Outro dia, peguei carona com o Rafael para ir ao trabalho. Evito andar de automóvel com ele. Porém, como perdi o ônibus e estava atrasada, fui
Rafael se considerava um bom motorista. Com 10 anos de Carteira de Habilitação, nunca tinha sido multado. Sempre dava um jeitinho de driblar a fiscalização. Nas estradas, estava sempre atento. Adorava velocidade. No entanto, quando via o aviso de radares na rodovia, tremiam-lhe as pernas e imediatamente diminuía a velocidade.
- Pagar para o governo. “Deus me Livre!” – pensava Rafael.
Sempre que ia para o interior, sua terra Natal, cometia todo tipo de imprudência.
Como lá a fiscalização estava pouco presente, abusava da velocidade. Não usava cinto de segurança. Forçava a ultrapassagem. Considerava-se o dono da estrada. Rafael tinha que manter a reputação de bom motorista perante os amigos da cidade. Para ele, bom motorista era aquele que infringia as Leis de Trânsito sem ser multado. Na roda de amigos, vivia se gloriando por esta façanha. Quando via alguém usando o cinto de segurança, afirmava:
- Não precisa usar isso, cara. Aqui não tem aqueles “guardinhas” pra multar.
Rafael não tinha a menor noção da utilidade do cinto de segurança. Havia esquecido as orientações que aprendera ao tirar a Carteira Nacional de Habilitação. Considerava os agentes de trânsito seus inimigos. Costumava afirmar que estavam nas rodovias apenas para lhe prejudicar, tentando tirar o seu dinheiro. Mas, como era um bom motorista, jamais seria multado por eles.
- Vocês não me pegam, não! Sou mais esperto! – dizia no interior de seu veículo, sem que eles ouvissem.
Voltando à carona com o Rafael, no caminho, seu celular tocou. Imediatamente me ofereci para atender.
- Não precisa não. Pode deixar. Aqui não tem perigo - Alegou ele.
Vejam que risco estava correndo. Rafael continuou dirigindo. Tarefa que naquele momento estava em segundo plano, pois conduzia o veículo com apenas uma das mãos no volante e com a atenção na pessoa que estava do outro lado da linha. Por duas vezes, quase invadiu a faixa contrária. A nossa sorte é que, logo em seguida, havia um posto policial. Assim que ele avistou a placa, exclamou:
- Tenho que desligar. Tem uns “Guardinhas” ali na frente. Depois a gente se fala. Beijo.
Senti um grande alívio. Dei graças por haver um posto policial naquele trajeto.
Após aquele dia, nunca mais aceitei carona dele. Tempo depois, fiquei sabendo que ele se envolveu num acidente, em sua terra Natal. Dirigia em alta velocidade e perdeu o controle do carro, batendo em um poste. Contaram-me que, quando foram fazer o laudo, mesmo estando gravemente machucado, seu único questionamento era:
- Seu “guardinha”, o senhor não me multou não, né?
SILVA, Irene Rios da. Quem? Eu? Eu Não! E outras crônicas de trânsito. Ilha Mágica Editora. São José, 2007. Página 23.
Sugestões de atividades transversais, envolvendo os conteúdos: Adjetivos, motoristas, velocidade, multas, cinto de segurança, celular x direção, carona, agente de trânsito.
1. Quais as atitudes corretas e incorretas citadas na crônica?
Resposta pessoal
a) Você conhece alguém com as características do Rafael?
Resposta pessoal
b) Você pegaria carona com o Rafael? Justifique.
Resposta pessoal
c) Quais os cuidados que devemos tomar ao pegar carona?
Resposta pessoal
d) Em que situações o cinto de segurança é importante? Por quê?
Resposta pessoal
2. Retire do texto os adjetivos e locuções adjetivas que acompanham os substantivos abaixo:
a) motorista: bom
b) Carteira: de habilitação
c) terra: Natal
d) cinto: de segurança
e) amigos: da cidade
f) Leis: de trânsito
g) agentes: de trânsito
h) faixa: contrária
i) posto: policial
j) alívio: grande
l) velocidade: alta
3. Transforme os adjetivos, correspondentes aos substantivos terra e posto, em locuções adjetivas.
terra de nascimento, posto da polícia.
4. Passe os adjetivos simples, correspondentes aos substantivos motorista e velocidade, para o grau superlativo absoluto sintético.
boníssimo, altíssima.
5. Que adjetivos você usaria para caracterizar Rafael?
Resposta Pessoal
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