Segundo dados do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), a distração ao volante representa 8% dos acidentes de trânsito no Brasil. Para evitar as colisões laterais causadas por este motivo, foi desenvolvido na Escola Politécnica (Poli) um sistema de alerta anticolisão com o objetivo de avisar o motorista quando um veículo se aproxima pelo ponto-cego de seu veículo.
O sistema é fruto do mestrado do engenheiro Eduardo Bertoldi, que foi orientado pela professora Lucia Vilela Leite Filgueiras. O estudo Sistema anti-colisão de alerta ao motorista com o uso de estímulo auditivo e háptico levou três anos para ser concluído e utilizou games de corrida open-source (acesso aberto ao código-fonte) nas simulações e coletas de dados.
“Com o auxílio do jogo eletrônico medimos o tempo de reação média dos condutores. Percebemos que após a introdução do sistema de alertas o tempo de reação diminuiu, ou seja, os condutores reagiram mais rápido à possibilidade de acidente”, relata Bertoldi.
O sistema possui sensores instalados nas laterais do veículo e dois tipos diferentes de alarmes na parte interna do carro. De acordo com o engenheiro, os sensores laterais são capazes de identificar veículos a vinte metros de distância, em rota de colisão. Dessa forma, caso o sistema detecte uma situação de possibilidade de colisão, dois alarmes internos são acionados para estimular o motorista a evitar o choque: um bip com som tridimensional (3D) e um alerta vibratório situado no assento do motorista, próximo ao joelho.
Os alertas, situados em todo o interior do veículo, também diferenciam o lado da colisão e possui intensidades que variam de acordo com a iminência da batida. “Os alertas trabalham com sons graves e intensos e vibram em diferentes intensidades também. Tudo isso para que o motorista não precise processar muitas informações e possa reagir com a rapidez necessária para evitar o acidente ” descreve Bertoldi.
O pesquisador ressalta que o equipamento, de fácil instalação, pode ser acoplado ao sistema elétrico do carro e possui baixo custo. “O sistema funciona como um elemento opcional, que proporciona mais segurança para o motorista. É um aparelho muito próximo a um sensor de estacionamento e com um custo estimado inferior a R$100, 00, que pode ficar ainda mais barato com uma produção em grande escala”.
Testes e desenvolvimento
O desenvolvimento do sistema anticolisão foi dividido em duas etapas. A primeira contou com a participação de doze voluntários e avaliou o ambiente virtual de testes. Neste período, foram testados os estímulos visuais que o jogo virtual causava nos voluntários e suas reações típicas, na iminência do acidente.
“Verificamos que a reação mais comum aos motoristas é desviar bruscamente o volante quando estão próximos à colisão. Esta reação pode ser perigosa porque pode atingir veículos que se movimentam do outro lado”, diz o engenheiro.
Na segunda etapa de testes, foram medidas as reações aos alarmes. Com a participação de 23 pessoas, durante três dias de testes, o equipamento mostrou-se eficiente como alerta e obteve resultados satisfatórios no que diz respeito ao possível desconforto que poderia causar nos condutores e à incidência de ‘alarmes falsos’.
“Conseguimos evitar que os alarmes não assustassem ou causassem incômodo aos condutores e também reduzimos a incidência de erros do sistema”, afirma o pesquisador. Apesar de diminuir o número de colisões laterais causadas pelo ponto-cego ou pela distração dos motoristas, o protótipo ainda necessita de mais testes, com um número maior de pessoas, para ser otimizado e implementado no mercado.
Da Agência USP de Notícias
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