25 de set. de 2011

Carros são usados para transporte individual, aponta pesquisa do Ipea

trânsito sp (Foto: Nelson Antoine/Foto Arena/AE)

Instituto diz que tal comportamento no Brasil cresceu nos últimos 15 anos.

Estudo defende políticas para estimular o uso de bicicletas.

Trânsito em São Paulo
(Foto: Nelson Antoine/Foto Arena/AE)
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou nesta quinta-feira (22) o Comunicado nº 113 – Poluição veicular atmosférica, que apresenta um panorama sobre as emissões de poluentes atmosféricos veiculares no Brasil e analisa o programa de controle e mitigação dessas emissões. O estudo critica, espeificamente, o uso do carro para transporte individual, um hábito comum entre os brasileiros.

A divulgação integra a programação da Semana da Mobilidade que o Ipea organiza entre esta quarta-feira (21) e quinta-feira. As atividades fazem parte do movimento Dia Mundial Sem Carro. Entre as soluções apontadas para a problemática da poluição veicular está o incentivo do uso de transporte público e de veículos sem emissões, com destaque para as bicicletas.

De acordo com o Ipea, nos últimos 15 anos, o sistema de mobilidade urbana no Brasil se caracterizou pelo crescimento do transporte individual motorizado e consequente redução do uso do transporte coletivo. "Do ponto de vista da eficiência energética e ambiental, é uma tendência bastante preocupante", aponta o documento.

Enquanto a frota de automóveis cresceu 7% ao ano e a de motocicletas, 15%, o transporte público perdeu cerca de 30% da demanda no período. O Ipea contribui o aumento à expansão da indústria automobilística no país aliada ao aumento de renda da população, desde 2003, ampliou a base de consumidores dos veículos particulares.

Outro aspecto que estimula o uso individual de veículos automotores, segundo o Ipea, é o fato de que o uso de carros e motos pela população torna-se cada vez mais barato em relação ao custo de se utilizar o transporte público, aumentando a demanda sobre o sistema viário.

"A indústria automobilística representa entre 13% e 14% o Produto Interno Bruto do país. É gerador de emprego e renda. Não somos contra a indústria, mas temos que pensar em como trabalhar com o transporte público nas cidades, para as pessoas deixarem os carros para momentos de lazer", afirmou o secretário nacional de transportes do Ministério das Cidades, Luis Carlos Bueno, durante o evento.

Saúde pública
 
Ainda de acordo com o levantamento, 200 doenças estão associadas aos poluentes veiculares liberados na atmosfera, sendo o monóxido de carbono, o CO2, o mais prejudicial. "São Paulo tem 3 mil mortes por ano em função disso, segundo um estudo da USP", disse o técnico de planejamento e pesquisa do Ipea, Carlos Henrique Carvalho, durante a apresentação do comunicado.

Efeitos nocivos dos principais poluentes veiculares na atmosfera
Monóxido de carbono (CO)
Atua no sangue, reduzindo sua oxigenação, e pode causar morte após determinado período de exposição à determinada concentração.


Óxidos de nitrogênio (NOx)
É parte do "smog" fotoquímico e da chuva ácida. É um precursor do ozônio (O3), que causa e/ou piora problemas nas vias respiratórias humanas. Também provoca danos a lavouras.

Hidrocarbonetos - compostos orgânicos
voláteis (HC)


Combustíveis não queimados ou parcialmente queimados formam o “smog”, uma fumaça densa, e compostos cancerígenos. É um precursor do ozônio (O3).

Material particulado (MP)

Pode penetrar nas defesas do organismo, atingir os alvéolos pulmonares e causar irritações, asma, bronquite e câncer de pulmão. Degrada os imóveis próximos aos corredores de transporte.

Óxidos de enxofre (SOx)

Forma a chuva ácida e degrada vegetação e imóveis, além de provocar problemas de saúde.
 

"A intensidade dos ruídos e dos poluentes atmosféricos provoca danos sérios à saúde humana. No caso da poluição visual, os impactos geralmente estão associados à degradação e desvalorização do ambiente, com reflexos na economia local", afirma o estudo do Ipea.
 
Combustíveis renováveis 
Os veículos automotores produzidos, atualmente, poluem menos de 10% do que poluía um veículo similar na década de 1980, quando se trata de poluentes regulamentados pelo Proconve, programa do governo que exige a redução das emissões de forma gradativa por parte de investimentos tecnológicos da indústria automobilística.

Somado ao avanço tecnológico,o estudo mostra a vantagem brasileira pela aposta em combustíveis renováveis, como o etanol e o biodiesel. De acordo com o anuário da Agência Nacional do Petróleo, citado no estudo, atualmente, cerca de 50% é o mix de venda de álcool combustível e da gasolina C, em função da popularização dos carros flex.

"A introdução desse modelo de veículo diminuiu a desconfiança que o consumidor tinha em relação aos carros movidos a álcool provocada pelos desabastecimentos constantes do combustível", aponta o levantamento do Ipea.

A preocupação do estudo aponta para o saturamento futuro do sistema de transporte. De acordo com Carvalho, nos Estados Unidos há 70 carros para cada 100 habitantes. Por enquanto, no Brasil, essa relação é de 15 carros para cada 100 habitantes. No entanto, a previsão é de que o país chegue à marca norte-americana nos próximos anos. "Se hoje está ruim, no futuro estará muito pior. É preciso que o Brasil invista no sistema público de transporte e em infra-estrutura para bicicletas", ressalta o técnico do Ipea.

Compare as emissões de CO2 por tipo de veículo
Modalidade de emissão transporte Emissões ocupação
quilométricas (kg CO2/km)
Ocupação média veicular (pessoas) kg CO2/Passageiro km Índice de emissão (metrô = 1)
Metrô 3,16 900 0,0035 1,0
Ônibus 1,28 80 0,0160 4,6
Automóvel 0,19 1,50 0,1268 36,1
Motocicleta 0,07 1,00 0,0711 20,3
Caminhões 1,28 1,50 0,8533 243,0

Fonte: Ipea

http://g1.globo.com/carros/noticia/2011/09/carros-sao-usados-para-transporte-individual-aponta-pesquisa-do-ipea.html - Acesso em 25/09/2011

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