29 de jun. de 2012

Acidente ou Acidente?, por Archimedes Azevedo Raia Jr.


“Acidente" é a palavra comumente aceita, no Brasil e em vários países, para se denominar uma ocorrência envolvendo um ou mais veículos de transporte em uma colisão, que resulta em danos materiais, ferimentos ou morte. O termo "acidente", na acepção da palavra, implica em um evento aleatório que ocorre sem nenhuma razão aparente que não seja o "simplesmente aconteceu".
 
Quem já não esteve envolvido em situações em que algo ocorreu e que fora de maneira não intencional, como a queda do copo de refrigerante na camisa de um interlocutor, por exemplo? A reação imediata da pessoa poderia ter sido "desculpe, foi apenas um acidente".
 
A definição de acidente, segundo o Dicionário Aulete, é “acontecimento imprevisto, inesperado”, “acontecimento infeliz, desastroso, que pode causar danos, ferimentos, e até a morte”. Portanto, está claro que o acidente é algo absolutamente imprevisto, aleatório, inesperado.
 
Na língua americana tanto a palavra “crash” quanto o termo “accident” tem sido usadas para denominar o mesmo fato, ou seja, uma batida ou trombada, um acidente de trânsito.

A palavra "crash" não é uma terminologia universalmente aceita em todos os modos de transporte; ela é mais comum no contexto do transporte rodoviário e de ocorrências de trânsito. A tradução dos termos para o português tem sido a mesma: acidente.
 
A Agência Nacional de Segurança de Tráfego Rodoviário (National Highway Traffic Safety Administration), ligada ao Departamento de Transportes americano, propôs a substituição da palavra "accident" pela palavra "crash". A adoção da palavra "crash" teria o significado de que a colisão poderia ter sido evitada ou seu efeito minimizado ou modificado pelo comportamento do condutor, pelo projeto do veículo (chamado de "resistência ao choque"), pela geometria viária ou pelo ambiente viário.
 
A ocorrência de um acidente de trânsito, em geral, representa um desafio para os peritos em segurança viária. Em todos os casos, surge a questão: "Que sequência de eventos ou circunstâncias contribuiu para a ocorrência do incidente que resultou em lesão, perda de vidas ou danos à propriedade?".
 
Em alguns casos, a resposta poderia ser simples. Por exemplo, a causa de um único carro acidentado poderia ser pelo fato que o motorista adormeceu ao volante, atravessou o acostamento, e bateu em uma árvore.
 
Em outras situações, a resposta poderia ser bem mais complexa, envolvendo muitos fatores que, agindo em conjunto, causaram o acidente.
 
Um exemplo conhecido, fora do setor rodoviário, pode tornar esta questão mais clara. O acidente envolvendo o Boeing 737 do voo 1907, da Gol, e o EMB Legacy, da ExcelAir, pode ter parecido uma absoluta fatalidade, já que a probabilidade de dois aviões se chocarem no ar, em trecho de cruzeiro, é ínfima. No dia 29 de setembro de 2006, em sua viagem inaugural, entre São José dos Campos e Manaus, O EMB Legacy chocou-se com Boeing, no nos céus de Mato Grosso. O jato da Gol caiu matando 154 pessoas.
 
A crença comum é que a causa dessa tragédia foi uma fatalidade, ainda mais pelo fato de que o choque de um avião pequeno, que teve apenas parte do seu winglet danificado, derrubou um Boeing enorme.
 
No entanto, o motivo real é muito mais complexo e envolveu muitos fatores. Dentre estes fatores associados ao Legacy, pode-se citar: o transponder estava desligado no momento da colisão, os pilotos eram inexperientes neste tipo de jato e na rota; o plano de voo estava errado, os controladores foram omissos, os controladores não conheciam bem a linguagem corrente para comunicação na língua inglesa, os pilotos estavam mais preocupados com a aterrissagem em Manaus do que com a viagem em si, etc.
 
Com base neste exemplo, é possível construir uma lista abrangente de categorias de circunstâncias que poderiam influenciar a ocorrência de acidentes de transporte. Se os fatores que contribuíram para a ocorrência de colisão são identificados, é possível, então, modificar e aperfeiçoar o sistema de transporte e trânsito.
 
Quer-se deixar claro que o evento envolvendo as duas aeronaves não foi um acidente (accident) e sim um acidente (crash).
 
Entender que a ocorrência desses fatos lamentáveis, principalmente no Brasil, é fundamental. Isto é necessário para que não se trate eventos que ocorrem diariamente no território nacional com uma visão fatalista e sim como algo previsível, na medida em que uma série de ações obrigatórias, necessárias para que o transporte seja feito com segurança, sejam desrespeitadas.
 
No futuro, com a mitigação ou eliminação dos fatores causadores de acidentes (crashes), é provável que venha a resultar em sistemas de transporte e trânsito mais seguros.
 
Ainda que as causas dos acidentes sejam, em geral, complexas e envolvem vários fatores, a literatura especializada em segurança de trânsito, as classifica em quatro categorias distintas: ações por parte do motorista ou condutor, condição mecânica do veículo, características geométricas da rodovia, e do ambiente físico ou climático em que o veículo opera.
 
A partir destas considerações, fica claro que, na verdade, os acidentes, na maioria dos casos, não são acidentes (accidents) e sim acidentes (crashes). Pode parecer uma questão puramente semântica, porém, se justifica pelo fato de o brasileiro ter a ideia de que os acidentes são “fatalidade”, “destino”, “sina”, “tinha que acontecer”, etc.
 
É preciso incutir na mente dos brasileiros, responsáveis por aquelas quatro categorias de fatores, de que se o motorista/condutor não cumpre rigorosamente as leis de trânsito, a consequência espera é o acidente. Se os veículos não são conservados de maneira adequada ou seus projetos são falhos, pode-se prever que o acidente venha a ocorrer.
 
Por outro lado, se o engenheiro não fizer um projeto geométrico da via de maneira adequada, se o órgão gestor não fizer a manutenção da via e sua sinalização periodicamente, o resultado será acidente.
 
Nascida na Suécia, em 1997, a filosofia Visão Zero não aceita que pessoas percam a vida ou fiquem seriamente lesionadas em acidentes de trânsito. Hoje, ela está disseminada por um número grande de países, e imputa aos diversos atores do sistema de trânsito as devidas responsabilidades pela ocorrência dos acidentes.
 
De maneira análoga, poder-se-ia responsabilizar e punir, os motoristas/condutores e pedestres pelos seus comportamentos inadequados, os gestores de trânsito (prefeituras, DERs, DNIT, etc.) pela falta de manutenção das vias e sinalização, os projetistas pelas falhas de projetos, os políticos pela legislação branda ou ineficiente, etc.

Em suma, se a Visão Zero já estivesse implantada no Brasil, todos estes atores citados acima, mais diretamente envolvidos nas causas dos acidentes, e tantos outros envolvidos de maneira menos direta, seriam judicialmente responsabilizados e punidos pelas mais de 42 mil mortes ocorridas anualmente no país. Estas mortes não são fatalidade; são frutos de comportamentos desidiosos dos diversos atores do sistema de trânsito brasileiro.

Prof. Dr. Archimedes Azevedo Raia Jr.
Engenheiro, mestre e doutor em Engenharia de Transportes pela USP, professor, coordenador do Núcleo de Estudos em Engenharia e Segurança de Tráfego Sustentável da UFSCar. Presidente da Comissão Permanente de Segurança de Trânsito da UFSCar. Coautor do livro "Segurança no Trânsito", Ed. São Francisco. E-mail: raiajr@ufscar.br.
 
Fonte:  

27 de jun. de 2012

XII Prêmio Denatran de Educação no Trânsito

Atualizado em 26 de junho de 2012

Edital do XII Prêmio Denatran

  



Inscrições abertas a partir de 02 de julho de 2012 

XII Prêmio de Educação no Trânsito 

O Prêmio Denatran de Educação no Trânsito elege anualmente os melhores trabalhos produzidos sobre o tema Trânsito. O concurso, promovido pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), tem o objetivo de incentivar diversos setores da sociedade a refletirem sobre aspectos relativos à segurança, ao respeito e a cidadania no trânsito. 

Dúvidas referentes ao concurso – premio.denatran@cidades.gov.br

Fonte:

Aplicativo gratuito Trapster facilita sua vida no trânsito

Trapster sugere rotas menos congestionadas e mostra pontos de interesse.

O Trapster é um aplicativo totalmente gratuito que facilita a vida dos motoristas que trafegam por regiões movimentadas ou desconhecidas. Com base nos mapas da Navteq, os mesmos utilizados pela Nokia, o Trapster alerta o condutor sobre tudo que pode atrapalhar uma viagem, como avenidas congestionadas, alagamentos ou incêndios próximos ao local.

Além de alertar sobre os problemas que você poderá encontrar pelo caminho, o Trapster também mostra pontos de interesse no mapa, como bancos, postos de gasolina, restaurantes e estacionamentos — se quiser fazer uma pequena pausa, o aplicativo também mostra as Starbucks mais próximas. E o Trapster também pode ajudar nas horas que você precisar encontrar uma delegacia de polícia ou posto de bombeiros.



Trapster é gratuito, colaborativo e está disponível para iOS, Android, Windows Phone e outras plataformas.

O aplicativo é colaborativo e possui integração com uma rede social própria, que já conta com mais de 15 milhões de usuários. Com um cadastro online gratuito, os motoristas podem informar os problemas que encontraram no caminho. Se você estiver passeando pela cidade e dirigir por uma rua cheia de pais indo buscar seus filhos na escola, por exemplo, basta tocar no botão “Informar” uma área escolar para alertar os outros motoristas. Assim você e outros poderão utilizar caminhos alternativos para economizar tempo.

O Mobilon aproveitou para testar o Trapster durante uma viagem a uma loja de música, que fica localizada numa região movimentada da capital paulista. No trajeto, o Trapster poupou tempo (e paciência) do carinha que paga meu salário, indicando rotas menos congestionadas e sugerindo restaurantes novos. O resultado você confere no vídeo:
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=rVdJNcfPDvA

Totalmente gratuito e com suporte ao português do Brasil, o Trapster possui versões compatíveis com as principais plataformas do mercado: iOS, Android, Windows Phone, Windows Mobile, Symbian, BlackBerry e até Palm. Ele também pode ser instalado nos aparelhos de GPS da Garmin e da TomTom. Os links para download estão disponíveis na página oficial do aplicativo.

26 de jun. de 2012

O que 5 cidades do mundo fizeram contra os congestionamentos

Revista Exame.com

Semáforos inteligentes e construção de ciclovias estão entre os exemplos que cidades de diferentes continentes aplicaram para tentar resolver o desafio da mobilidade urbana.



Pequenas ou grandes soluções
   
Sâo Paulo - Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgado no ano passado mostrou que 43% dos motoristas de carros enfrentam congestionamentos diariamente. E esta pesquisa não se refere somente a São Paulo ou metrópoles como Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Ela inclui 143 cidades de todas as regiões do Brasil.

Conviver com o para e anda do tránsito intenso é, portanto, uma realidade nacional, mesmo que em graus variados. E a resolução desta dificuldade, uma preocupação dos eleitores do país.

''Mas não existem soluções mirabolantes. Assim como na saúde pública, elas são conhecidas e relativamente simples, só que o Estado não faz'', afirma o presidente do Instituto Brasileiro de Segurança no Trânsito (IST), David Duarte.

Clique nas imagens para ver exemplos de medidas consideradas bem sucedidas nas cidades onde foram aplicadas. O fato de terem obtido bons resultados em outras localidades, porém, não quer dizer que possam ser importadas para o Brasil.

Afinal, Los Angeles, Londres, Cingapura, Amsterdã e Brisbane passaram por processos completamente diferentes de desenvolvimento. Mesmo assim, vale imaginar se as medidas fariam sentido ou não na sua cidade.



Los Angeles (Estados Unidos) - Carona solidária

Na terra por excelência do automóvel - mais de 250 milhões, enquanto no Brasil não chega a 70 - uma das soluções para o tráfego passou mais por aprimorar o sistema de transporte individual que o público.

Foi o que fez a cidade de Los Angeles, na Califórnia, desde o fim dos anos 60, com a instalação das faixas HOVs, acrônimo em inglês para Veículos com Alta Ocupação, em tradução livre. Trata-se, basicamente, de faixas reservadas nas rodovias exclusivamente para automóveis com pelo menos dois ocupantes. No caso de Los Angeles, carros elétricos e alguns híbridos também podem usar a faixa exclusiva.

Segundo as autoridades de trânsito, em horários de pico, as faixas HOVs recebem por hora 1,3 mil veículos, enquanto as normais levam 1,8 mil, em média. A diferença é que a primeira transporta 3,3 mil pessoas, e a segunda 2 mil.

Para garantir o sucesso das faixas, o governo do sul da Califórnia mantém um programa de compartilhamento de caronas com mais de 250 mil inscritos.

Curiosa foi a forma que alguns motoristas usaram para driblar a fiscalização nos primeiros anos do sistema, usando bonecos infláveis ou manequins como passageiros. A multa por se aproveitar da faixa HOV sem um segundo ocupante pode chegar hoje a salgados 381 dólares.

     
Londres (Reino Unido) - Semáforos inteligentes

Os ônibus na capital britânica possuem faixas exclusivas, assim como em algumas cidades brasileiras. Mas para que as pessoas realmente optem por este meio de transporte, são usados semáforos inteligentes, que se comunicam com os coletivos e adaptam o tempo de vermelho e verde de acordo com a presença destes. No Brasil, Curitiba tem sistema similar.

''Se o semáforo ainda tiver 30 segundos de verde e o ônibus estiver chegando, ele não faz nada. Mas se o tempo for menor, ele calcula o quanto ônibus vai demorar e dá um chorinho até o ônibus passar. No vermelho, ele pode abreviar para o corredor do ônibus'', explica o consultor em engenharia de tráfegos e transporte Horácio Figueira.

Segundo uma instituição de pesquisa de transporte de Londres, a RAC, em 2008, eram mais de 6 mil semáforos na capital britânica, com 3,2 mil programados para dar prioridade ao transporte coletivo.

Nos anos 70, semáforos e ônibus se comunicavam por radiofrequência. Hoje, já há meios mais modernos. A implementação deste sistema foi considerada ''relativamente fácil'' e ''com baixo custo'' pelo engenheiro norte-americano e especialista em transportes, Thomas Urbanik, ainda em 1977.

   
Cingapura - Pedágio urbano

Roma, Oslo, Londres e Milão são cidades europeias que adotam o polêmico sistema de tarifação conhecido popularmente como pedágio urbano. Foi Cingapura, porém, a primeira nação a adotar o sistema, em 1975, mantendo-o até hoje.

No começo, a restrição foi adotada somente no horário de pico da manhã, e apenas mais de uma década depois passou valer também para o horário de volta.

Segundo um trabalho brasileiro sobre pedágio urbano, logo no começo, o governo de Cingapura contabilizou uma redução de 25% no número de acidentes de trânsito. A utilização do transporte público passou de 46% para 63% da população.

É preciso ressaltar que o pedágio veio acompanhado por investimentos no setor público de transportes. Em 1998, a cobrança passou a ser feita automaticamente, como pode ser visto na foto ao lado.

    Grandes cidades do mundo pensam hoje em implantar o pedágio urbano. Uma delas é Nova Deli, na Índia, onde a frota de motos e carros passa de cinco milhões, contra meio milhão em Cingapura. Nestes casos, as dificuldades operacionais são maiores.

     
Amsterdã (Holanda) - Ciclovias

Alguns ciclistas brasileiros são ativistas da causa de tornar as cidades brasileiras mais amigáveis para bicicletas. Neste sentido, os 400 quilômetros das fietspaden (ciclovias) de Amsterdã podem ser consideradas um dos sonhos de ''consumo'' para quem deseja uma maior participação das bikes no transporte urbano.

Como política de transporte, uma bicicleta a mais pode significar um carro a menos nas ruas. Em toda a Holanda, quase 30% das locomoções são feitas por bicicleta e o uso destas por crianças para ir e vir da escola é massivo. Não é raro ver jovens indo para ''baladas'' com as magrelas.

Em Amsterdã, tornar as ruas seguras para bicicletas significou basicamente dar a elas o mesmo tratamento dispensado aos carros: construção de espaços exclusivos, separadas dos veículos, com semáforos e sinalização próprios, além da criação de estacionamentos por toda a cidade, como o da foto ao lado, na Estação Central de trem.

Claro que a massificação do uso da bicicleta torna estas mais atraentes para ladrões, por isso é preciso cuidado, já que milhares delas são roubadas por ano na capital holandesa.

   
     
Brisbane (Austrália) – Estacionamentos Park and Ride

O conceito de ''Park and Ride'' consiste basicamente em construir estacionamentos perto ou ao redor de estações de trem, metrô e ônibus. A medida visa unir o melhor de dois mundos: o motorista tem a comodidade de não ter que andar de casa até o ponto de transporte público – que não raro fica longe – e evita os congestionamentos e caros estacionamentos da região central de uma cidade.
 
Ao mesmo tempo, a medida consegue retirar veículos da área mais lotada do município.

 Em Brisbane, os Park and Ride são construídos a uma distância mínima de 10 quilômetros do centro, mas moradores que moram dentro deste raio pedem que esta distância seja encurtada. Um desafio que exige estudo das autoridades de trânsito é que alguns desses estacionamentos gratuitos ficam lotados e acaba sobrando carro para a vizinhança onde estão localizados.

O conceito de Park and Ride pode ser visto em várias cidades do mundo, com variados graus de implementação. Em São Paulo, algumas estações de metrô possuem o E-Fácil.

Fonte: 

Apresentado na OPAS/OMS no Brasil Estudo sobre comportamentos e atitudes no trânsito em cinco capitais brasileiras

Organização Pan-Americana de Saúde
Instituto de Pesquisa apresentou, em 27 de abril de 2012, resultados de um inquérito acerca do perfil e de atitudes de usuários das vias públicas nas cidades que compõem do Projeto RS-10/Vida no Trânsito.

O Projeto “RS-10/Vida no Trânsito”, que visa a  redução das mortes e lesões graves no trânsito, previu entre suas ações o suporte a campanhas preventivas. Para tanto,encomendouum estudo quantitativo junto a usuários das vias publicas das cinco capitais que compõem o Projeto (Belo Horizonte, MG; Campo Grande, MS; Curitiba, PR; Palmas, TO e Teresina, Pi) com questões que visaram conhecer as atitudes de motoristas, motociclistas e pedestres acerca de fatores de risco “direção após ingestão de bebida alcoólica” e “velocidade excessiva/inadequada”, bem como sobre as políticas públicas voltadas à segurança viária.

O estudo teve por objetivo subsidiar o desenvolvimento de campanhas, de modo a e laborar e endereçar  mensagens de modo eficaz. O trabalho identificou aspectos como hábitos, opiniões, percepções e níveis de concordância da população acerca de fatores de risco no trânsito, conhecimento da legislação e hábitos de mídia. O conjunto de resultados trazidos serão, agora, devidamente analisados e ponderados para seu uso efetivo para as ações preventivas a que se propõem.   
   
Entre os resultados obtidos no estudos, tem-se que:  

1. Os incidentes e mortes no trânsito são o 2o tema que mais gerou preocupação entre os entrevistados, comparativamente a temas como criminalidade; poluição; padrões de e saúde; corrupção; congestionamentos e  desemprego;

2. Três fatores de risco: dirigir após ingerir bebidas alcoólicas; dirigir após consumir drogas ilícitas e dirigir acima dos limites de velocidade foram considerados importantes como causas dos acidentes e mortes no trânsito por, 93%, 92% e 86% dos participantes respectivamente; 

3.  A maioria dos entrevistados concordam com as afirmativas de que dirigir embriagado é crime (88%); dirigir após ingerir uma dose de bebida pode causar acidentes de trânsito (63%) e dirigir 25 ou 30Km/h acima da velocidade permitida pode causar acidentes de trânsito (81%). Contudo, cai para 62% a proporção dos concordam que dirigir 5 ou 10 Km/h acima da velocidade permitida podem causar acidentes de trânsito.

4. Para 92%, as autoridades deveriam se empenhar em melhorar a qualidade das vias urbanas; 83% afirmam que os motoristas deveriam ter um melhor treinamento/qualificação; 90% pensam que penalização por dirigir após consumir bebidas alcoólicas deveria ser mais rigorosa  e 81% pensam que penalização por excesso de velocidade deveria ser mais rigorosa.  

5. Outros fatores de risco também são considerados importantes em todas as capitais: uso do celular ao dirigir (82%); Má formação/qualificação dos condutores (80%); Más condições das vias (79%); stress dos condutores (78%); má condição do veículo (76%); dirigir cansado (75%) e mirigir após tomar medicamentos (75%). 

6. As consequências de um incidente de trânsito  que mais preocupam os entrevistados são tirar a vida de outras pessoas (98%); ter sequelas permanentes (98%); ser preso em casos de acidentes causados por excesso de velocidade ou embriaguez ao volante (85%). Outras preocupações, em menor escala, são: ser punido com multa/perda de pontos na carteira (76%) e Ter prejuízos financeiros (71%).

7. Considerando a percepção da eficiência das ações implantadas pelo governo para inibir os acidentes de trânsito relacionados a consumo de álcool e velocidade (lei seca e sinalização/placas sobre velocidade), somente 31% as consideram como “totalmente eficiente”;

8.  Os entrevistados acreditam que os condutores dirigem após beber e não respeitam os limites de velocidade por que, em suma, não têm consciência da possibilidade de ocorrência e consequências dos acidentes, e têm clara percepção da impunidade em relação às infrações. É baixa a percepção da probabilidade de um condutor de veículo motorizado ser pego no teste de teor alcoólico “bafômetro”(22%) ou ser multado (32%), ainda que haja, por parte de 60% dos entrevistados, consciência sobre a probabilidade do condutor se envolver em um acidente de trânsito quando alcoolizado

10. Entre os entrevistados que dirigem veículo motorizado, 14% confirmam que dirigiram após consumir bebida alcoólica nos últimos 12 meses, e justificam este comportamento alegando principalmente que: não tem outros meios de transporte para voltar para casa (43%); já tem o hábito de beber e dirigir (16%); vê amigos/parentes conduzindo veículos após terem ingerido bebida alcoólica (8%); havia ingerido baixa quantidade de álcool (8%); por assumida Irresponsabilidade/inconsequência dos seus atos (8%).

11. Do mesmo modo, 31% dos entrevistados também confirmam que excederam o limite de velocidade permitido nos últimos 12 meses, e justificam este comportamento alegando principalmente que:  estão sempre com pressa de chegar ao seu destino (25%);  por distração/falta de atenção (17%); consideram-se habilidoso(a)s (15%); o trânsito estava livre (8%); por falta de fiscalização (8%); e porque sabiam que não tinha chance de ser pego pela polícia (7%).  

12. Os motociclistas são apontados como os maiores causadores de acidentes de trânsito, tanto para os pedestres, quanto para os motoristas e inclusive para os próprios condutores/passageiros de motocicletas.

13. Os entrevistados pensam que, para inibir o comportamento inadequado da população frente aos fatores de risco é preciso, principalmente haver conscientização dos condutores do risco que correm; punição por meio da cassação da carteira de habilitação, multas, prisão dentre outras. Referiram também a aumento/intensificação da fiscalização através de blitz, bafômetro e radares. Mencionaram, por fim, haver a necessidade de aplicação das leis existentes ou a criação de leis mais rígidas. 

A investigação realizada foi feita por meio de um estudo quantitativo transversal, que envolveu uma coleta de dados por meio de entrevistas telefônicas CATI (Computer-Assisted Telephone Interview), utilizando questionários semiestruturados, com a inclusão de perguntas abertas exploratórias. A amostra de 2.000 entrevistas  foi obtida a partir de uma sub amostra dos respondentes da pesquisa VIGITEL 2011.

O Sistema VIGITEL – Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico é uma ação da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, e tem por objetivo monitorar a frequência e a distribuição de fatores de risco e proteção para agravos e doenças crônicas não transmissíveis nas capitais dos 26 estados brasileiros e no DF, por meio de entrevistas telefônicas realizadas em amostras probabilísticas da população adulta residente em domicílios servidos por linhas fixas de telefone em cada cidade.

O Projeto “Vida no Trânsito”, no âmbito do qual o estudo foi demando, é a denominação, no Brasil, do Projeto Road Safety in Ten Countries (“RS-10”), voltado à redução das mortes e lesões causadas no trânsito em 10 países, com o financiamento da Fundação Bloomberg e coordenação global da Organização Mundial de Saúde (OMS) e suas agências regionais.

No Brasil, o Projeto é desenvolvido em cinco capitais: Belo Horizonte-MG; Campo Grande-MS; Curitiba-PR; Palmas-TO e Teresina-PI, e conta, além do suporte da Organização Pan-americana de Saúde (OPAS/OMS no Brasil), com a Coordenação e aporte técnico e financeiro do Ministério da Saúde e o apoio técnico da Global Road Safety Partnership nas ações de capacitação das equipes técnicas das cidades. A John Hopkins University, junto a universidades brasileiras UFRGS, UFMG e PUC-PR  promove a avaliação externa do Projeto no País.
 

21 de jun. de 2012

Congresso Internacional de Trânsito


O Congresso Internacional de Trânsito tem como principal objetivo promover a análise do primeiro ano da Década no Brasil e disseminar experiências internacionais na redução da acidentalidade no trânsito. Quando a Organização das Nações Unidas lançou, há um ano, o desafio de reduzir em 50% a taxa de mortes no trânsito até 2020, o Rio Grande do Sul já abraçara a causa do trânsito como projeto de Governo. Em sintonia com os pilares propostos pela ONU, está fortalecendo a gestão da segurança no trânsito e atuando junto aos usuários das vias para gerar comportamentos seguros. Este quarto pilar também norteia a realização deste Congresso Internacional de Trânsito, que marca os 15 anos de atuação do Detran gaúcho.

TEMA

O tema do Congresso Internacional de Trânsito 2012 é "Ideias que Salvam Vidas". Com esse tema pretende-se analisar e compartilhar ideias de todo o mundo por um trânsito melhor. "Ideias que salvam vidas" não são privilégio de especialistas. Eles podem, porém, semear informações e relatos de experiências , para que outros os transformem em ações capazes de gerar frutos.

DATA E LOCAL

17, 18 e 19 de julho de 2012, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul (Centro de Convenções Barra Shopping Sul).

PROGRAMAÇÃO 

Dia 17

18h – Credenciamento e recepção

20h – Abertura oficial

22h – Encerramento

Dia 18

9h – Conferência: Alessandro Barcellos - Diretor-Presidente do Detran/RS
         Tema: Ideias que salvam vidas

10h – Conferência: Felipe Rodriguez Laguens - Diretor Executivo da Agência Nacional de Segurança Viária da Argentina
Tema: Segurança viária - a experiência argentina
Debatedor: Alessandro Barcellos – Diretor-Presidente do Detran/RS
11h30 – Conferência: Cheila Marina de Lima - Consultora da Área Técnica de Vigilância e Prevenção de Violência e Acidentes do Ministério da Saúde
                Tema: O Ministério da Saúde e o enfrentamento das lesões e mortes no trânsito

12h – Intervalo para almoço

14h – Conferência: María Seguí Gómez - Diretora-Geral de Trânsito da Espanha
Tema: A estratégia multi-institucional espanhola pra a segurança viária
                 Debatedor: Deputado Federal Hugo Leal – Presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Trânsito Seguro

16h – Intervalo

16h30 – Belo Horizonte/MG: Projeto “Vida no Trânsito” – Jussara Belavinha - Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte – BHTRANS

17h – Campo Grande/MS: Projeto “Vida no Trânsito” – Ivanise Rotta – Agência Municipal de Transporte e Trânsito – AGETRAN

17h30 – Conferência IPEA

18h30 - Encerramento

Dia 19

9h – Palmas/TO: Projeto “Vida no Trânsito” –  Marta M. M. Alves – Vigilância Epidemológica Municipal 09h30 – Teresina/PI: Projeto “Vida no Trânsito” – Audea Lima -  Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito - STRANS

10h – Conferência: Joël Valmain – Conselheiro Técnico “Europa-Internacional” do Delegado Interministerial para a Segurança Viária – Ministério do Interior - França
Tema: A política de segurança viária na França e seus desdobramentos internacionais
Debatedor: Beto Grill - Vice-Governador do Estado do Rio Grande do Sul e Coordenador do Comitê Estadual de Mobilização pela Segurança no Trânsito
12h – Intervalo para almoço

13h30 – Curitiba/PR: Projeto “Vida no Trânsito” – Celso Alves Mariano – Secretaria Municipal de Trânsito - Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito - SETRAN

14h – Conferência: Heloisa Helena de Mello Martins – Companhia de Engenharia de Tráfego/SP
Tema: Segurança sobre duas rodas: a experiência paulistana 2005/2012
15h – Conferência: Tanara Rosângela Vieira Sousa – Coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Trânsito e Álcool do Hospital das Clínicas de Porto Alegre/RS
              Tema: Avaliação dos resultados do projeto “Vida no Trânsito” no Brasil e no RS10

15h30 – Conferência: Flávio Pechansky – Diretor do Centro de Pesquisas em Álcool e Drogas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
              Tema: Alcoolemia e segurança no trânsito

16h – Intervalo

16h30 – Conferência: Janet Dore - CEO da TAC/Austrália
Tema: “Conte a verdade, mostre a realidade” – 20 anos de campanhas públicas de segurança
Debatedor: Alfredo Fedrizzi – Publicitário e Sócio-Diretor da Agência Escala
17h – Projeto “Juntos pela Vida” – Detran/ES

17h30 – Encerramento – Apresentação da peça teatral “Exército de Sonhos”

INFORMAÇÕES E INSCRIÇÕES: http://www.congressodetransito.rs.gov.br

Seminário Internacional Cadeirinhas


Mapfre: falta do uso de cadeirinha levou a óbito mais de 6 mil crianças na América Latina

Pesquisa da Fundación Mapfre, que inclui importantes dados sobre o Brasil, será apresentada em São Paulo/SP, no próximo dia 28, e mostrará que trânsito já é responsável pela morte de quase 6,5 mil crianças por ano na América Latina.

Cerca de 6,5 mil crianças morreram na América Latina em 2009 por falta do uso da cadeirinha. Este é o resultado de um importante estudo feito pela Fundación Mapfre, instituição sem fins lucrativos que tem como objetivo a formação do cidadão e a disseminação de valores e cultura, e que será apresentado pela instituição em São Paulo/SP na próxima quinta-feira, 28.

A pesquisa, realizada em países da América Latina e do Caribe, além da Espanha, Turquia, Malta e da Suécia, mostra ainda que para cada criança da Suécia (país utilizado como base por ter a menor taxa de crianças falecidas em acidentes de trânsito) morta em decorrência da ausência desses equipamentos, morrem mais de 155 no trânsito das cidades brasileiras.

Para debater questões desta natureza, a Fundación Mapfre realizará o Seminário Internacional "Segurança da Criança nos veículos: Dispositivos Infantis de Retenção Veicular no Brasil", encontro que contará com a parceria da organização não-governamental (ONG) Criança Segura (dedicada à promoção da prevenção de acidentes com crianças e adolescentes de até 14 anos) e que permitirá uma ampla discussão a respeito deste grave problema de segurança viária.

O levantamento será apresentado pelo diretor do Instituto de Segurança Viária da Fundación Mapfre na Espanha, Julio Laria del Vas, e terá comentários da coordenadora Nacional da ONG Criança Segura, Alessandra Françoia; do coordenador do Projeto Criança e Segurança da Unicamp, prof. Celso Arruda; do gerente de Segurança no Trânsito da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-SP), Luiz de Carvalho Montans; e da coordenadora de Educação no Trânsito do Denatran, Maria Cristina Hoffmann.
Segundo a diretora da Delegação da Fundación Mapfre no Brasil, Fátima Lima, "a iniciativa traz à tona a discussão de um tema bastante relevante para a sociedade, uma vez que o uso desses equipamentos pode reduzir o risco de morte em 71% e o de hospitalização em 69%". Ainda de acordo com a executiva, "estes dados deixam claro que esses recursos são a única forma segura de transportar crianças em veículos". 
 

Palestra de Irene Rios no 2º Fórum Sul-brasileiro de Segurança e Educação para o Trânsito



Fonte: http://www.facebook.com/fabet.fattep

2º Fórum Sul-brasileiro encerra com mais de 250 participantes

A palestra sobre a Lei 12.619, que regulamenta a profissão de motorista, atraiu diversos transportadores e público interessado para o auditório da FABET na noite de quarta-feira, dia 20. O tema escolhido para o encerramento do 2º Fórum Sul-brasileiro de Segurança e Educação para o Trânsito gerou debate entre os palestrantes, os advogados Cássio Vieceli e Éderson Vendrame, e os presentes. A nova lei, que á entrou em vigor dia 17 de junho, vai trazer inúmeras mudanças na rotina do motorista, das empresas de transporte, dos embarcadores e demais envolvidas no segmento.

O Fórum aconteceu dias 19 e 20 de junho e teve como objetivo reunir educadores, pessoas ligadas ao setor do transporte e ao tema, para discutir programas, ideias e projetos que possam trânsito. Nomes como o do Major Ricardo Alves, das educadoras Irene Rios e Ivani Kalman, da doutoranda Fernanda Narciso (membro do Instituto do Sono/SP), bem como as profissionais Rosângela Bittencourt, do DETRAN/SC e Rita de Cássia, Denatran, de Brasília, abrilhantaram o evento e contribuíram com suas experiências e apresentações para o aprendizado a cerca do tema trânsito.

O evento contou ainda com homenagem a Polícia Militar Rodoviária, pela doação de placas de trânsito para a pista interna de treinamento da FABET e agradecimento a Scania, parceira desde o a fundação da instituição, pela doação dos três primeiros caminhões com tecnologia Euro 5, completando a frota de 30 veículos cedidos pela empresa para formação e qualificação de motoristas da instituição na matriz em Concórdia e na Filial em São Paulo.

Além disso, a FABET aproveitou a oportunidade para apresentar a comunidade o seu mais novo parceiro, a NOMA do Brasil, realizando durante o Fórum a assinatura do Convênio de doação de três implementos rodoviários que também irão contribuir com o trabalho de educação para o trânsito desenvolvido pela Fundação.

Educadores de diversos municípios da região estiveram presentes durante as 20 horas do Fórum. Interessados de Concórdia, Irani, Peritiba, Seara, Ipumirim, Chapecó, Caçador, Fraiburgo, Passo Fundo, Itapiranga, Joaçaba, Paial, Xavantina, entre outros municípios, participaram do evento e agora estão levando sua contribuição e conhecimento adquirido a respeito do trânsito para suas cidades.  

O 2º Fórum Sul-brasileiro de Segurança e Educação para o Trânsito foi realizado pela FABET, em comemoração aos 15 anos da Fundação, ocorrido em fevereiro deste ano. Este evento aconteceu graças às parcerias com DETRAN, Denatran, Scania, Noma e Setcom, e contou com o apoio da Dpaschoal, Fundação Educar Dpaschoal, Inviosat, Icaropê, Brindal, O Jornal e Criativa Finger Móveis Planejados.

Agora a equipe da Fabet vai receber as fichas de avaliação do evento para análise e vai pontuar todos os pontos positivos e de melhoria. No próximo Fórum e nos próximos eventos promovidos pela instituição, as questões mencionadas na avaliação serão levadas em consideração pela equipe, procurando oferecer um serviço com ainda mais qualidade aos participantes.

FONTE: Jussara Acordi Loguercio
Disponível em: http://www.fabet.com.br/noticias.php?titulo=2%BA+F%F3rum+Sul-brasileiro+encerra+com+mais+de+250+participantes&task=view&page=1&idNoticia=340 - Acesso em 21/06/2012

Curso de Formação para Professores Multiplicadores de Educação para o Trânsito, com Irene Rios, em São Bernardo do Campo - SP


Curso de Formação para Professores Multiplicadores de Educação para o Trânsito

Realizado nos dias 13 e 14 de junho de 2012, pela Prefeitura de São Bernardo do Campo - SP.

Facilitadora: Irene Rios











Gasto com internação de motociclistas sobe 113% em 4 anos

O custo de internações por acidentes com motociclistas pagas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), em 2011, foi 113% maior do que em 2008, passando de R$ 45 milhões para R$ 96 milhões, segundo levantamento inédito do Ministério da Saúde. O crescimento dos gastos acompanha o aumento das internações que passou de 39.480 para 77.113 hospitalizados no período. 

"O Brasil está definitivamente vivendo uma epidemia de acidentes de trânsito e o aumento dos atendimentos envolvendo motociclistas é a prova disso. Estamos trabalhando para aperfeiçoar os serviços de urgência no SUS, mas é inegável que esta epidemia está pressionando a rede pública", avalia o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. 

O número de mortes por este tipo de acidente aumentou 21% nos últimos anos - de 8.898 motociclistas em 2008 para 10.825 óbitos em 2010. Com isso, a taxa de mortalidade cresceu de 4,8 óbitos por 100 mil habitantes para 5,7 mortes por 100 mil entre 2008 e 2010. 

"A elevação dos acidentes envolvendo motociclistas fez com que, pela primeira vez na história, a taxa de mortalidade deste grupo superasse a de pedestres (5,1 /100 mil) e a de outros veículos automotores (5,4/100 mil), como carros, ônibus e caminhões", alerta Padilha. 

Os jovens são as principais vítimas segundo o estudo: cerca de 40% dos óbitos estão entre a faixa etária de 20 a 29 anos. O percentual cresce para 62% entre 20 a 39 anos e chega a 88% na faixa etária de 15 a 49 anos. Predominantemente homens, em 2010, representaram 89% das mortes de motociclistas (9.651 óbitos). 

Monitoramento

O Ministério da Saúde monitora mortes e internações por acidentes de trânsito a partir do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS), respectivamente. "Estamos melhorando a coleta de dados e qualificando as informações juntamente com as secretarias estaduais e municipais de Saúde. Com a ajuda das delegacias, dos institutos médicos legais e dos hospitais, é possível qualificar mais a informação e fazer um melhor diagnóstico da situação dos acidentes, e assim, atuar com políticas públicas pontuais", explica a diretora de análise de situação em saúde do Ministério da Saúde, Deborah Malta. 

Além do crescimento de fatores de risco importantes, como excesso de velocidade e consumo de bebida alcoólica antes de dirigir, Deborah aponta o incremento na frota de veículos como fator para o aumento da ocorrência de acidentes. Segundo o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), o número de veículos registrados cresceu 16,4% entre 2008 e 2010, passando de 54.506.661 veículos para 65.205.757. No mesmo período, os óbitos foram de 38.273 para 42.844 ¿ alta de 12%. 

Já a frota de motocicletas foi ampliada em 27% - de 13.079.701 para 16.622.937 -, implicando elevação na proporção destas em diante do total de veículos de 24% para 25,5%. 

Fonte: 

Saiba de que maneira as manobras no trânsito devem ser sinalizadas para evitar acidentes


É difícil encontrar alguém que não se irrite com esse gesto imprudente no trânsito. O apelo para que a regra seja cumprida já chegou até às redes sociais. Todos, em uma só voz, pedindo: use a seta para indicar manobras no trânsito. Apesar da campanha, é comum encontrar condutores que parecem estar dirigindo sozinhos e que não se preocupam em dizer para os motoristas ao redor o que irão fazer nas pistas. 

 (Greg e Silvino/ DP)

A estudante Marcelle Sales, de 20 anos, pertence ao grupo de pessoas que ficam irritadas quando alguém não sinaliza uma manobra. “Vejo muito motorista assim todos os dias. Sinalização é fundamental, principalmente em um trânsito louco como o do Recife”, diz Marcelle. Ela também relata que seu pai quase se envolveu em um acidente por causa de um condutor imprudente. “A pessoa estava no meio da via e entrou numa rua à esquerda, sem sinalizar, passando pela frente do meu pai, que estava na esquerda”.

O estudante Anderson Bem, 20, também quase se envolveu em acidente por conta da irresponsabilidade de um motorista. “Ele foi da faixa da esquerda para a da direita sem avisar. Tive de desviar para não bater. Se tivesse algum carro na direita, haveria um acidente”, conta o estudante. Ele também diz que faz o máximo para sempre sinalizar. “Infelizmente, às vezes, escorregamos. Mas é preciso estar atento e sinalizar para andar com segurança”.
Para Gomes Filho, planejamento é essencial para não esquecer de usar a seta (Julio Jacobina/DP/D.A Press)
Para Gomes Filho, planejamento é essencial para não esquecer de usar a seta

O instrutor de direção defensiva da Cooperativa Especializada em Trânsito (Coopetrans), Gomes Filho, fala que a falta de uma boa sinalização horizontal nas vias do Recife pode levar os condutores a não sinalizar corretamente. “Muitas vezes, o motorista só sabe que uma obra está acontecendo quando se depara com um cone que indica isso. Na afobação para trocar de faixa, a seta é esquecida”, diz. “É bom também ter um planejamento do percurso. Ao dar uma carona para alguém, por exemplo, o caminho pode mudar no meio da viagem e a seta ser negligenciada pela pressa”.
Marcelle diz que vê muito motorista que não sinaliza suas manobras no Recife (Ricardo Fernandes /DP/D.A Press)
Marcelle diz que vê muito motorista que não sinaliza suas manobras no Recife

O também instrutor da Coopetrans, Reginaldo Honório, aconselha os condutores a usarem a seta mesmo quando não há carros vindo atrás. “Além de ajudar a memorizar a ação, o pedestre saberá para onde o carro vai. Assim, a sinalização nunca será esquecida e quem estiver na calçada também ficará seguro”, garante.

+Saiba mais

Para não esquecer a seta

- Planeje seu percurso para não ser surpreendido durante a viagem; 

- Procure sair com certa antecedência de casa, principalmente se nunca tiver feito o caminho antes;

- Combine com seu carona o percurso que será feito;

- Utilize a seta mesmo quando estiver sozinho em uma via. O costume de sinalizar fará com que você nunca se esqueça da regra e deixará pedestres cientes do movimento do carro.


Quando utilizar

Setas 

- Para mudar de faixa. Ligue a seta para o sentido que deseja ir, olhe o retrovisor para ver se há condição de fazer a manobra e, só então, mude de faixa;

- Na presença de ciclista, carroça ou cone, basta sinalizar com a seta para avisar ao condutor de trás sobre o fato. Mas não é necessário trocar de faixa, basta desviar. 

Pisca alerta 

- Se visualizar inesperadamente algum buraco grande ou animais na via; 

- Avisar ao condutor de trás que irá parar para deixar pedestres atravessarem em faixas sem semáforo. Se o carro de trás vier em alta velocidade, é aconselhavel não parar. É preciso ser solidário, mas a integridade física de todos é prioridade;

- Parar para que passageiros embarquem ou desembarquem no carro;

- Avisar que será solidário e dará a vez para que um motorista que se encontra na via lateral entre no fluxo da via principal. O mesmo deve acontecer se a vez for dada para motorista que estiver saindo de um estacionamento;

- Se estiver procurando vaga de estacionamento. Isso evitará que o carro de trás fique muito próximo e impeça que a manobra de estacionamento seja realizada.

Mãos
- Se as luzes estiverem queimadas, as mãos devem indicar as manobras que o motorista fará. Mas essa deve ser uma solução paliativa. Antes de sair com o carro, todas as luzes devem ser checadas e, em caso de problema, trocadas. 

Fontes: Gomes Filho e Reginaldo Honórios, instrutores de direção defensiva da Coopetrans

Código de Trânsito Brasileiro

- Artigo 43 - O condutor deve indicar, de forma clara, com a antecedência necessária e a sinalização devida, a manobra de redução de velocidade;

- Artigo 196 - Deixar de indicar com antecedência, mediante gesto regulamentar de braço ou luz indicadora de direção do veículo, a realização da manobra de parar o veículo, a mudança de direção ou de faixa de circulação é infração grave, com multa de R$ 127,69 e cinco pontos na carteira;

- Artigo 230 - Conduzir veículos com defeito no sistema de iluminação, de sinalização ou com lâmpadas queimadas é infração média e acarreta multa de R$ 85,13, além de quatro pontos na habilitação.
Vrum 19-06-12

7 de jun. de 2012

Por que viramos monstros no trânsito?

Só em São Paulo, a polícia separa cerca de 70 brigas de trânsito por dia. Por que cidadãos comuns perdem a cabeça ao volante? 

Verônica Mambrini, iG São Paulo


Foto: AE Ampliar
Acidente entre Porsche e Tucson no Itaim Bibi

O analista de sistemas William Cruz, 37 anos, já recusou duas propostas de emprego porque teria que ir de carro. Não que ele não tenha habilitação. Mas, há cinco anos, não dirige a não ser em casos de extrema necessidade. A decisão foi tomada porque William percebeu que se transformava quando estava ao volante.

COMO MANTER A CALMA E EVITAR BRIGAS

“Cheguei a ser perseguido por um maluco com a arma para fora da janela e a perseguir alguns outros para me vingar de uma fechada”, diz o ex-motorista agressivo. “Dirigir me tirava do sério e me transformava em outra pessoa. Cheguei a ter ataques de fúria, aliviados com socos no volante e gritos de raiva com a janela fechada, por frustração de estar parado.”

Ele deixou o carro pela bike, e os sintomas passaram. “Dirigir em São Paulo é o caminho para a insanidade ou o infarto precoce”, afirma. “Quando comecei a usar a bicicleta na rua me curei disso, porque percebi o quanto as vidas fora do carro eram frágeis e o quanto aquele comportamento as colocava em risco.”

William não está sozinho e qualquer motorista nas grandes cidades pode comprovar isso – dentro ou fora de seu carro. Ao volante, perdemos a cabeça e fazemos coisas que jamais faríamos em juízo normal. De acordo com a Polícia Militar de São Paulo, 70 chamadas diárias são para resolver brigas de trânsito. Mas o que transforma cidadão em monstros ao volante?
 
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  “A raiva vem da frustração e da falta de respeito pelos outros. É um estado emocional que vem como uma explosão na mente e no corpo”, diz Leon James, professor de psicologia da Universidade do Havaí que especializou-se em stress no trânsito. Ele explica que quanto mais um motorista fica remoendo um incidente no trânsito e pensando nisso, mais está predisposto a ter um ataque de fúria. “Eventos negativos no trânsito são o gatilho da sensação de raiva, que fazem o motorista ter a sensação de que a culpa é do outro, que o outro é sempre culpado por seu atraso ou erro”.


Foto: Arquivo pessoal
William Cruz adotou a bicicleta porque reconheceu que se transformava ao volante

Raiva no trânsito é doença

Pode parecer que é só o jeito mais “pavio curto” de algumas pessoas, ou que o trânsito é assim mesmo, mas chegar ao ponto de brigar com desconhecidos no trânsito pode ser uma doença grave. “A maioria dos indivíduos agressivos no trânsito é portador de transtorno explosivo intermitente (TEI), segundo estudos internacionais”, diz a psicóloga Maria Christina Armbrust Virginelli Lahr. “O ambiente é um desencadeador.” De acordo com ela, cerca de 6% da população mundial sofre do transtorno. “A relação do TEI e com o trânsito é estudada há mais de 60 anos, pelo risco de saúde pública.”

De acordo com a psicóloga, as pessoas não procuram tratamento porque acham que é normal. “Mas essa agressividade afeta a vida delas, pode trazer prejuízos pessoais, profissionais”, afirma Maria Christina. “O agressivo se sente vítima de injustiça, tem incapacidade mental de lidar com frustração e não suporta ser criticado. Nunca houve tantos estímulos para o TEI se manifestar”, afirma a psicóloga. Para piorar, a sensação de anonimato no trânsito favorece o sentimento de hostilidade pelo outro.
 

Para ela, existem pessoas que não poderiam sequer ter carta de habilitação. “A avaliação psicológica do candidato é falha. O psicotécnico por si só não consegue identificar quem é apto a enfrentar o trânsito”, afirma. De quebra, quem comete infrações e se mostra incapaz de se integrar socialmente com seu veículo no trânsito com outras pessoas não é suficientemente punido. “Não tem contenção para essas pessoas, que se tornam uma arma contra ela e contra os outros”, diz Maria Christina.


Foto: (Arquivo Pessoal) Ampliar
Priscila Moreno perdeu sua carteira em seis meses

Problemas de infra-estrutura

Mas o transtorno não acomete a todos que perdem a cabeça. Leon acredita que a direção agressiva é um mau hábito que tem cura. A raiva desproporcional que tira as pessoas do sério no trânsito é comum em grandes cidades e tem até uma expressão em inglês: “road rage”.

Diante de níveis alarmantes dessa doença social, São Paulo tem adotado medidas para minimizar caos no trânsito, como reduzir a velocidade das vias. Isso porque a forma como a cidade está organizada também faz diferença no gatilho da raiva: entre os fatores que Maria Christina elenca, está o mau estado de conservação das ruas e estradas, a falta de iluminação, a falta de controle dos agentes de trânsito, a negligência com os próprios erros, carros obstruindo os cruzamentos, a pressa. 
 
á uma explicação antropológica também. “Ter uma infraestrutura funcional e limpa faz você dirigir melhor. É como entrar na casa de uma pessoa: se é asseada e organizada, você é conduzido ao comportamento educado”, afirma o antropólogo Roberto da Matta, autor de “Fé em Deus e Pé na Tábua”, sobre o comportamento do brasileiro no trânsito.
 O antropólogo acha absurdo dados como as 70 brigas diárias registradas pela PM. “Isso nos diz que o espaço público brasileiro precisa ser politizado, no sentido de uma tomada de consciência para esses comportamentos absurdos”, afirma. “Somos alérgicos a igualdade. O sinal vale para todos, no cruzamento existe uma regra para dar passagem. Mas não somos educados para obedecer isso. No Brasil, desobediência é um sinal de inferioridade, quem obedecia era o escravo. Quem manda não obedece. Numa sociedade democrática, todos mandam e obedecem.”

Autocrítica

Essa sensação de ser justiceira no trânsito já fez parte da vida da designer Priscila Moreno, 28 anos. Ela acumulou tantos pontos que perdeu a carteira em seis meses. “Brigava muito, com todo mundo. Adorava ‘disciplinar’ os outros, impedindo ultrapassagens pela direita, por exemplo.” Ao mesmo tempo, abusava da velocidade quando não estava com o filho a bordo. Priscila bateu o carro da mãe três vezes e duas o do ex-marido. “Nunca feri ninguém por sorte”, diz. Priscila ainda é apaixonada por velocidade, mas trocou as quatro rodas por duas sem motor. Agora, ela policia os próprios comportamentos e não esquece que tem um filho para criar. “Comecei a fazer terapia também.”
 
Os especialistas são unânimes: falta olhar para o próprio comportamento. É como se a culpa fosse sempre do outro, e isso justificasse o comportamento agressivo. “Numa sociedade liberal e democrática, você trata o outro como gostaria de ser tratado”, afirma da Matta. Ele explica que por trás de frases como “mulher no volante, perigo constante”, ou “só podia ser um velho mesmo”, estão estereótipos que precisam ser discutidos e desmanchados. O brasileiro também tem uma relação enviesada com o espaço público, e não sabe se comportar com o coletivo. “É uma terra de ninguém onde existe uma disputa para hierarquizar”. Como é impossível saber quem está atrás do volante do lado, por via das dúvidas é melhor evitar a briga. 
 
Fonte: