Em busca de alternativa ao
transporte público precário e os grandes congestionamentos, muitos
brasileiros encontram as motos como opção barata e eficaz. De acordo
com o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), as vendas de motos
aumentaram 11% no ano passado, enquanto a comercialização de caminhões e
carros cresceu 7%. A alta de acidentes também acompanha a chegada de
mais motocicletas às ruas, a frota brasileira já é de 15,7 milhões,
como informou o Jornal Nacional nesta semana.
“As motos vêm se destacando no quadro de acidentes. A maioria são
homens e jovens com menos de 35 anos, que usam a moto como meio de
transporte. A motocicleta é um veículo que está propenso a um acidente
mais grave”, disse Julia Greve, coordenadora do HC em Movimento –
Programa de prevenção de acidentes do Hospital das Clínicas, durante o
3º Workshop Abraciclo, promovido pela Associação Brasileira dos
Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas e Bicicletas nesta
sexta-feira (18).
O tema desta edição foi a “Década Mundial de Segurança no Trânsito” e
contou com a presença de políticos, membros de ONGs e órgãos públicos.
A Abraciclo informa que cerca de metade das 2 milhões de motos
vendidas em 2011 foram compradas por pessoas que não queriam mais
utilizar o transporte público ou carros. “É recomendado que o
motociclista utilize equipamentos, como capacetes, luvas e jaquetas,
mas o mais importante é a educação, o modo como o indivíduo vai
aprender a utilizar a moto”, disse Marcelo Rosa Rezende, membro da
sociedade brasileira de Ortopedia e Traumatologia.
Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo (CET), em
2011, as mortes de motociclistas aumentaram 7,1% na cidade. No mesmo
período, o número de pedestres mortos caiu 2,1% e o de
motoristas/passageiros baixou 6,5%.
Raio-x dos acidentes
Mesmo com os números preocupantes de acidentes com motociclistas,
ainda não há informações concretas sobre quem são os causadores dos
acidentes. “Eu acho que não existe acidentes de motos, existem acidentes
de trânsito em que as motos estão envolvidas. E as motos se envolvem
mais, porque vemos mais vítimas. Quando dois carros batem, apenas amassa
o para-choque, já na moto, o para-choque do motociclista é ele mesmo”,
explicou Júlia Greve.
“Não é o tamanho da frota que é a causa. Na Europa, o número de motos
é maior e não possuem tantos acidentes como aqui. Queremos estudar
quais são as reais causas dos acidentes”, disse Julia Greve. O estudo
está em andamento por meio de uma parceria entre a Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), a Companhia de
Engenharia de Tráfego de São Paulo e a Abraciclo. A expectativa é que a
pesquisa seja concluído em cinco meses.
Melhorar o sistema de habilitação do motociclista e aumento da fiscalização
Entre as autoridades presentes no Workshop foi unânime a opinião de que a fiscalização no trânsito necessita ser mais rígida e o processo para a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) para motos está em má situação. “Tudo depende da formação. Há uma má formação deste futuro condutor. Os acidentes destes veículos estão relacionados ao comportamento deste condutor “, disse Magnelson Carlos de Souza, presidente da Federação Nacional das Auto Escolas.
Entre as deficiências da atual formação de motociclista está a falta
de padronização das aulas e o pouco preparo dos instrutores. “Ainda há
muito há avançar, a qualidade dos instrutores para a formação de
motociclistas está ruim em nível nacional. Hoje os motociclistas são
preparados para passar no exame e não andar nas ruas”, acrescentou
Souza.
Para completar os pontos que necessitam de avanço, os especialistas
indicam que deve haver um respeito mútuo entre os veículos.“O maior tem
de zelar pela segurança do menor, mas infelizmente não é respeitado. No
Brasil, o maior é que tem o espaço. Cada um tem de se colocar no lugar
do outro, assim o trânsito ficará melhor”, afirmou Luis Carlos
Teixeira Reis, instrutor do Serviço Social de Transporte e Serviço
Nacional de Aprendizagem do Transporte (SEST/SENAT).
FONTE: Auto Esporte
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Defendo essa mesma tese. Parabéns Irene.
ResponderExcluirFui instrutora por mais de 10 anos e te digo que sempre achei um absurdo as aulas de moto serem em locais fechados, não há vivência de trânsito - pelo menos aqui no Rio. Tive alguns alunos que conversando e mostrando a realidade eles desistiram, pois a realidade era bem diferente do que eles pensavam. É necessário sim mudar a forma de instrução para a obtenção da CNH. Porém por outro lado é necessário instruir os outros motoristas que somos um veículo com os mesmos direitos e deveres na pista.
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