Conhecido nacionalmente, Jota Pedro Correa é Consultor do Programa de Segurança do Trânsito da Volvo do Brasil, e é a grande referência quando se fala em programas de Segurança de Trânsito.
No Blog do Trânsito de Cristina Aragón no dia 19/03/12, J. Pedro respondeu aos questionamentos.
BT) O número de mortos no trânsito no Brasil vem aumentando. Na sua opinião onde está o erro?
JP- Claramente na desimportância que o tema significa para os governos (qualquer nível) e mesmo para a própria sociedade. Não temos um plano nacional de redução de acidentes, não temos um Programa de Segurança no Trânsito, não temos sequer estrutura mínima nos órgãos federais, estaduais e municipais para tratar do tema. Quando muito temos, nas prefeituras, áreas de engenharia de tráfego (!!!) e de educação de trânsito mas que não formam uma equipe que trabalhe dentro de um plano de ação comum para reduzir a violência e as fatalidades. Para complicar a maioria absoluta das prefeituras e dos Estados (Detrans, especialmente) não divulga os números de mortos e feridos na cidade e, quando o faz usa os números mais baixos, geralmente da Polícia militar que faz o policiamento de trânsito e que usa os números de fatalidades ocorridos na hora e no local do acidente e (quase) nunca os números da própria Secretaria Municipal de Saúde que registro as mortes de acordo com os registros dos Atestados de Óbitos da cidade que geralmente são duas ou três vezes maiores. Por isso não surpreende que o número de mortos cresça: de verdade ninguém se interessa a não ser os familiares e eventualmente amigos mais próximos dos que morreram. Não conheço nenhuma cidade brasileira que tenha um programa claro de redução de vítimas fatais que revele seus números reais e que proponha um pacto com a sociedade de como reduzi-los.
BT) A cadeia é solução para os crimes de trânsito?
JP- Se cadeia fosse solução, o problema estaria resolvido há muito tempo. Todo mundo sabe que a raiz do problema está na (falta de) educação do nosso povo. Não temos nem educação nem cultura de segurança no trânsito, o que explica nosso comportamento desarvorado e inseguro no trânsito. A solução certamente passa pela inserção do tema trânsito no cotidiano da sociedade. Como se consegue isto? Investindo 10-20% do que desperdiçamos todos os anos pagando custos das centenas de milhares de acidentes por todo o País. A solução é conhecida há muito tempo mas não encontramos vontade política para organizar o processo.
BT) Como você avalia a eficácia da Lei Seca?
JP- Embora o nome não seja o mais correto, ela cumpriu bem a primeira etapa que era provocar um choque e enquadrar os que bebem e dirigem. Infelizmente, dentro de uma tônica bem brasileira, não damos continuidade às ações e, para valer, a Lei Seca ficou quase que só nas ações iniciais. O que vemos, hoje, é que a turma já viu que esta é mais uma lei que não pega e, simplesmente deixou para lá. Os bares, que haviam alugado carros/taxis para levar seus clientes em casa, pararam há muito tempo com esta prática. Enfim, para recuperar agora, será necessário um enorme esforço, muito maior que o inicial para repor as coisas no devido lugar. Ficou claro que a sociedade quer mas, como tudo no País, quando não há fiscalização, a coisa não funciona.
BT) Como o ensino universitário pode contribuir para um trânsito melhor?
JP- O Brasil só chegará ao primeiro mundo real pelo saber, pelo conhecimento, pela capacidade intelectual da sua gente. Se não gerarmos conhecimento efetivo, que nos ajude no enfrentamento dos grandes desafios brasileiros, sempre teremos dificuldades. O ensino universitário tem uma enorme contribuição a dar ao País em todos os campos e assim também será na área de trânsito. O que, de fato, observo é que este conhecimento não está sendo estimulado através de investimentos, pesquisa, formação de quadros que possam ajudar a gerenciar o complicado trânsito brasileiro. Imaginem que até hoje o País não possui um cento de estudos de trânsito, um instituto de pesquisa, uma boa escola de engenharia de tráfego, enfim, há um campo extraordinário a ser explorado para dominarmos efetivamente a realidade do nosso trânsito. A Universidade tem as respostas, mas é preciso saber buscá-las.
Fonte: Clipping do Pedrosa
Disponível em: http://www.labtrans.ufsc.br/projetoescola - Acesso em 21/03/2012
Concordo com o Jota Pedro, o que esta faltando mesmo é educação.
ResponderExcluirExatamente! Parabéns J.Pedro, falou a realidade dos fatos. Descanso do governo federal com a área. Cadê a aprovação do Projeto de Lei que inclui a disciplina de Educação de Trânsito nas escolas? Projeto de Lei 2742/2008 do Deputado Lázaro Botelho do Tocantins. Cito o meu caso por exemplo, hoje sou estudante do curso de Tecnologia em Segurança no Trânsito na Unisul Virtual, o Mec autorizou o curso entre fevereiro e maio/2010, achei que as universidades na ocasião fossem disponibilizar o curso, iniciei a procura pelo curso, pois sou apaixonado pela área, moro em Barueri/SP, há 25 minutos da Capital- não encontrei na modalidade presencial em nenhuma universidade. Minha única alternativa foi fazer à distância na Unisul.
ResponderExcluirPorém, à pergunta que deixo no ar é a seguinte: estou no 3 semestre do curso, e porque será que até agora as universidades de São Paulo e região ainda não disponibilizaram o curso autorizado pelo Mec? Temos curso de Pós-Gradução, por exemplo, Coordenado pelo Mestre Julyver do CEAT, mas não temos curso de graduação.
Abraços à todos, em especial a Prof. Irene Rios.
Pedro Junior - Barueri/SP
PEDRO JUNIOR COMO FAÇO PARA FAZER UMA ESPECIALIZAÇÃO NA AREA DE EDUCAÇÃO DE TRÂNSITO EAD, COMO VOCÊ FALOU NÃO É FÁCIL ENCONTRAR FACULDADES QUE TENHA ESSES CURSO AI NO SUL QUANTO MAIS AQUI NO NORDESTE.
ResponderExcluirGRATO
HÈLIO AVELINO
Olá Hélio, tudo bem? Fique atento aos cursos de Pós Gradução da UnisulVirtual, segundo o Professor/Coordenador do curso de gradução, Sr. José Onildo Truppel Filho, informou recentemente que a Unisul irá disponibilizar curso de especialização na área de trânsito. Porém é plano para futuro. Acesse o site da UnisulVirtual. Faça um cadastro na UnisulVirtual.
ExcluirAbraços. Pedro Junior - Barueri/SP