira drástica a produção e arrecadação do país.

Ao invés de estarmos alheios ao terror que ocorre no nosso trânsito, deveríamos estar ajustando forças para erradicarmos a doença epidêmica presente dia e noite em nossas vias.

A guerra urbana há décadas foi declarada e não vemos a manifestação universal que estamos a assistir com o que ocorreu em Paris, quando terroristas mataram dezessete pessoas.

Atentados ocorrem todos os dias na fúria do trânsito brasileiro com desastres, brigas, arrastões, sequestros, roubos, assaltos, mortes e por aí vai. O terror evolui de maneira clara, visível a todos que parecem adaptar-se a situação sem ação combativa para conter essa epidemia.

Enquanto isso, o Ministério da Saúde constitui equipes para o combate a larva do mosquito da Dengue. Vão de casa em casa, de caixa d’água em caixa d’água e com isso a mortalidade é bastante reduzida. Este é o procedimento que todos esperam que equipes sejam formadas para de esquina em esquina onde o acidente é eminente, os órgãos governamentais atuem para erradicação dessa doença epidêmica no nosso trânsito.

                                               Dr. Dirceu Rodrigues Alves Júnior
Diretor de Comunicação e do Departamento de Medicina de Tráfego Ocupacional da ABRAMET - Associação Brasileira de Medicina de Tráfego - www.abramet.org.br - dirceurodrigues@abramet.org.br - dirceu.rodrigues5@terra.com.br