Flagrados dirigindo embriagados, eles deixam de responder a processo criminal para cumprir obrigações, como ter contato com vítimas de acidentes.
Uma iniciativa de um juiz na região metropolitana de Curitiba tem ajudado motoristas flagrados bêbados a não pegar mais no volante depois de consumir álcool.
Anestino da Rocha, 42 anos. E um flagrante na volta do baile.
“Ah, acho que tinha tomado seis latinhas no baile. Mas já estava voltando para casa. Na minha cabeça eu estava são”, diz o pedreiro.
Pedro Henrique Gros, 26 anos, tinha ido até um posto de combustíveis buscar mais “combustível” para o churrasco da turma.
“Fui comprar mais vodka, mistura e gelo, estava no aniversário de um amigo meu e eu estava voltando no caminho, uma abordagem da polícia”, conta o representante comercial.
Flagrados dirigindo embriagados, eles admitiram o erro, poderiam pegar até três anos de prisão. Mas no caminho dos dois, além da polícia, havia um juiz, que, diante de casos assim, vai logo fazendo a proposta.
“Você tem direito que o seu processo seja suspenso se você cumprir determinadas obrigações. Uma é o comparecimento a uma sessão dos Alcoólicos Anônimos; a segunda, oito horas de palestras dadas por diversas entidades. Além disso, ele deverá passar 40 horas no hospital municipal aqui de São José dos Pinhais tendo contato direto com vítimas de acidente de trânsito”, explica o juiz Augusto Gluszczak.
Pedro ajuda a transportar um paciente que foi vítima de acidente de trânsito e que acabou de sair do centro cirúrgico, onde fez uma cirurgia no rosto e foi para o quarto até o dia em que receber alta.
Jornal Nacional: Pedro, muitos casos você viu nos últimos dias, né?
Pedro Henrique: Muitos, muitos, muitos!
“Eles se deparam com essa situação, auxiliando essas pessoas e aí eles começam a pensar diferente e a agir diferente também, que eles poderiam ter causado aquele acidente de trânsito”, diz Jeanine Luzia Ferreira de Paula, assistente social do hospital.
Noventa por cento das pessoas flagradas dirigindo sob o efeito de álcool em São José dos Pinhais nos últimos cinco meses aceitaram trabalhar no hospital. Ao todo, 100 motoristas. Uma chance de olhar para trás, reconhecer os deslizes e escolher um caminho mais seguro.
“Eu bebia bastante e dirigia né, agora parei com isso. Agora vou de ônibus, volto de táxi, pego carona, entendeu. Então parei com isso”, diz Anestino.
O Pedro viu gente ferida, machucada. Mas também viu gente nascer nesses dias. Vai sair de lá transformado por um choque de realidade
Jornal Nacional: Você caiu na real?
Pedro Henrique: Caí, ainda bem. Porque você passou na pele, vivenciou. Viu. Valeu a pena
Os motoristas escapam do processo criminal, mas não do Detran. Eles ainda podem perder a carteira e passar por curso de reciclagem.
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Muito bom este artigo.
ResponderExcluirconcordo desde que o mesmo não tenha se envolvido em acidente com vítima
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