2 de mar. de 2012

Trânsito passa a influenciar escolha de moradia dos brasileiros

Muitas pessoas estão preferindo apartamentos menores e pertos dos seus trabalhos do que aqueles longe do centro e com grande metragem. 

Quando o funcionário público Valdeck Almeida pensou em trocar de apartamento, uma coisa ele tinha na cabeça: o local devia ser perto do trabalho. Depois de um longo tempo sofrendo com o trânsito na cidade de Salvador (BA), o objetivo de Valdeck era ganhar algumas horas preciosas de seu tempo. “Eu me irritava com todos os colegas no trabalho e atendia ao público com rispidez. A pior situação que passei no trânsito foi de quase quatro horas preso dentro de um ônibus. Parei para pensar e resolvei que o melhor era mudar de bairro para não ficar dependente do carro e de ônibus”, ressalta.

A mudança fez com Valdeck trocasse um apartamento de três quartos por um quarto e sala. E quem acha que isso foi um problema, está enganado. “Mudei e tudo melhorou. Moro a 500 metros do trabalho, vou caminhando todos os dias. Gasto poucos minutos no trajeto, não chego atraso, não chego suado, estressado e nem cansado. Minha qualidade de vida mudou totalmente, pois a caminhada me ajuda como exercício e até dá pra almoçar em casa, descansar um pouco e continuar a jornada”, comenta o funcionário público.

A escolha tomada por Valdeck em uma residência perto do trabalho, mesmo menor, está se tornando uma opção cada vez mais frequente para milhares de brasileiros. De acordo com Fábian Marian, professor da Pós-Graduação em Psicologia do Trânsito da Universidade São Francisco, isso acontece porque a interrelação entre pessoas e ambientes está pesando na hora de escolher onde morar. “As pessoas tendem a buscar ambientes que ofereçam possibilidades e alternativas de desenvolvimento e sobrevivência”, destaca o professor. E não é só a moradia que está sendo levando em conta quando o assunto é mobilidade. A escola dos filhos, práticas de lazer e até o restaurante para jantar estão sendo definidos pela distância e período que a pessoa pode perder no trânsito.

Construtoras de olho nesse mercado

Sem sombra de dúvida, os moradores da cidade de São Paulo são os que mais sofrem com o trânsito na América Latina. Uma pesquisa divulgada recentemente pela rede Nossa São Paulo, em parceria com o Ibope, destacou que as pessoas gastam, em média, 2h49min se locomovendo dentro da cidade. Ainda de acordo com a pesquisa, o paulistano vê o trânsito como o segundo maior problema da cidade, atrás apenas da saúde.

Por conta disso, o mercado imobiliário do centro de São Paulo e de bairros comerciais está ganhando cada vez mais prédios residências. Uma das empresas que identificaram o potencial desse mercado foi a Requadra Desenvolvimento Imobiliário, uma incorporadora especializada em lançar empreendimentos compactos na região central da cidade, com o objetivo, justamente, de diminuir a locomoção das pessoas e melhorar a qualidade de vida.

De acordo com Marcos França, diretor comercial da Requadra, “o trânsito, sem dúvida, é um dos principais motivos pela procura de apartamentos, já que afeta diretamente a qualidade de vida das pessoas que passam horas diariamente dentro do carro ou ônibus”. Para o diretor comercial, outro fator relevante é a possibilidade de se fazer muitas coisas a pé. “Quando o empreendimento tem uma localização privilegiada, a cidade está à sua porta, com muitas opções de serviços e lazer”, ressalta.

E a tendência de optar por moradias perto do trabalho deve crescer ainda mais nos próximos anos, acredita Alexandre Lafer Frankel, CEO da Vitacon Incorporadora. “A mobilidade urbana já é uma das questões mais importantes para o brasileiro. Só os paulistanos, hoje, gastam 30% do seu tempo útil presos nos engarrafamentos. E isso afeta também o tema da sustentabilidade, que vem sendo pauta importante entre as famílias paulistanas. Ao morar perto do trabalho, por exemplo, usa-se menos o carro, o que – consequentemente – diminuiu a poluição”, acredita Frankel.

Fonte: Administradores.com – O portal da administração

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