26 de jun. de 2012

Apresentado na OPAS/OMS no Brasil Estudo sobre comportamentos e atitudes no trânsito em cinco capitais brasileiras

Organização Pan-Americana de Saúde
Instituto de Pesquisa apresentou, em 27 de abril de 2012, resultados de um inquérito acerca do perfil e de atitudes de usuários das vias públicas nas cidades que compõem do Projeto RS-10/Vida no Trânsito.

O Projeto “RS-10/Vida no Trânsito”, que visa a  redução das mortes e lesões graves no trânsito, previu entre suas ações o suporte a campanhas preventivas. Para tanto,encomendouum estudo quantitativo junto a usuários das vias publicas das cinco capitais que compõem o Projeto (Belo Horizonte, MG; Campo Grande, MS; Curitiba, PR; Palmas, TO e Teresina, Pi) com questões que visaram conhecer as atitudes de motoristas, motociclistas e pedestres acerca de fatores de risco “direção após ingestão de bebida alcoólica” e “velocidade excessiva/inadequada”, bem como sobre as políticas públicas voltadas à segurança viária.

O estudo teve por objetivo subsidiar o desenvolvimento de campanhas, de modo a e laborar e endereçar  mensagens de modo eficaz. O trabalho identificou aspectos como hábitos, opiniões, percepções e níveis de concordância da população acerca de fatores de risco no trânsito, conhecimento da legislação e hábitos de mídia. O conjunto de resultados trazidos serão, agora, devidamente analisados e ponderados para seu uso efetivo para as ações preventivas a que se propõem.   
   
Entre os resultados obtidos no estudos, tem-se que:  

1. Os incidentes e mortes no trânsito são o 2o tema que mais gerou preocupação entre os entrevistados, comparativamente a temas como criminalidade; poluição; padrões de e saúde; corrupção; congestionamentos e  desemprego;

2. Três fatores de risco: dirigir após ingerir bebidas alcoólicas; dirigir após consumir drogas ilícitas e dirigir acima dos limites de velocidade foram considerados importantes como causas dos acidentes e mortes no trânsito por, 93%, 92% e 86% dos participantes respectivamente; 

3.  A maioria dos entrevistados concordam com as afirmativas de que dirigir embriagado é crime (88%); dirigir após ingerir uma dose de bebida pode causar acidentes de trânsito (63%) e dirigir 25 ou 30Km/h acima da velocidade permitida pode causar acidentes de trânsito (81%). Contudo, cai para 62% a proporção dos concordam que dirigir 5 ou 10 Km/h acima da velocidade permitida podem causar acidentes de trânsito.

4. Para 92%, as autoridades deveriam se empenhar em melhorar a qualidade das vias urbanas; 83% afirmam que os motoristas deveriam ter um melhor treinamento/qualificação; 90% pensam que penalização por dirigir após consumir bebidas alcoólicas deveria ser mais rigorosa  e 81% pensam que penalização por excesso de velocidade deveria ser mais rigorosa.  

5. Outros fatores de risco também são considerados importantes em todas as capitais: uso do celular ao dirigir (82%); Má formação/qualificação dos condutores (80%); Más condições das vias (79%); stress dos condutores (78%); má condição do veículo (76%); dirigir cansado (75%) e mirigir após tomar medicamentos (75%). 

6. As consequências de um incidente de trânsito  que mais preocupam os entrevistados são tirar a vida de outras pessoas (98%); ter sequelas permanentes (98%); ser preso em casos de acidentes causados por excesso de velocidade ou embriaguez ao volante (85%). Outras preocupações, em menor escala, são: ser punido com multa/perda de pontos na carteira (76%) e Ter prejuízos financeiros (71%).

7. Considerando a percepção da eficiência das ações implantadas pelo governo para inibir os acidentes de trânsito relacionados a consumo de álcool e velocidade (lei seca e sinalização/placas sobre velocidade), somente 31% as consideram como “totalmente eficiente”;

8.  Os entrevistados acreditam que os condutores dirigem após beber e não respeitam os limites de velocidade por que, em suma, não têm consciência da possibilidade de ocorrência e consequências dos acidentes, e têm clara percepção da impunidade em relação às infrações. É baixa a percepção da probabilidade de um condutor de veículo motorizado ser pego no teste de teor alcoólico “bafômetro”(22%) ou ser multado (32%), ainda que haja, por parte de 60% dos entrevistados, consciência sobre a probabilidade do condutor se envolver em um acidente de trânsito quando alcoolizado

10. Entre os entrevistados que dirigem veículo motorizado, 14% confirmam que dirigiram após consumir bebida alcoólica nos últimos 12 meses, e justificam este comportamento alegando principalmente que: não tem outros meios de transporte para voltar para casa (43%); já tem o hábito de beber e dirigir (16%); vê amigos/parentes conduzindo veículos após terem ingerido bebida alcoólica (8%); havia ingerido baixa quantidade de álcool (8%); por assumida Irresponsabilidade/inconsequência dos seus atos (8%).

11. Do mesmo modo, 31% dos entrevistados também confirmam que excederam o limite de velocidade permitido nos últimos 12 meses, e justificam este comportamento alegando principalmente que:  estão sempre com pressa de chegar ao seu destino (25%);  por distração/falta de atenção (17%); consideram-se habilidoso(a)s (15%); o trânsito estava livre (8%); por falta de fiscalização (8%); e porque sabiam que não tinha chance de ser pego pela polícia (7%).  

12. Os motociclistas são apontados como os maiores causadores de acidentes de trânsito, tanto para os pedestres, quanto para os motoristas e inclusive para os próprios condutores/passageiros de motocicletas.

13. Os entrevistados pensam que, para inibir o comportamento inadequado da população frente aos fatores de risco é preciso, principalmente haver conscientização dos condutores do risco que correm; punição por meio da cassação da carteira de habilitação, multas, prisão dentre outras. Referiram também a aumento/intensificação da fiscalização através de blitz, bafômetro e radares. Mencionaram, por fim, haver a necessidade de aplicação das leis existentes ou a criação de leis mais rígidas. 

A investigação realizada foi feita por meio de um estudo quantitativo transversal, que envolveu uma coleta de dados por meio de entrevistas telefônicas CATI (Computer-Assisted Telephone Interview), utilizando questionários semiestruturados, com a inclusão de perguntas abertas exploratórias. A amostra de 2.000 entrevistas  foi obtida a partir de uma sub amostra dos respondentes da pesquisa VIGITEL 2011.

O Sistema VIGITEL – Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico é uma ação da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, e tem por objetivo monitorar a frequência e a distribuição de fatores de risco e proteção para agravos e doenças crônicas não transmissíveis nas capitais dos 26 estados brasileiros e no DF, por meio de entrevistas telefônicas realizadas em amostras probabilísticas da população adulta residente em domicílios servidos por linhas fixas de telefone em cada cidade.

O Projeto “Vida no Trânsito”, no âmbito do qual o estudo foi demando, é a denominação, no Brasil, do Projeto Road Safety in Ten Countries (“RS-10”), voltado à redução das mortes e lesões causadas no trânsito em 10 países, com o financiamento da Fundação Bloomberg e coordenação global da Organização Mundial de Saúde (OMS) e suas agências regionais.

No Brasil, o Projeto é desenvolvido em cinco capitais: Belo Horizonte-MG; Campo Grande-MS; Curitiba-PR; Palmas-TO e Teresina-PI, e conta, além do suporte da Organização Pan-americana de Saúde (OPAS/OMS no Brasil), com a Coordenação e aporte técnico e financeiro do Ministério da Saúde e o apoio técnico da Global Road Safety Partnership nas ações de capacitação das equipes técnicas das cidades. A John Hopkins University, junto a universidades brasileiras UFRGS, UFMG e PUC-PR  promove a avaliação externa do Projeto no País.
 

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