27 de nov. de 2013

Mobilidade urbana: a cidade que queremos

Mobilidade urbana: a cidade que queremos Diorgenes Pandini/Divulgação
O problema da mobilidade urbana tem sido alvo de debates em todo o mundo. A grande questão é: como uma cidade pode crescer, gerar emprego e renda e, ao mesmo tempo, oferecer uma estrutura de transportes adequada? Até algum tempo atrás, a utilização do automóvel era sinônimo de conforto, velocidade e autonomia na mobilidade diária. Hoje, com o crescimento da população, a maior oferta de carros e o aumento dos engarrafamentos nas grandes cidades é necessário pensar em novas alternativas de transportes sustentáveis para a sociedade.

Segundo dados do Departamento Nacional de Trânsito-Denatran, nos últimos anos, o aumento no número de veículos automotores no Brasil foi dez vezes maior do que o aumento da sua população: enquanto a população cresceu em 12,2% numa década, o aumento do número de veículos motorizados foi de 138,6%. Joinville se insere nesta realidade, são mais de 340 mil no registro de veículos emplacados no Detran. 

Esses dados têm exigido uma nova postura por parte do poder público e da sociedade na solução do problema da mobilidade urbana.

Neste sentido, em janeiro de 2012, foi aprovada a nova Lei da Mobilidade. Ela traz um conjunto de medidas que prometem mudanças no sistema de mobilidade, que incluem a reorganização do transporte público e a restrição ao uso inadequado do automóvel. Tem como objetivos a integração entre os diferentes modos de transporte e a melhoria da acessibilidade e mobilidade das pessoas e cargas no território do Município, bem como a contribuição para o acesso universal à cidade, o fomento e a concretização das condições que contribuam para a efetivação dos princípios, e diretrizes da política de desenvolvimento urbano.

A lei precisa ser aplicada com determinação. Além disso, requer uma profunda revisão na alocação de recursos, reduzindo os subsídios dados ao automóvel, investindo em segurança no trânsito e apoiando sistemas integrados e de qualidade para pedestres, ciclistas e usuários de transporte público.

O que efetivamente pode ser feito? As pesquisas mostram que não há solução se o carro for privilegiado e as cidades continuarem a serem construídas para automóveis. A solução mais interessante é o investimento em transportes coletivos integrados, de qualidade e não poluentes, como primeiro passo para uma mobilidade urbana sustentável. Investir no transporte coletivo envolve a instalação de VLTs (veículos leves sobre trilhos), como trens, metrôs e bondes com novas tecnologias. E melhoria da qualidade dos ônibus, os tornando não poluentes. Além disso, é necessário integrar o transporte de uma cidade com ciclovias, ciclofaixas e sistemas de bicicletas públicas. Também é necessário respeitar o espaço destinado aos pedestres, investir em calçadas mais confortáveis e seguras, protegidas por sinalização, sem buracos ou qualquer tipo de obstáculo. Adicionalmente, a cidade deve ser planejada para aproximar as pessoas do trabalho, da educação, compras e lazer e reduzir a necessidade de transporte motorizado.

 necessário olhar para o planejamento das cidades, ou seja, como as regiões serão desenvolvidas? quais espaços públicos serão previstos? É preciso pensar na tão falada qualidade de vida. Pensar na cidade para as pessoas e não somente para os veículos. Investir em infraestrutura para vários modais de transporte. Perseguir estes objetivos não é tarefa fácil. Fica cada vez mais claro que a batalha da mobilidade urbana passa necessariamente por uma mudança de cultura. Esta mudança cultural virá na medida em que tenhamos um sistema de transporte público de qualidade, confortável, seguro, rápido e eficiente. 

*Christiane Wenck Nogueira Fernandes é doutora na área de transportes e logística, coordenadora do curso de engenharia de transportes e logística do Centro de Engenharias da Mobilidade da Universidade Federal de Santa Catarina e professora na área de engenharia de tráfego.

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