Não adianta só colocá-lo na cabeça: capacete ‘frouxo’ vai voar.
Na hora da compra, escolha um que pareça até menor do que sua cabeça.
Roberto Agresti
O capacete é de longe o mais evidente equipamento de segurança do motociclista e, no Brasil, seu uso é obrigatório. Porém, mais do que a lei, é o bom senso que deve fazer do uso de uma proteção para o crânio algo automático quando se monta em uma motocicleta, seja qual for seu tamanho, peso ou potência.
Porém, colocar um capacete na cabeça por si só não é suficiente para garantir que, em caso de acidente, danos físicos na região craniana sejam minimizados.
A primeira e mais importante regra diz respeito à fixação do capacete à sua cabeça, por meio da chamada cinta jugular. Esta cinta JAMAIS pode estar frouxa, devendo permanecer 100% em contato com a parte inferior de seu maxilar.
Incomoda? Pode ser, mas se a cinta jugular não estiver ajustada assim, a chance do capacete sair da sua cabeça e rolar como uma bola para longe de seu crânio em caso de impacto contra o solo ou outro obstáculo qualquer – acarretando consequências bem ruins – é líquida e certa.
Infelizmente, a consciência deste tipo de mau uso é pequena. Com um pouco de observação nota-se que uma expressiva parcela dos motociclistas anda com a cinta jugular frouxa ou, pior ainda, sem estar afivelada, vestindo o capacete como se fosse um boné. Isso por um suposto conforto ou a facilidade de tirar e colocar o capacete com rapidez.
No passado, fechos de capacete até podiam ser considerados chatinhos de operar, pois geralmente eram constituídos por duas argolas, onde a cinta deveria ser passada de forma relativamente lenta. Esse tipo de fecho, de argolas, é ainda considerado o mais seguro e por conta disso é usado em capacetes mais sofisticados. Porém, modelos de fecho simplificado, de engate rápido, estão cada vez mais populares e nem por isso são prejudiciais à segurança.
Outro fator importante para que um capacete cumpra sua função da melhor maneira possível é o ajuste à sua cabeça: capacete não pode ser folgado. Na hora da compra, deve-se escolher um que pareça até menor do que sua cabeça – sem exagero – considerando que, com pouco tempo de uso, a espuma da forração cederá o tanto necessário para que ele fique justo, confortável, mas jamais folgado.
Modelos de capacete fechados, também chamados de “integrais” são, por evidentes razões, mais seguros do que os capacetes abertos, que não têm proteção para o queixo. Todavia, em uma utilização urbana em baixas velocidades, em localidades quentes e sem vias expressas de trânsito rápido, os modelos abertos são plenamente adequados, cumprindo a função primordial de proteger o crânio.
Capacetes tanto abertos como fechados devem, por lei, ser equipados com viseira ou, na ausência dela, o motociclista precisa usar óculos de proteção, como os dos pilotos em competições fora-de-estrada, como enduro ou motocross.Viseira é essencial para proteger os olhos(Foto: Fábio Tito/G1)
Uma palavra final merece ser dita sobre a imensa variedade de tipos e marcas de capacetes nas lojas. Há preços muito diferentes entre si, o que pode causar certa confusão na mente de um motociclista iniciante. Será mesmo que um capacete caríssimo, que custa dez vezes ou mais do que outro é capaz de oferecer dez vezes mais proteção?
Como sempre, há de se usar o bom senso nesta hora: capacetes também têm grife, e as mais badaladas – geralmente marcas importadas, usadas pelos grandes campeões do motociclismo – são produtos caros por usarem alta tecnologia, matéria-prima sofisticadas e... têm taxas de importação absurdamente altas.
Felizmente, optar por um produto nacional não implicará abrir mão de segurança ou mesmo qualidade construtiva. Há uma rígida norma aplicada à fabricação e comercialização dos capacetes no Brasil, assim como há boas marcas de capacetes nacionais. Marcas internacionais famosas, de olho em nosso grande mercado, também se estabeleceram no país com linhas de montagem, visando maior competitividade e barateamento de custos, e seguindo o mesmo padrão estabelecido em seus países de origem.
Assim, a orientação mais adequada é optar pelo equilíbrio, valorizando a relação custo-benefício que combine com seu bolso, gosto, e necessidade prática. Mas o principal você já sabe: usar sempre, e bem afivelado.
Há quem pense que a lei que obriga o uso do capacete é uma violência contra o livre arbítrio, uma intromissão excessiva no direito individual das pessoas. Segundo essa vertente de raciocínio, ao optar por não usar o equipamento o motociclista não prejudicará a ninguém senão a ele mesmo e, portanto, cada um deveria ser livre para decidir se proteger ou não.
Nos Estados Unidos, cada estado pode legislar sobre este tema individualmente. Isso faz com que na Califórnia, Flórida e Wisconsin, entre outros estados, seja possível pilotar motos sem capacete. Na França, país radicalmente motociclista, os “motards” não podem exercer a “liberté” de circular sem o equipamento, e o mesmo ocorre em praticamente todos os países onde a cultura do uso da motocicleta faz parte do dia a dia da maioria da população.
Exemplos disso são a Grã-Bretanha, Itália, Alemanha e Espanha, onde o uso obrigatório do capacete não está mais em discussão, com a evidente eficácia do acessório superando belos princípios acerca da liberdade individual, mas que não trazem nenhuma contrapartida positiva de ordem prática.
Fonte: http://g1.globo.com/carros/dicas-de-motos/noticia/2014/01/capacete-para-moto-nao-e-bone-saiba-como-usa-lo-corretamente.html - Acesso em 01/02/2014.
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