Por que
corre tanto o homem?
Nasce escravo do ponteiro, no tic-tac da vida.
Hora de acordar, de comer, da escola,
do dever ...
... Da partida.
Por que
estrada segue o homem?
No
corre-corre dos sonhos, já não vê outra saída.
Faculdade, bom
emprego, carro novo, amor perfeito ...
... Apartamento na avenida.
Em que rua
entra o homem?
Se
esconde em compromissos, atrás da vã felicidade.
Academia, reunião,
terapia, compras, facebook ...
... Ilusão da amizade.
Em que
esquina para o homem?
Não
tem mais o que procura, se entrega sem razão.
Dorme tarde, acorda cedo, come mal. Bebe, distrai ...
... Grito na contramão.
Já não corre
muito o homem?
Tanto
faz, não há roda, o que importa.
Amor se
foi,
memória apagou, emprego perdeu ...
... A casa está morta.
Já não corre
nada o homem?
Achou
sorte derradeira, sem medida, só lamento.
Atropela a própria vida,
bate e abre a ferida, luta contra a sua dor ...
... Na carona, o sofrimento.
Ana Maria de Andrade
Carioca, escritora e ilustradora, jornalista e professora especialista em Educação. Dedica-se à literatura desde 2003.
muito boa.
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